sexta-feira, 30 de agosto de 2013

HISTÓRIA - CULTURA AFRO-BRASILEIRA

O que nos une também nos explica: o ensino da história e cultura afro-brasileira
 Estudantes e livros didáticos muitas vezes trazem visões estereotipadas sobre a história dos países e dos povos africanos. Desafio para os professores é investir na própria formação e criar ações que apresentem aos alunos novos elementos para as reflexões sobre o tema
1. Ensino sobre o tema enfrenta visões estereotipadas
Juliano Custódio Sobrinho, professor do curso de História da Universidade Nove Julho (Uninove)
"Daí a ênfase que dou (...) não propriamente à análise de métodos e técnicas em si mesmos, mas ao caráter político da educação, de que decorre a impossibilidade de sua neutralidade." (Paulo Freire)

Em 2012, durante os dias em que me dediquei como selecionador a ler projetos enviados por professores para concorrerem ao Prêmio Victor Civita, recebi um email de um ex-aluno da faculdade em que leciono relatando a dificuldade de ensinar os assuntos ligados à história africana e cultura afro-brasileira na escola em que trabalha. Segundo ele, seus alunos apresentavam uma visão muito negativa da figura do afrodescendente e dos elementos desse antepassado que se somaram à história do Brasil ao longo do tempo.
Palavras usadas por seus alunos expunham visões estereotipadas sobre o passado escravista e o período pós-abolição. Mais do que isso, a preocupação daquele professor estava em entender por que muitos recursos utilizados em sala de aula, como o próprio livro didático, corroboravam a perspectiva apresentada por esses alunos.Ao tentar verificar se seus alunos conseguiam conectar a história do continente africano com a história do Brasil, o professor se frustrou ainda mais. Ele percebeu que os alunos vislumbravam uma África sem diversidades econômicas, sociais e culturais. Um território empobrecido, caótico e contaminado pelas mazelas humanas e pelo vírus da Aids.As informações difundidas nos meios de comunicação e pelo senso comum pareciam ter causado grande efeito na cabeça daqueles alunos e criado a percepção de que nada de positivo poderia ser extraído de um continente fadado à miséria. Parecia difícil que surgissem do debate com eles noções sobre a diversidade dos povos africanos. Mais do que isso, eles não conseguiam perceber que nem todas as nações africanas hoje se consomem em miséria e em conflitos civis e étnicos.Qualquer tentativa de aproximação entre o passado africano com a nossa história - e aquilo que nos une enquanto povos que em alguns momentos históricos entrecruzaram suas trajetórias - parecia não fazer sentido para os estudantes.
2. Professores são desafiados a ampliar a própria formação
O desafio de ensinar que também somos frutos desses elementos étnico-culturais, que contribuíram de várias maneiras para a formação da sociedade brasileira, não era tarefa fácil. Era preciso criar estratégias para o direcionamento da ação docente e que essas pudessem promover a reconstrução e a ressignificação de conceitos, contextos e métodos que auxiliassem na narrativa do professor.O meu ex-aluno, hoje professor, estava no caminho certo, já que conhecia o problema e sabia da necessidade de ampliar a sua própria formação. Por mais qualificados que possamos ser, há situações na sala de aula que, nos dias de hoje, colocam ao professor o papel de evocar saberes múltiplos e estratégicos, que muitas vezes não podem se limitar ao conhecimento adquirido durante a sua graduação.O desafio estava lançado e aquela conversa havia me deixado intrigado. No exato momento em que recebi aquele email, estava vivendo a grande experiência de conhecer um pouco sobre a realidade do ensino de História no país por meio da leitura dos projetos inscritos no Prêmio da Fundação Victor Civita Educador Nota 10. Para minha surpresa, do montante de projetos recebidos para a edição do prêmio em 2012, a temática mais abordada estava ligada à história africana e à história e cultura afro-brasileira.Passei a refletir sobre a formação destinada ao professorado acerca deste tema e como ele vem sendo colocado na aprendizagem dos alunos hoje. Se olhasse para a minha trajetória escolar, e de alguns colegas de profissão (e acredito que alguns leitores também se identificarão com o que vou dizer), perceberia que os conteúdos históricos sobre a escravidão negra e sobre a pós-abolição também estavam recheados de estereótipos.
3. Conhecimento sobre história se renova e ensino acompanha essas mudanças
Nas últimas décadas, a historiografia vem apresentando uma série de novos trabalhos que procuraram renovar a percepção sobre a escravidão negra e nossa sociedade ao longo da história. A forma de enxergar a participação do escravo nas ações e práticas cotidianas também foi repensada.Uma abordagem sobre a escravidão que considera simplesmente a violência física e a opressão sobre os escravos - e que não os observa enquanto sujeitos que procuraram vencer o cativeiro, provocando outras ações além de fugas e agressões a seus senhores - já não é mais recomendada para o ensino na escola.O conhecimento histórico não é imutável e pode ser revisto à medida que o campo científico avança. Nós professores de História precisamos refletir constantemente sobre a nossa formação e os saberes docentes que reunimos para realizar o trabalho em sala de aula. Por isso, a formação contínua é uma condição necessária e primordial em nossa carreira. Ela nos oferece novos saberes e metodologias para o desafio da sala de aula. Um saber acadêmico atualizado e uma transposição didática adequada constituem princípios básicos que o professor não pode dispensar.
