sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Gestão Educacional
Empreendedores e necessidade de educação empreendedora em medicina e saúde 
Notícia disponibilizada no Portal www.cmconsultoria.com.br às 09:08 hs.
11/10/2013 - Qual de nós nunca pôs os pés numa clínica de exames laboratoriais ou de outros tipos de diagnóstico? Ou que nunca foi a um hospital público ou privado?

Ou a uma clínica de fisioterapia? Ou, menos usual: quem já viu uma cooperativa de serviços psicológicos ou outros profissionais paramédicos?

Parece-me que no panteão de empreendedores cultuados pela mídia, nem sempre eles aparecem.

E, mesmo que empreendam em suas respectivas formações profissionais, provavelmente nada tenham tido de preparação para o lado empresarial de suas carreiras.

Tanto é que há um livro de 2011 intitulado "Empreendedores Esquecidos", que se trata de um guia para auxiliar estes profissionais liberais a gerir sua faceta empresarial.

Esta carência está sendo notada. Tanto é que a Associação Médica da Brasília ofereceu, no primeiro semestre deste ano, um programa de empreendedorismo e gestão para seus associados médicos e os que gerem clínicas e consultórios.

Mas, a despeito da falta de formação, no Linkedin há pelo menos um grupo que se auto refere como médicos empreendedores que, provavelmente, se fizeram na raça.

De fato, na carreira médica (por extensão, nas paramédicas) existem chances destes profissionais enveredarem pelo autoemprego. Mesmo que sejam empregados (públicos ou privados), em parte de seu tempo prestam serviços em seus próprios consultórios ou compartilham clínicas.

E aí, surge a necessidade de lidar com aspectos de negócio: conquista, manutenção e crescimento da clientela, interface com convênios, receita, custos fixos e variáveis, fluxo de caixa, recibos, impostos, resultado líquido, contabilidade, funcionários etc.

Poucos saberão, de fato, avaliar quão bem está indo suas práticas e a relação custo-benefício de atender, por exemplo, clientes de planos de saúde.

Entretanto, já há profissionais que movidos por bons motivos, resolveram tirar os intermediários entre eles e a clientela de menor poder aquisitivo.

Identificaram a oportunidade de receber à vista (ou em duas vezes) o mesmo que receberiam dos convênios, sem a defasagem no tempo, sem ter que preencher tantos formulários e sem a pressão de "produtividade".

Assim, podem oferecer melhor qualidade de atendimento.

Descobriram que esta clientela tem como pagá-los e que valorizam a humanização e o pronto atendimento.

Pois é, o empreendedor médico do Dr. Consulta tem se surpreendido com o crescimento acelerado da clínica. E, percebe a oportunidade de replicar o modelo em outros bairros periféricos do município de São Paulo.

Certamente está se defrontando com a necessidade de aprofundar suas competências empreendedoras no sentido de definir um modelo que permita a escalabilidade e sustentabilidade do negócio.

São muitos os aspectos a analisar e decidir desde fornecedores, renovação ou não de equipamentos, fundo de reserva, gestão, motivação e retenção da equipe.

Outros médicos foram pioneiros e desbravaram caminhos e soluções empreendedoras, na raça!

Exemplo: depois de ter sido presidente do Sindicato Médico de Santos, SP, e de ter buscado conhecimento com quem, na época conhecia sobre cooperativismo, Edmundo Castilho fundou em 1967, com 22 médicos, a União dos Médicos de Santos que embrionou todo o sistema Unimed no país.

O modelo de cooperativa de trabalho era completamente inovador e tiveram que lidar com muitos obstáculos. Mas gerou muito interesse e foi replicado em diversas cidades e estados e alcançou o que se conhece hoje.

Outro médico decisivo para a fundação de um dos hospitais brasileiros de maior destaque no tratamento de câncer foi o Dr. Paulo Prata. Na década de 60, percebendo o aumento de demanda de pacientes de câncer, propôs a fundação de um hospital em Barretos. Recebe da municipalidade o terreno.

Uma equipe pequena de médicos se envolve e viabiliza o grande sonho de oferecer um tratamento personalizado, de qualidade. Sonho que, em 1989, é continuado por Henrique Prata, que envolve os fazendeiros da região para construir um novo pavilhão inaugurado em 1991, como ambulatório.

Com envolvimento da iniciativa privada, artistas e investimentos públicos o Hospital de Câncer de Barretos.

Então: é mais do que tempo para que as diferentes instituições destas áreas de saúde ajudem os seus alunos a se prepararem para a trajetória empreendedora que vão percorrer.

Do mesmo modo que estes profissionais são formados para minimizar o sofrimento, eles próprios poderão ser ajudados a sofrer menos e a ter mais sucesso com o aspecto empresarial e empreendedor de suas carreiras. E, todos serão beneficiados!

Colunista Rose Mary Lopes

Professora e coordenadora do núcleo de empreendedorismo da ESPM

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