Tecnologia Educacional |
Crianças, adolescentes ou adultos ? Notícia disponibilizada no Portal www.cmconsultoria.com.br às 09:53 hs. |
11/10/2013 - Foi-se o tempo em que as crianças jogavam bola, pulavam corda, amarelinha, pega-pega, esconde-esconde, brincavam de bonecas. Os videogames existiam, mas os minutos gastos com os jogos nunca superavam o chamado de um amigo. Nos dias atuais, os hábitos mudaram e o universo tecnológico chegou para ficar, em substituição aos velhos moldes da infância.
Entre a bola com os amigos e brincar no computador, Guilherme Mello, de 6 anos, prefere a segunda opção. “Meu jogo preferido é o Mario, eu mesmo aperto um botão e ele já aparece”. A costureira Marli Araújo, mãe do pequeno ‘Gui’, destaca que o filho gosta muito de videogames, computadores e se mostra interessado nos celulares das irmãs mais velhas desde os três anos. “O Gui sabe até mais que eu quando o assunto é tecnologia. Se eu deixar, ele fica o dia inteiro, mas o máximo que brinca, por conta das aulas, é cerca de uma hora e meia. Às vezes, no computador, ele chega a ficar mais tempo”. Marli afirma que observa e regula o tempo que o filho passa com este tipo de entretenimento. “Gosto que ele brinque com outras crianças e sinto que os hábitos antigos fazem falta hoje em dia, mas também reconheço que os jogos atuais deixam as crianças mais espertas”, avalia. “Estou sempre vendo o que ele joga e não deixo que se apegue aos mais violentos e ele também não gosta muito”, diz a mãe. Menino “high tech” O engenheiro Newton Abreu, pai de Bernardo Rezende, aposta no estabelecimento de regras para que o filho aproveite as brincadeiras sem deixar os estudos de lado. “Existe uma disciplina que ele segue desde pequeno, e é seguida à risca”, enfatiza. O menino de 10 anos tem os pais separados, embora haja um convívio afetivo com ambos, e as delimitações de tempo são feitas de maneira consensual. “A coisa acontece de maneira quase instantânea, ele mal percebe”, diz o pai. Tudo isso porque Bernardo é um garoto high tech, superconectado às novas tecnologias. “Tenho um iPod, um Nintendo Wii, PSP e vou ganhar um XBox”, afirma o menino, ao listar seus brinquedos. Ele conta que até gosta de jogar bola com os amigos durante o dia, mas à noite prefere outros modos de entretenimento, como as redes sociais. “Tenho um perfil no Facebook desde o ano passado e acesso do meu iPod”, comenta. Nos videogames, Bernardo destaca os jogos de futebol e luta como seus prediletos, para os quais convida os amigos para competições em sua casa. Uma mocinha vaidosa Luiza Poroca sempre foi uma garota muito vaidosa, desde seus quatro anos ela gostava muito de maquiagem, por influência de sua madrinha, que comprava cremes e kits para ela. Desde então se interessa pelo assunto. Luiza também se inspirava em atrizes que faziam comerciais de televisão. E com as festinhas juninas da escola e apresentações no balé, ela começou a usar maquiagem todo dia. A menina, de apenas nove anos, tem todo apoio da mãe, a jornalista Daniele Mendonça, porém com algumas ressalvas. “Eu não a proíbo de usar maquiagem, eu costumo dizer a ela que em uma festa, aniversário de amiga, uma ocasião especial eu deixo ela se maquiar, mas no dia a dia eu converso com ela e não deixo e ela me entende.” Daniele, já ouviu comentários de outras mães sobre sua filha ser muito nova para usar maquiagem; em parte ela concorda, mas afirma que elas conversam muito e que a Luiza entende que não é em todo lugar que se pode ir maquiada. Apesar da pouca idade, Luiza pensa em um dia trabalhar como estilista e maquiadora de modelos; uma de suas preferidas é a atriz Sophia Abraão. “Eu sempre vejo o blog dela, que tem muitas dicas de maquiagem e moda, às vezes eu uso algumas dicas. Eu gosto muito de tutoriais de maquiagem na internet, quando vejo um que eu gosto eu sempre experimento”, comenta. Ela e suas amigas do colégio criaram o clube “Chique e Maravilhosa”, pelo qual se reúnem toda sexta-feira pra discutir dicas de moda e maquiagem, que elas veem em revistas teens. “No começo eu estava meio indecisa se criava o grupo ou não, mas vi uma dica em uma revista e chamei minhas amigas e elas adoram minhas maquiagens, e pedem para eu fazer nelas também”. Apesar de Luiza ser antenada aos assuntos de beleza e moda, sua mãe tem a impressão de que não passa de uma fase dela, e que daqui a um tempo ela encontrará outra mania. “Essa fase de maquiagem, tutorial, moda e blogs acho que é porque ele convive nesse universo já que trabalho com isso então acho que essa aproximação também serviu de inspiração para ela começar com isso. Mas ela será vaidosa a vida inteira”, conclui Daniele. Psicologia Tanta tecnologia, informação e novidade também influi na mudança de comportamento das crianças, que hoje