4. Novas visões sobre as relações étnico-raciais no Brasil
Quando falamos da escravidão negra na história do Brasil, estamos nos referindo a mais de 300 anos de instituição escravista arraigada em nosso passado, que nos apresentam consequências socioeconômicas ainda marcantes na contemporaneidade. A abolição da escravidão, em 13 de maio de 1888, não significou o fim das práticas escravistas.Moldamos uma sociedade desigual que não promoveu verdadeiramente a inserção dos egressos do cativeiro nos setores sociais. Fomos educados a acreditar no conceito de democracia racial, presente na obra Casa-grande & Senzala, de Gilberto Freyre, e essa percepção sobre nossa formação social não nos fez enxergar a realidade.Contudo, as reflexões sobre as relações étnico-raciais no Brasil, a formação da identidade brasileira e o papel do afrodescendente na história nacional produziram mudanças importantes nas diretrizes curriculares. Em 9 de janeiro de 2003, a Lei 10.639/03 tornou obrigatório o ensino da história africana e da cultura afro-brasileira no currículo brasileiro, em especial nas disciplinas de Arte, Literatura e História.A sociedade brasileira é marcada por uma história de racismo e segregação. Nossas normas jurídicas nunca institucionalizaram um sistema de "apartheid", mas as ações discriminatórias são praticadas há muito tempo. Isso pode ser comprovado quando consultamos os índices atuais de escolaridade, de renda ou de empregabilidade.A criação da Lei 10.639/03 representou a conquista de anos de reivindicações dos movimentos negros no Brasil. Ela se consolidou como uma frente de combate ao racismo e às desigualdades sociais, assumida pelo próprio Estado.A lei nos provoca a repensar a maneira como ensinamos a história brasileira e redimensionar o olhar sobre o passado. Não podemos mais ensinar os conteúdos de história do Brasil simplesmente interligados com a história do continente europeu, em especial a história de Portugal a partir de sua expansão marítima, nos séculos 15 e 16. Um novo olhar sobre o passado nos faz entender que ensinar história do Brasil significa abordar a história do continente africano. Isso sem falarmos da história e cultura indígena que também precisa ser incluída nessa reflexão sobre o que é ensinar história hoje.
5. Questões para um ensino de História mais reflexivo e provocador
Gostaria de propor algumas outras questões que podem potencializar os trabalhos em sala de aula com esta temática:
  • Os conteúdos sobre escravidão e a pós-abolição estão presentes em vários momentos e em quase todos os anos letivos da Educação Básica, segundo os parâmetros curriculares. Escolha um desses tópicos para desenvolver projetos sobre essa temática;
  • Não é necessário estudar todo o conteúdo sobre escravidão, por exemplo, para introduzir um projeto. Trabalhe com temas bem recortados e aproveite esse assunto para dar o ponto de partida no desenvolvimento de suas ideias;
  • É sempre importante que o conteúdo estudado possa responder a questionamentos presentes na realidade dos alunos. Esta é uma grande oportunidade para produzir um diálogo entre o passado histórico e o presente com os alunos. A inclusão da história e cultura afro-brasileira também reafirma a necessidade de intervenções estatais na promoção de políticas afirmativas. É possível apresentar à turma o porquê de estudos sobre a escravidão ou a pós-abolição;
  • Provocar os alunos, no sentido de conscientizá-los acerca da temática, pode levá-los a redimensionar seu olhar sobre o passado histórico. Contudo, para que isso aconteça, é necessário que de fato ele estude esse período. Não existe uma conscientização efetiva sem aquisição de conhecimento específico no tema. Processos de leitura e interpretação, escrita de textos, discussões em sala e formulações argumentativas embasadas nos estudos científicos são etapas fundamentais a serem ensinadas para a turma nesse momento;
  • Outra questão importante é fazê-los refletir que, independente de nossas características fenotípicas (principalmente a cor da pele), somos frutos de uma sociedade miscigenada e que devemos nos reconhecer enquanto parte das heranças não só genéticas, mas também culturais de nossos antepassados africanos. O elemento aglutinador, que emana da participação africana na história e na sociedade brasileiras, não está somente no outro, mas também em mim.
Recomendo aos professores interessados que procurem boas referências de estudo ou busquem cursos que possam oferecer espaços de aprendizado sobre esse grande tema.
Precisamos possamos promover um ensino de História reflexivo e provocador, que leve nossos alunos a se verem como seres atuantes nesse processo. Acredito que, ao nos reposicionarmos diante dos conteúdos ligados à história africana e/ou à história e cultura afro-brasileira, podemos contribuir para a formação de sujeitos históricos transformadores de suas realidades.
Quer saber mais?
ABREU, Martha; SOIHET, Rachel; GONTIJO, Rebeca. Cultura política e leituras do passado: historiografia e ensino de História. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007.

CHALHOUB, Sidney. Visões da liberdade. Uma história das últimas décadas da escravidão na Corte. 5ªed. SP: Companhia das Letras, 2003.

