Diretor
É preciso refletir sobre os objetivos antes de buscar meios de realizá-los
Mais que se preocupar com a forma de execução de projetos, o gestor deve pensar na finalidade do trabalho que realiza
Em minhas reflexões e escritos, tenho buscado a companhia de um escritor "inventador" da melhor qualidade: o arte-educador Francisco Marques, o Chico dos Bonecos. Em seu livro Muitos Dedos: Enredos, num conto que se chama Receitas e Moldes, Chico nos conta: "Minha vó e minha mãe sempre labutaram na culinária e na costura. Duas criativas e irreverentes costureira e cozinheira. Cresci entre gigantescas folhas de moldes e grossos cadernos de receitas. Apesar de tantas receitas e moldes, vovó e mamãe sempre foram de inventar moda, alterar ingredientes, inverter os cortes, desmanchar, desconfiar, descobrir".
Estou buscando aqui a companhia de Chico para propor uma reflexão sobre as receitas que os gestores podem buscar para o trabalho na escola. Com frequência, ouvimos dizer que para esse assunto não há prescrições e que o que vale para uma instituição de ensino pode não ser bom para outra, em função da especificidade de cada uma delas. Essas afirmações fazem sentido, sobretudo, porque uma situação nunca é igual à outra.
Entretanto, muitas vezes, diante de um cenário problemático ou desafiador, recorremos à pergunta: como fazer? Intimamente, gostaríamos de ter à mão uma receita que nos ajudasse a enfrentar momentos difíceis. Antes, porém, é preciso levantar outra questão: para que fazer? É ela que nos faz buscar a finalidade e o sentido da ação - que leva ao terreno da ética e serve de fundamento para o "como", este voltado para o caráter técnico. O filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900) dizia que, para quem tem um "para quê", o "como" é menos problemático. Se os educadores têm clareza de seus objetivos, eles podem buscar meios de realizá-los de maneira competente.
Para que serve o trabalho da escola? A resposta tem um caráter puramente ético: é para construir a cidadania e o bem comum. Entender o significado dessa construção permitirá organizar um currículo, definindo conteúdos e métodos e formas de avaliar os processos de ensino e de aprendizagem.
Uma vez respondida essa pergunta, é hora de voltar ao "como". E aí, sim, pensar em utilizar receitas - elas não são más quando, de fato, servem de auxílio. É sempre válido recorrer a experiências bem-sucedidas que funcionem como modelo para a administração da escola, ainda que sejam modificadas e ajustadas a gostos e necessidades particulares. Lembrando, contudo, que não é possível fazer bolo de cenoura sem cenoura. É o que chamamos de ingrediente básico. Os gestores necessitam identificar o essencial para o trabalho na escola e aproveitar criativamente as receitas que encontram. E até inventar outras baseando-se nelas, o que comumente acontece.
Como diz Chico dos Bonecos: "As palavras molde e receita não possuem, no meu jeito de respirar, nenhuma relação com as faltas - falta de criatividade, falta de liberdade, falta de ar. Para mim, receita e molde são - na culinária, na costura, na escola, na vida - pontos de partida, linhas de largada, convites para a invenção e a irreverência".
Quem sabe, aceitando esses convites, os gestores não consigam mais facilmente trocar receitas, partilhar vivências e saberes e trazer mais sabor e beleza às tarefas do cotidiano escolar? Se os educadores têm clareza de seus objetivos, eles podem buscar meios de realizá-los de maneira competente.
Estou buscando aqui a companhia de Chico para propor uma reflexão sobre as receitas que os gestores podem buscar para o trabalho na escola. Com frequência, ouvimos dizer que para esse assunto não há prescrições e que o que vale para uma instituição de ensino pode não ser bom para outra, em função da especificidade de cada uma delas. Essas afirmações fazem sentido, sobretudo, porque uma situação nunca é igual à outra.
Entretanto, muitas vezes, diante de um cenário problemático ou desafiador, recorremos à pergunta: como fazer? Intimamente, gostaríamos de ter à mão uma receita que nos ajudasse a enfrentar momentos difíceis. Antes, porém, é preciso levantar outra questão: para que fazer? É ela que nos faz buscar a finalidade e o sentido da ação - que leva ao terreno da ética e serve de fundamento para o "como", este voltado para o caráter técnico. O filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900) dizia que, para quem tem um "para quê", o "como" é menos problemático. Se os educadores têm clareza de seus objetivos, eles podem buscar meios de realizá-los de maneira competente.
Para que serve o trabalho da escola? A resposta tem um caráter puramente ético: é para construir a cidadania e o bem comum. Entender o significado dessa construção permitirá organizar um currículo, definindo conteúdos e métodos e formas de avaliar os processos de ensino e de aprendizagem.
Uma vez respondida essa pergunta, é hora de voltar ao "como". E aí, sim, pensar em utilizar receitas - elas não são más quando, de fato, servem de auxílio. É sempre válido recorrer a experiências bem-sucedidas que funcionem como modelo para a administração da escola, ainda que sejam modificadas e ajustadas a gostos e necessidades particulares. Lembrando, contudo, que não é possível fazer bolo de cenoura sem cenoura. É o que chamamos de ingrediente básico. Os gestores necessitam identificar o essencial para o trabalho na escola e aproveitar criativamente as receitas que encontram. E até inventar outras baseando-se nelas, o que comumente acontece.
Como diz Chico dos Bonecos: "As palavras molde e receita não possuem, no meu jeito de respirar, nenhuma relação com as faltas - falta de criatividade, falta de liberdade, falta de ar. Para mim, receita e molde são - na culinária, na costura, na escola, na vida - pontos de partida, linhas de largada, convites para a invenção e a irreverência".
Quem sabe, aceitando esses convites, os gestores não consigam mais facilmente trocar receitas, partilhar vivências e saberes e trazer mais sabor e beleza às tarefas do cotidiano escolar? Se os educadores têm clareza de seus objetivos, eles podem buscar meios de realizá-los de maneira competente.
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