sexta-feira, 11 de julho de 2014


Transição do Fundamental 1 para o 2: como ajudar os alunos?

É importante promover uma conversa com os alunos para explicar as mudanças que ocorrem com a passagem de ciclo. (Foto: Marcos Rosa)
Já ouvi relatos de alunos da EJA contando que têm receio de “passar de ano”. Reparei que isso é mais frequente entre os alunos que logo farão a transição entre etapas: do Fundamental 1 para o 2 , ou mesmo do Fundamental 2 para o Ensino Médio. Muito dessa hesitação pode ser encarada como receio das mudanças que acontecem nessas transições.
Muitas transformações ocorrem nessa passagem do Fundamental 1 para o 2. A principal, sem dúvida, é o aumento do número de professores: em vez de um professor de sala, que ocupa a maior parte do tempo, passam a ter vários professores, que dividem os horários na turma.
Do ponto de vista do aluno, aquele professor que era a referência, para quem ele poderia dirigir todas as perguntas, procurar orientações para suas dúvidas (muitas vezes até relativas a questões de fora da escola), não existe mais. Em geral, os alunos buscam substituir essa referência por outra, mas esse processo pode ser demorado e imprevisível, já que cada aluno pode escolher uma pessoa diferente da equipe.
Essa é uma questão sobretudo afetiva e muito importante. Por se tratar de jovens e adultos pode-se pensar que os alunos seriam capazes de se encaixar naturalmente na nova realidade. Isso muitas vezes não acontece e a equipe de profissionais da escola precisa estar atenta. Nesse sentido, professores, coordenadores e diretores que atuam nessas etapas de transição devem colocar-se à disposição para conversar com os alunos sobre suas dificuldades e estranhamentos em relação à nova etapa.
Do ponto de vista dos procedimentos, o maior problema está na organização. No Fundamental 2 aparecem as matérias de Geografia, História e Ciências, que já existiam antes, mas que agora estão separadas formalmente. Alguns alunos podem demorar a se adaptar a essas divisões. É muito comum, por exemplo, que os estudantes façam anotações no caderno sem dividi-las por disciplina, anotando na sequência a que assistem em determinado dia: se têm aulas de Ciências e depois uma de História, essa é a sequência em que anotam no caderno; não separam por matérias (o que é de Ciências no caderno de Ciências; o que é de História, na parte de História).
É preciso orientá-los quanto a esse aspecto e verificar se, de fato, seus cadernos estão refletindo a divisão das matérias e as sequências das aulas. O mesmo vale para a organização de folhas avulsas, de separação de material em casa para vir à escola (checando quais são as aulas de cada dia no horário) etc. Para muitos alunos, em especial aqueles que chegaram recentemente à escola, nada disso é trivial. Portanto, é importante que um dos focos do trabalho do 5º ano esteja sobre esse tipo de procedimento: organizar os cadernos e o material avulso, organizar-se em relação ao horário.
Outra estratégia para tornar essas transições mais tranquilas é promover atividades que reúnam duas turmas de níveis diferentes (por exemplo, turmas do Fundamental 1 e 2). Os alunos, ao verem as produções e o desempenho dos colegas de séries mais adiantadas geralmente se tranquilizam por terem uma ideia do que vem adiante. Percebem que os trabalhos não são absolutamente perfeitos, que os que já avançaram para a próxima etapa também tiveram que enfrentar desafios… E notam que os colegas não são tão diferentes e sabidos como eles pensavam. Perceber essa semelhança ajuda a tirar o receio dos alunos!

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