CIAMPI, Helenice. O professor de História e a produção dos saberes escolares: o lugar da memória. In: FERREIRA, Antonio; BEZERRA, Holien; LUCA, Tania de. O historiador e seu tempo. São Paulo: Unesp, 2008.pp.203-222.

FREYRE, Gilberto. Casa-grande & senzala. São Paulo: Global, 2004.

GOMES, Nilma Lino. Alguns termos e conceitos presentes no debate sobre relações raciais no Brasil: uma breve discussão. In: BRASIL, Educação anti-racista: caminhos abertos pela Lei Federal nº 10.639/03. Brasília: MEC/SECAD, 2005. p.39-62.

GRINBERG, Keila. Liberata - a lei da ambiguidade. As ações de liberdade da Corte de Apelação do Rio de Janeiro no século XIX.RJ: Relume-Dumará, 1994.

LARA, Silvia. Campos de violência: escravos e senhores na capitania do Rio de Janeiro, 1750-1808. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988.

MACHADO, Maria Helena P.T. Crime e escravidão: trabalho, luta e resistência nas lavouras paulistas.1830-1888. São Paulo: Brasiliense, 1987.

MATTOS, Hebe Maria. Das Cores do Silêncio: os Significados da Liberdade do Sudeste Escravista, Brasil, Século XIX. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1998.

MATTOS, Regiane. História e Cultura Afro-brasileira. São Paulo: Contexto, 2011.

MONTEIRO, Ana Maria. Professores de História: entre saberes e práticas. RJ: Mauad X, 2007.

OLIVEIRA, Luiz. História da África e dos Africanos na escola. Desafios políticos, epistemológicos e identitários para a formação dos professores de História. Rio de Janeiro: Imperial Novo Milênio, 2012. (Especialmente o capítulo 2).

REIS, João José & SILVA, Eduardo. Negociação e conflito: a resistência escrava no Brasil. SP: Companhia das Letras,1989.

ROCHA, Helenice; MAGALHÃES, Marcelo; GONTIJO, Rebeca. A escrita da história escolar. Memória e historiografia. Rio de Janeiro: FGV, 2009.

SLENES, Robert. "Lares negros, olhares brancos: história da família escrava no século XIX". Revista Brasileira de História, v.8, nº16, 1988.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

IMPORTÂNCIA DA LEITURA.

A importância da leitura em sala de aula para a fluência leitora
Ler por ler é atividade para se fazer na escola. Cada vez mais, professores têm valorizado as práticas de leitura em sala de aula. Atividades variadas favorecem a fluência leitora e a compreensão dos textos
Valquiria Pereira (novaescola@atleitor.com.br)

 Sarau e leitura dramática são boas atividades para trabalhar a fluência

São raros os projetos didáticos em que a leitura é considerada produto final
Há atividades que propiciam a fluência leitora e que merecem espaço na escola: o sarau poético ou literário, o teatro lido ou a leitura dramática de textos e a leitura para gravação de CD. Estas atividades devem estar vinculadas a projetos ou sequências didáticas para seu desenvolvimento.
Ainda são raros os projetos didáticos cujo produto final seja somente uma atividade de leitura. É comum vermos projetos que envolvem leitura, mas o produto é sempre uma produção escrita. E esse é outro ponto importante a ser abordado: nem toda proposta de leitura precisa envolver uma proposta de escrita. Ler por ler é também atividade da escola e ler para apresentar a outras pessoas é um grande desafio.
Há práticas recorrentes de desenhos após a leitura - sejam de trechos que o aluno mais gostou, de personagens da história, de cenários ou do desfecho -, além de questões para serem respondidas a título de "interpretação do texto". As práticas de leitura se tornam chatas, sem sentido para os alunos, que preferem não ler por terem que cumprir uma tarefa posterior.
Dentre as atividades que favorecem o trabalho com fluência leitora, o sarau envolve a escolha dos textos e a preparação da apresentação, considerando um público externo. Pode contar com música de fundo, apresentações de vários grupos ou pessoas em horários alternados, e deve considerar um único gênero - por exemplo, sarau de poesias ou de contos.
A leitura dramática - também chamada de teatro lido - é a leitura em voz alta de uma obra teatral para o público e exige interpretação por meio de expressões faciais, gestos e entonação. A leitura dramática pode contar com uma direção (como em uma peça teatral), trilha sonora, figurino e até mesmo cenário ou alguns objetos de cena. Pode também ser uma leitura sem outros recursos além das falas dos personagens, marcadas por pessoas diferentes ou diferentes vozes. Os alunos podem estar sentados ou em pé, um ao lado do outro.
Outra proposta é a leitura de contos para a gravação de um CD a ser entregue para outra turma ou a uma instituição. Os alunos selecionam os textos de acordo com seus ouvintes, ensaiam a leitura e leem para a gravação, o que requer muitas idas e vindas. Gravam, ouvem, corrigem e gravam novamente, atentos ao tom de voz e às entonações dadas, podendo haver músicas de fundo ou sons de efeito.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