se portam como miniadultos. Segundo a psicóloga Ana Paula Miessi, idealizadora do blog “Peque-niños”, essa mudança pode ser atribuída a diversos fatores. “A questão maior está na imposição da mídia. Há 10, 20 anos não havia essa imposição tão grande. Hoje se tem muito acesso a televisão, computador e isso é muito forte na educação das crianças. Antigamente eram os livros, a rádio e um pouco de televisão, dependendo da época. A criança está muito ligada desde pequena ao consumismo, nas propagandas de televisão, nos brinquedos, e para a menina a imagem estética dela é cada vez mais forte. E a diferença mesmo é a mídia, o jeito pelo qual a informação chega”, explica. A infância está de fato ficando mais curta, e cada vez mais cedo essas crianças acabam por ser adolescentes. “Tudo está mais precoce. Lembro que li uma pesquisa que está tudo muito rápido até organicamente. Antigamente, na época de nossos pais, eles nasciam com o olho fechadinho e ficavam alguns dias assim. Hoje os bebês saem da barriga da mãe com o olho aberto, atentos a tudo, e a questão motora está mais rápida, cognitivamente e intelectualmente. Então tem algo muito difícil de explicar. Mas existe também uma adultilização, cada vez mais cedo estão deixando de ser crianças, resultado da mídia e até dos pais que não têm consciência disso”, afirma a especialista, que cita o caso da Inglaterra, em que virou febre um sutiã com bojo para meninas de seis anos. “Isso faz com que cresçam antes do tempo, e a brincadeira é tirada muito antes”. Este amadurecimento precoce é prejudicial porque faz com que a o desenvolvimento seja interrompido ao pular fases. “Quando a gente pula uma fase, se perde na próxima. Tudo é um caminho para amadurecer. Se você vai pulando e encavalando uma fase na outra, provavelmente na idade adulta vai ter algumas questões como insegurança”, finaliza. Pedagogia A opinião de Ana Paula Miessi é compartilhada pela pedagoga Cris Poli, formada em Educação pelo Instituto Nacional Superior del Profesorado en Lenguas Vivas Juan Ramón Fernandez, de Buenos Aires (Argentina), e apresentadora do programa televisivo Supernanny. Para ela, o fator determinante para o comportamento adulto e o amadurecimento precoce nas crianças é toda a influência que se tem atualmente por meio de programas televisivos, filmes, internet, videogame, e todo o conteúdo que entra na casa das famílias. “Tudo isso hoje faz parte do dia a dia das crianças, e influencia especialmente na maneira de pensar, de falar e de se portar”, afirma Cris. “Hoje é preciso estar bem preparado para conversar com uma criança, porque elas dialogam muito bem e com vocabulário apropriado”, continua. Para ela, é imprescindível que os pais sejam os controladores de tudo que a criança tem acesso. “Se os pais cederem a tudo que a ela deseja, essa atitude acaba sem fim. Os pais como responsável pela educação dos filhos tem dizer que o é bom ou não, diante da filosofia de vida deles”, afirma. Como especialista, Cris orienta que o acesso aos produtos tecnológicos como celulares, computadores, tablets entre outros, seja a partir dos 10 anos, no início da pré-adolescência. “Se os equipamentos são de uso comum na família, tudo bem, mas comprar esses produtos para uso exclusivo e de propriedade da criança não é correto”. Já no caso de crianças, especialmente de meninas, que tendem a absorver as tendências de moda e de maquiagem como mulheres adultas, a especialista faz um alerta. “A criança apenas brincar é ótimo, porque trabalha a criatividade, mas os pais estimular a criança a se tornarem famosas por meio de post na internet, ensinar como fazer, porque ficam populares, não é adequado porque é muito difícil ensinar a criança a lidar com a fama ”, contextualiza. A educadora explica ainda que dentre os principais problemas de um amadurecimento precoce está a falta de maturidade emocional. “Com o tempo, ela pode não saber lidar com frustrações que possa a ter no futuro. É importante preservar a criança na sua identidade infantil, porque quando ela amadurece mais rápido, queima etapas, e ao chegar na fase adulta não viveu etapas fundamentais para o ser humano”, explica. Para os pais que se sentem inseguros ao negar algum pedido do filho, Cris é categórica em afirmar que essa atitude, além evitar o amadurecimento precoce da criança, vai ajuda-la a lidar com o futuro de forma mais sábia. “A criança sempre vai fazer de tudo para conseguir o que quer, isso é normal do ser humano, cabe aos pais dizer não. O ‘não’ não traz traumas nem frustrações, mas ensina a criança a lidar com as frustrações que ainda vai ter ao longo da sua vida”, conclui. |
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sexta-feira, 11 de outubro de 2013
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