OS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA 5

Os desafios da Educação inclusiva: foco nas redes de apoio
Para fazer a inclusão de verdade e garantir a aprendizagem de todos os alunos na escola regular é preciso fortalecer a formação dos professores e criar uma boa rede de apoio entre alunos, docentes, gestores escolares, famílias e profissionais de saúde que atendem as crianças com Necessidades Educacionais Especiais
5. Como formar redes de apoio à Educação inclusiva
Matheus Santana da Silva, aluno autista, com seu pai na biblioteca da escola.
Os sistemas de apoio começam na própria escola, na equipe e na gestão escolar. O aluno com necessidades especiais não é visto como responsabilidade unicamente do professor, mas de todos os participantes do processo educacional. A direção e a coordenação pedagógica devem organizar momentos para que os professores possam manifestar suas dúvidas e angústias. Ao legitimar as necessidades dos docentes, a equipe gestora pode organizar espaços para o acompanhamento dos alunos; compartilhar entre a equipe os relatos das condições de aprendizagens, das situações da sala de aula e discutir estratégias ou possibilidades para o enfrentamento dos desafios. Essas ações produzem assuntos para estudo e pesquisa que colaboram para a formação continuada dos educadores.
A família compõe a rede de apoio como a instituição primeira e significativamente importante para a escolarização dos alunos. É a fonte de informações para o professor sobre as necessidades específicas da criança. É essencial que se estabeleça uma relação de confiança e cooperação entre a escola e a família, pois esse vínculo favorecerá o desenvolvimento da criança.
Profissionais da área de saúde que trabalham com o aluno, como fisioterapeutas, psicopedagogos, psicólogos, fonoaudiólogos ou médicos, também compõem a rede. Esses profissionais poderão esclarecer as necessidades de crianças e jovens e sugerir, ao professor, alternativas para o atendimento dessas necessidades.
Na perspectiva da Educação inclusiva, os apoios centrais reúnem os serviços da Educação especial e o Atendimento Educacional Especializado (AEE). São esses os novos recursos que precisam ser incorporados à escola. O aluno tem direito de frequentar o AEE no período oposto às aulas. O sistema público tem organizado salas multifuncionais ou salas de apoio, na própria escola ou em instituições conveniadas, com o objetivo de oferecer recursos de acessibilidade e estratégias para eliminar as barreiras, favorecendo a plena participação social e o desenvolvimento da aprendizagem.
Art. 1º. Para a implementação do Decreto no 6.571/2008, os sistemas de ensino devem matricular os alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação nas classes comuns do ensino regular e no Atendimento Educacional Especializado (AEE), ofertado em salas de recursos multifuncionais ou em centros de Atendimento Educacional Especializado da rede pública ou de instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos; Art. 2º. O AEE tem como função complementar ou suplementar a formação do aluno por meio da disponibilização de serviços, recursos de acessibilidade e estratégias que eliminem as barreiras para sua plena participação na sociedade e desenvolvimento de sua aprendizagem; Parágrafo Único. Para fins destas Diretrizes, consideram-se recursos de acessibilidade na Educação aqueles que asseguram condições de acesso ao currículo dos alunos com deficiência ou mobilidade reduzida, promovendo a utilização dos materiais didáticos e pedagógicos, dos espaços, dos mobiliários e equipamentos, dos sistemas de comunicação e informação, dos transportes e dos demais serviços. (CNB/CNE, 2009).
Ainda que não apresente números consideráveis, a inclusão tem sido incorporada e revela ações que podem ser consideradas práticas para apoiar o professor. Ter um segundo professor na sala de aula, é um exemplo, seja presente durante todas as aulas ou em alguns momentos, nas mais diversas modalidades: intérprete, apoio, monitor ou auxiliar. Esse professor poderá possuir formação específica, básica ou poderá ser um estagiário. A participação do professor do AEE poderá ocorrer na elaboração do planejamento e no suporte quanto à compreensão das condições de aprendizagem dos alunos, como forma de auxiliar a equipe pedagógica.
Outra atividade evidenciada pela prática inclusiva para favorecer o educador é a adoção da práxis - no ensino, nas interações, no espaço e no tempo - que relacione os diferentes conteúdos às diversas atividades presentes no trabalho pedagógico. São esses procedimentos que irão promover aos alunos a possibilidade de reorganização do conhecimento, à medida que são respeitados os diferentes estilos e ritmos de aprendizagem.
Vale ressaltar que a Educação inclusiva, como prática em construção, está em fase de implementação. São muitos os desafios a serem enfrentados, mas as iniciativas e as alternativas realizadas pelos educadores são fundamentais. As experiências, agora, centralizam os esforços para além da convivência, para as possibilidades de participação e de aprendizagem efetiva de todos os alunos.
Sobre a especialista

Daniela Alonso é educadora, consultora de projetos educacionais, selecionadora do Prêmio Educador Nota 10, psicopedagoga, especialista em Educação Inclusiva.

OS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA 4

Os desafios da Educação inclusiva: foco nas redes de apoio
Para fazer a inclusão de verdade e garantir a aprendizagem de todos os alunos na escola regular é preciso fortalecer a formação dos professores e criar uma boa rede de apoio entre alunos, docentes, gestores escolares, famílias e profissionais de saúde que atendem as crianças com Necessidades Educacionais Especiais
4. Flexibilização e adaptação curricular em favor da aprendizagem
Benjamin Saidon, aluno com síndrome de Down da Nova Escola Judaica Bialik Renascença, em São Paulo.
Para estruturar as flexibilizações na escola inclusiva é preciso que se reflita sobre os possíveis ajustes relativos à organização didática. Qualquer adaptação não poderá constituir um plano paralelo, segregado ou excludente. As flexibilizações e/ou adequações da prática pedagógica deverão estar a serviço de uma única premissa: diferenciar os meios para igualar os direitos, principalmente o direito à participação, ao convívio.
O desafio, agora, é avançar para uma maior valorização da diversidade sem ignorar o comum entre os seres humanos. Destacar muito o que nos diferencia pode conduzir à intolerância, à exclusão ou a posturas fundamentalistas que limitem o desenvolvimento das pessoas e das sociedades, ou, que justifiquem, por exemplo, a elaboração de currículos paralelos para as diferentes culturas, ou para pessoas com necessidades educacionais especiais. (BLANCO, 2009).
Além disso, para que o projeto inclusivo seja colocado em ação, há necessidade de uma atitude positiva e disponibilidade do professor para que ele possa criar uma atmosfera acolhedora na classe. A sala de aula afirma ou nega o sucesso ou a eficácia da inclusão escolar, mas isso não quer dizer que a responsabilidade seja só do professor. O professor não pode estar sozinho, deverá ter uma rede de apoio, na escola e fora dela, para viabilizar o processo inclusivo.

Para crianças com necessidades educacionais especiais uma rede contínua de apoio deveria ser providenciada, com variação desde a ajuda mínima na classe regular até programas adicionais de apoio à aprendizagem dentro da escola e expandindo, conforme necessário, à provisão de assistência dada por professores especializados e pessoal de apoio externo. (Declaração de Salamanca, 1994).

OS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA 3

Os desafios da Educação inclusiva: foco nas redes de apoio
Para fazer a inclusão de verdade e garantir a aprendizagem de todos os alunos na escola regular é preciso fortalecer a formação dos professores e criar uma boa rede de apoio entre alunos, docentes, gestores escolares, famílias e profissionais de saúde que atendem as crianças com Necessidades Educacionais Especiais

3. O que significa ter um projeto pedagógico inclusivo?

Marilda Dutra, professora de Geografia, e Marcia Maisa Leite Buss, intérprete de libras, da EE Nossa Senhora da Conceição, e seus alunos.
As barreiras que podem impedir o acesso de alguns alunos ao ensino e à convivência estão relacionadas a diversos componentes e dimensões da escolarização. Ocorrem, também, impedimentos na ação dos educadores. Vejamos os principais pontos revelados na experiência com educadores no exercício da Educação inclusiva, para todos.
Educadores reconhecem, cada vez mais, a diversidade humana e as diferenças individuais que compõem seu grupo de alunos e se deparam com a urgência de transformar o sistema educacional e garantir um ensino de qualidade para todos os estudantes. Não basta que a escola receba a matrícula de alunos com necessidades educacionais especiais, é preciso que ofereça condições para a operacionalização desse projeto pedagógico inclusivo. A inclusão deve garantir a todas as crianças e jovens o acesso à aprendizagem por meio de todas as possibilidades de desenvolvimento que a escolarização oferece.
As mudanças são imprescindíveis, dentre elas a reestruturação física, com a eliminação das barreiras arquitetônicas; a introdução de recursos e de tecnologias assistivas; a oferta de profissionais do ensino especial, ainda em número insuficiente. Além da compreensão e incorporação desses serviços na escola regular são necessárias alternativas relativas à organização, ao planejamento e à avaliação do ensino.
http://revistaescola.abril.com.br/css/img/conteudo-relacionado-texto.png
·         Leia tudo sobre inclusão
·         Leia tudo sobre planejamento

Outro ponto importante refere-se à formação dos professores para a inclusão. A transformação de paradigma na Educação exige professores preparados para a nova prática, de modo que possam atender também às necessidades do ensino inclusivo. O saber está sendo construído à medida que as experiências vão acumulando-se e as práticas anteriores vão sendo transformadas. Por isso, a formação continuada tem um papel fundamental na prática profissional.

A inclusão de pessoas com necessidades especiais faz parte do paradigma de uma sociedade democrática, comprometida com o respeito aos cidadãos e à cidadania. Esse paradigma, na escola, apresenta-se no projeto pedagógico que norteará sua ação, explicitará sua política educacional, seu compromisso com a formação dos alunos, assim como, com ações que favoreçam a inclusão social.
É o projeto pedagógico que orienta as atividades escolares revelando a concepção da escola e as intenções da equipe de educadores. Com base no projeto pedagógico a escola organiza seu trabalho; garante apoio administrativo, técnico e científico às necessidades da Educação inclusiva; planeja suas ações; possibilita a existência de propostas curriculares diversificadas e abertas; flexibiliza seu funcionamento; atende à diversidade do alunado; estabelece redes de apoio, que proporcionam a ação de profissionais especializados, para favorecer o processo educacional.

É na sala de aula que acontece a concretização do projeto pedagógico - elaborado nos diversos níveis do sistema educacional. Vários fatores podem influenciar a dinâmica da sala de aula e a eficácia do processo de ensino e aprendizagem. Planejamentos que contemplem regulações organizativas diversas, com possibilidades de adequações ou flexibilizações têm sido uma das alternativas mais discutidas como opção para o rompimento com estratégias e práticas limitadas e limitantes.

OS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA 2.

Os desafios da Educação inclusiva: foco nas redes de apoio
Para fazer a inclusão de verdade e garantir a aprendizagem de todos os alunos na escola regular é preciso fortalecer a formação dos professores e criar uma boa rede de apoio entre alunos, docentes, gestores escolares, famílias e profissionais de saúde que atendem as crianças com Necessidades Educacionais Especiais

2. O que o Plano Nacional de Educação diz sobre a Educação inclusiva

Isac Oliveira Souza aprendendo ler na lousa braile, na sala de recursos da EE Dom Jayme de Barros.
No Brasil, a regulamentação mais recente que norteia a organização do sistema educacional é oPlano Nacional de Educação (PNE 2011-2020). Esse documento, entre outras metas e propostas inclusivas, estabelece a nova função da Educação especial como modalidade de ensino que perpassa todos os segmentos da escolarização (da Educação Infantil ao ensino superior); realiza o atendimento educacional especializado (AEE); disponibiliza os serviços e recursos próprios do AEE e orienta os alunos e seus professores quanto à sua utilização nas turmas comuns do ensino regular.
O PNE considera público alvo da Educação especial na perspectiva da Educação inclusiva, educandos com deficiência (intelectual, física, auditiva, visual e múltipla), transtorno global do desenvolvimento (TGD) e altas habilidades.
Se o aluno apresentar necessidade específica, decorrente de suas características ou condições, poderá requerer, além dos princípios comuns da Educação na diversidade, recursos diferenciados identificados como necessidades educacionais especiais (NEE). O estudante poderá beneficiar-se dos apoios de caráter especializado, como o ensino de linguagens e códigos específicos de comunicação e sinalização, no caso da deficiência visual e auditiva; mediação para o desenvolvimento de estratégias de pensamento, no caso da deficiência intelectual; adaptações do material e do ambiente físico, no caso da deficiência física; estratégias diferenciadas para adaptação e regulação do comportamento, no caso do transtorno global; ampliação dos recursos educacionais e/ou aceleração de conteúdos para altas habilidades.
A Educação inclusiva tem sido um caminho importante para abranger a diversidade mediante a construção de uma escola que ofereça uma proposta ao grupo (como um todo) ao mesmo tempo em que atenda às necessidades de cada um, principalmente àqueles que correm risco de exclusão em termos de aprendizagem e participação na sala de aula.

Além de ser um direito, a Educação inclusiva é uma resposta inteligente às demandas do mundo contemporâneo. Incentiva uma pedagogia não homogeneizadora e desenvolve competências interpessoais. A sala de aula deveria espelhar a diversidade humana, não escondê-la. Claro que isso gera novas tensões e conflitos, mas também estimula as habilidades morais para a convivência democrática. O resultado final, desfocado pela miopia de alguns, é uma Educação melhor para todos. (MENDES, 2012).

OS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA 1.

Os desafios da Educação inclusiva: foco nas redes de apoio.
Para fazer a inclusão de verdade e garantir a aprendizagem de todos os alunos na escola regular é preciso fortalecer a formação dos professores e criar uma boa rede de apoio entre alunos, docentes, gestores escolares, famílias e profissionais de saúde que atendem as crianças com Necessidades Educacionais Especiais
1. Inclusão no Brasil e Educação especial na escola regular
João Guilherme dos Santos, aluno com deficiência física, com seus colegas da Unidade Integrada Alberico Silva, em São Luís.

Daniela Alonso, especialista em Educação Inclusiva e selecionadora do Prêmio Victor Civita Educador Nota 10
O esforço pela inclusão social e escolar de pessoas com necessidades especiais no Brasil é a resposta para uma situação que perpetuava a segregação dessas pessoas e cerceava o seu pleno desenvolvimento. Até o início do século 21, o sistema educacional brasileiro abrigava dois tipos de serviços: a escola regular e a escola especial- ou o aluno frequentava uma, ou a outra. Na última década, nosso sistema escolar modificou-se com a proposta inclusiva e um único tipo de escola foi adotado: a regular, que acolhe todos os alunos, apresenta meios e recursos adequados e oferece apoio àqueles que encontram barreiras para a aprendizagem.
Educação inclusiva compreende a Educação especial dentro da escola regular e transforma a escola em um espaço para todos. Ela favorece a diversidade na medida em que considera que todos os alunos podem ter necessidades especiais em algum momento de sua vida escolar.
Há, entretanto, necessidades que interferem de maneira significativa no processo de aprendizagem e que exigem uma atitude educativa específica da escola como, por exemplo, a utilização de recursos e apoio especializados para garantir a aprendizagem de todos os alunos.
A Educação é um direito de todos e deve ser orientada no sentido do pleno desenvolvimento e do fortalecimento da personalidade. O respeito aos direitos e liberdades humanas, primeiro passo para a construção da cidadania, deve ser incentivado.
Educação inclusiva, portanto, significa educar todas as crianças em um mesmo contexto escolar. A opção por este tipo de Educação não significa negar as dificuldades dos estudantes. Pelo contrário. Com a inclusão, as diferenças não são vistas como problemas, mas comodiversidade. É essa variedade, a partir da realidade social, que pode ampliar a visão de mundo e desenvolver oportunidades de convivência a todas as crianças.
Preservar a diversidade apresentada na escola, encontrada na realidade social, representa oportunidade para o atendimento das necessidades educacionais com ênfase nas competências, capacidades e potencialidades do educando.

Ao refletir sobre a abrangência do sentido e do significado do processo de Educação inclusiva, estamos considerando a diversidade de aprendizes e seu direito à equidade. Trata-se de equiparar oportunidades, garantindo-se a todos - inclusive às pessoas em situação de deficiência e aos de altas habilidades/superdotados, o direito de aprender a aprender, aprender a fazer, aprender a ser e aprender a conviver. (CARVALHO, 2005).

terça-feira, 27 de agosto de 2013

VIDEO CONTRA "BULLYNG".

Vídeo contra o bullying
Com a produção e a exibição de filmes, estudantes de Pernambuco começam a mudar a realidade de conflito e desrespeito na escola
Bullying tem solução
O caso real
A EE Madre Lucila Magalhães, de Vitória de Santo Antão, a 53 quilômetros de Recife, em Pernambuco, não é a mesma de quatro anos atrás. Na época, o desrespeito entre alunos era generalizado. “Os alunos se xingavam muito, o que acabava gerando agressões físicas também. Existia muito racismo e uma disputa entre estudantes de diferentes comunidades. Até o patrimônio da escola sofria ações de vandalismo”, conta João Francisco da Silva, professor de História.
Mas o “Stop Bullying”, um projeto de produção e exibição de filmes, liderado por Silva, trouxe novos ares para toda a escola, que atende 1100 alunos.
“Quando resolvi trabalhar assuntos ligados aos Direitos Humanos, em 2008, busquei fazer com que os alunos vivenciassem algumas situações na prática para que percebessem que as ações de violência precisavam ser erradicadas da escola porque comprometiam os laços de uma boa convivência”, explica Silva, que convidou seus alunos para produzir filmes sobre os problemas cotidianos de suas vidas, como drogas, violência, rivalidade e falta de respeito.
Primeiramente, o grupo escolhe o tema a ser trabalhado. Faz-se uma pesquisa sobre ele e só então se inicia a redação do roteiro. Depois vêm os ensaios e, por fim, a gravação e edição. A encenação torna possível problematizar temas difíceis de tratar por meio de debates reais. “A ficção transformou a realidade de nossos alunos”, analisa.
A participação dos alunos é garantida por meio de um revezamento das funções: roteiro, iluminação, manutenção, atuação. “Nunca deixo que ninguém fique de fora”, comenta o professor.
De 20 integrantes iniciais, hoje o projeto já conta com 120 alunos do Ensino Fundamental e Médio que participam dos encontros semanais no contraturno. Além de exibir os filmes nos espaços da escola, o grupo organiza apresentações em locais públicos da comunidade do entorno.
Aos poucos, o professor conseguiu mobilizar os alunos para uma discussão em torno dos problemas mais recorrentes na vida escolar e sobre a necessidade de mudança de comportamento. O problema não foi completamente extinto, mas uma iniciativa importante já foi tomada. “Antes, os alunos resolviam tudo por meio da violência. Hoje, eles procuram alternativas, principalmente, o diálogo para mediar conflitos dentro e fora do espaço escolar”.

Palavra de especialista
Casos de bullying sempre existiram no ambiente escolar. O que tem mudado, ao longo do tempo, é a forma como estes profissionais estão lidando com ele. “O problema não é ter conflitos na escola e sim como os educadores podem intervir de forma mais construtiva”, explica Adriana de Melo Ramos, pedagoga e doutoranda em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
O primeiro passo para se combater o bullying é identificá-lo e aceitá-lo. Para a pesquisadora, cabe aos professores e gestores estudar e debater o tema, planejar intervenções diretas com os alunos, levar a discussão às famílias e trabalhar com os espectadores. “Só existe bullying porque existe plateia. E é nesse público que os educadores devem focar ações mais específicas”.
Na avaliação de Adriana, o projeto “Stop Bullying” teve a sensibilidade de discutir temas de interesse dos próprios alunos por meio de histórias fictícias, o que contribuiu para que o grupo não se sentisse ameaçado. “É muito mais fácil para as crianças refletirem sobre situações hipotéticas para depois pensar em situações reais porque gera um envolvimento maior”, explica.

Mas a pedagoga chama a atenção para a necessidade de se desenvolver um trabalho de formação continuada com todos os educadores da escola, para que contribuam com a construção de um ambiente mais cooperativo e respeitoso. “Isso não pode acontecer apenas nas aulas do professor João, mas nas diversas aulas que os alunos frequentam, assim como na relação com a equipe gestora”, alerta.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

ENSINO MÉDIO -O IMPACTO DO ÍDOLO NA CRIAÇÃO DA PERSONALIDADE.

Sequência Didática
Jogadores de futebol e sua influência na construção da identidade juvenil

Utilize os ídolos da turma para refletir o impacto desses personagens na criação da identidade

Objetivos
- Compreender de que maneiras os jovens se relacionam em uma sociedade de consumo e a produção de cultura
- Estabelecer uma reflexão crítica sobre a apropriação de elementos para consumo de massa na produção da identidade juvenil

Conteúdos
- Construção de identidade
- Consumo e consumismo

Anos
Ensino Médio

Tempo estimado
Duas aulas

Material necessário
- Cópias da reportagem "Nas roupas, todos são fenômenos" (Veja, 14 de agosto de 2013,2334)
- Projetor de vídeo e computador conectado à internet para exibição do curta-metragem A alma do Negócio (José Roberto Torero, 8 min, disponível aqui)
http://revistaescola.abril.com.br/css/img/conteudo-relacionado-texto.png
Desenvolvimento
1ª etapa
Introduza os principais conceitos que envolvem as temáticas da aula: sociedade de consumo e construção de identidade. Inicie a aula propondo aos alunos uma discussão do hábito de consumir que temos em nosso dia a dia. Para ilustrar o conceito, colete e exiba imagens que abordem diferentes aspectos do consumismo em diversas sociedades e setores do mercado (alimentação, produtos eletrônicos e roupas, por exemplo). O objetivo dessa atividade é demonstrar como o consumismo é um fenômeno social presente no cotidiano de diferentes grupos sociais. Explique o conceito (consumismo é o consumo de bens supérfluos que os indivíduos assumem como determinantes para a própria sobrevivência).

Explique também que esse fenômeno social está ligado à influência dos meios de comunicação sobre o nosso dia a dia, por meio de anúncios e propagandas que buscam instigar o desejo de consumir.

Em seguida, passe o vídeo A alma do Negócio (José Roberto Torero, 8 min, disponível emhttp://portacurtas.org.br/filme/?name=a_alma_do_negocio).

Discuta com a turma o vídeo. Apresente questões como: qual a relação do vídeo com o cotidiano deles? De qual linguagem o vídeo se apropria? O filme é um bom exemplo de como propagandas e anúncios buscam estimular-nos a consumir diferentes produtos, usando uma linguagem que os faça parecer indispensáveis aos consumidores.

2ª etapa
Distribua à classe cópias da reportagem "Nas roupas, todos são fenômenos", publicada em Veja. Pergunte à turma se eles concordam que os jogadores de futebol são seguidos como modelo. Questione se algum dos alunos se espelha em um dos jogadores citados na reportagem e o porquê. Também peça que eles discutam o conceito de fashionismo, apresentado na reportagem.

Fashionismo é um termo que tem origem a língua inglesa. Vem da palavra fashion e significa moda em português. O termo, portanto, sintetiza padrões e costumes que, no caso dos jogadores de futebol do artigo, estão diretamente ligados ao vestuário. Incitam o consumo de bens supérfluos e que são dispensáveis à sobrevivência

Neste momento, apresente à turma o conceito de identidade do Stuart Hall. Para ele a identidade é formada ao longo do tempo através de processos inconsistentes e não é algo inato, ou seja, depende da formação social de cada indivíduo. Por isso, ela está sempre em processo e é inacabada: não há uma ordem estável, mas uma dinâmica constante de interiorização de comportamentos.

Retome o exemplo do fashionismo presente na matéria de Veja para exemplificar o conceito deidentidade de Hall. Peça que eles levantem hipóteses de como os conceitos estudados (consumismo, fashionismo e identidade) se relacionam com a reportagem de Veja. Nesse caso, o consumismo se trata do estímulo à compra de produtos que os jogadores de futebol utilizam. Ao usar peças de roupas parecidas às utilizadas pelos jogadores, portanto, o indivíduo busca uma aproximação com seu modelo.

Peça que eles levantem exemplos desses conceitos em seu próprio cotidiano. Nos últimos anos, meses, dias, quantas peças de vestuário consumiram? Julgam serem peças necessárias ou supérfluas? Por quê? Compraram tais peças por causa de uma celebridade, jogador de futebol, algum famoso que viu anunciar ou usar o produto?

Avaliação
Divida a sala em duplas ou pequenos grupos para que respondam às questões :
- O que é fashionismo?
- Os jogadores de futebol influenciam na maneira como você ou algum amigo seu se veste?
- Por que algumas celebridades tem o poder de influenciar nas decisões de compras de algumas pessoas?
Peça que eles discutam as questões em grupo e registrem suas conclusões individualmente. Ao avaliar as respostas, considerem a apropriação dos conceitos trabalhados e a postura critica com relação ao consumismo.
Rodrigo Saraiva Cheida
Mestre e doutorando do Departamento de Política Científica e Tecnológica (DPCT) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)