segunda-feira, 31 de março de 2014

Brincar é explorar

Objetivos 
- Organizar um ambiente interno com diversas opções de jogos de exercício.
- Favorecer o movimento da criança e a exploração de materiais.
Tempo estimado
Durante o ano todo.

Material necessário
Jogos de exercício variados, brinquedos de encaixar, instrumentos musicais, rolos ou blocos de espuma, bolas, material reciclável etc.

Desenvolvimento
1ª etapa
Ao conceber um espaço para receber jogos de exercício, dedique algum tempo para analisar a quantidade e a qualidade dos brinquedos disponíveis. Sobre a quantidade, é importante verificar se há material suficiente para todos. Nessa faixa etária, deve haver um bom número do mesmo tipo para que os pequenos possam explorar sozinhos ou compartilhar com os colegas - nesse último caso, em atividades que não exijam tempo de espera, adaptadas ao comportamento dessa faixa etária. Sobre a qualidade, os objetos devem ser feitos de materiais seguros, com tamanhos maiores que o da boca dos bebês aberta e com diferentes cores e texturas.

2ª etapa
Organize os brinquedos em cantos diferenciados, de acordo com a habilidade que cada um deles possibilita desenvolver. Por exemplo, colchões, almofadas e rolos num lado da sala, opções de jogos para encaixar e empilhar em outro e instrumentos em uma prateleira ao alcance da turma. Com o tempo, as crianças podem ajudar na reformulação dos ambientes. Para entender a mensagem delas, atenção ao modo como se comportam os pequenos. Se reparar que há um canto aonde ninguém vai - ou que deixou de ser popular depois de algumas semanas de diversão -, vale a pena reorganizar os materiais e acrescentar novos elementos.

3ª etapa
Quando começar o momento da brincadeira, investigue de que forma os materiais disponíveis são usados. Com base nas descobertas, devem surgir outras possibilidades de exploração. Aqueles que começam a reagir aos brinquedos com sons, por exemplo, vão adorar experimentar diferentes instrumentos. Já os que conseguem empilhar peças podem brincar com cubos de diversos tamanhos e, assim, testar cada vez mais os limites de equilíbrio de uma torre.

4ª etapa
Atenção à questão do tempo: os pequenos costumam demorar mais para se envolver com um brinquedo. Eles chegam perto, mexem um pouco, largam e voltam. A noção de permanência vem com a experiência. Por isso, é importante não mudar os jogos com muita freqüência. Ao longo do ano, as crianças irão buscá-los diversas vezes e, aos poucos, tentarão realizar novas experiências com cada um deles. Nesse aspecto, a parceria do professor é muito importante. Mas não se deve impor regras ou rotular ações como certas ou erradas. Ao contrário: a mediação precisa estimular a curiosidade e a criatividade. Coloque questões como "Você gostou de batucar esse tambor?", "Por que encaixou esta peça aqui?" e "Quer pegar o aviãozinho?". Esse tipo de estímulo serve até mesmo para quem ainda não desenvolveu plenamente a fala.

Avaliação 
Observe os movimentos exploratórios da turma para encaminhar a atividade. Esse diagnóstico pode servir de base para a reorganização do ambiente - verifique, principalmente, se o conjunto de atividades favorece a mobilidade e a exploração - e para propor desafios individuais. É possível, por exemplo, estimular a experimentação perguntando: "O objeto com que você está brincando produz sons ao ser chacoalhado? Encaixa em outro maior? Abre uma portinha?" Faça anotações sobre o comportamento dos pequenos e, se possível, filme ou fotografe as interações com os jogos e com os amigos.

sexta-feira, 28 de março de 2014

A inspiração para inscrever meu trabalho no Prêmio Victor Civita Educador Nota 10

Felipe e seus alunos da EJA no ano em que decidiu se inscrever no prêmio (Foto: Gustavo Lourenção)
Felipe e seus alunos da EJA no ano em que decidiu se inscrever no prêmio (Foto: Gustavo Lourenção)
Em 2012, tive a felicidade de ser um dos onze escolhidos para receber o Prêmio Victor Civita Educador Nota 10. Além do grande reconhecimento profissional, tive a oportunidade de conhecer professores excelentes e, desde então, várias portas se abriram para mim.
novo regulamento do prêmio para este ano já foi divulgado (clique aqui para ler) e as inscrições começam em breve. Por isso, resolvi compartilhar com vocês como foi o meu percurso. Quem sabe isso não anima outros professores a se inscreverem?
Já conhecia o Prêmio Victor Civita por meio da revista NOVA ESCOLA e das festas de premiação, televisionadas pela TV Cultura, mas nunca tinha visto um professor da EJA estar entre os ganhadores. Penso que isso me levou a concluir de maneira errada que o prêmio não permitia a participação de professores dessa modalidade de ensino, desistindo de ler com atenção o regulamento.
Porém, em 2011, conheci o trabalho da professora Flávia Pereira Lima, de Goiânia. Junto com os alunos do 5o ano, ela refez o percurso de Carlos Chagas, realizado entre 1907 e 1910, para investigar a misteriosa doença, que passou a ser conhecida pelo seu nome.
(Aliás, Carlos Chagas é considerado um dos maiores cientistas que o Brasil já teve. Até hoje, ele é o único cientista da história a descrever completamente uma doença infecciosa: o agente causador, o agente transmissor, os hospedeiros naturais, as manifestações clínicas e a epidemiologia. Ainda assim, é pouquíssimo conhecido entre nós. Excelente escolha a da Flávia!)
A professora apresentou à turma o problema levantado por Carlos Chagas e algumas evidências coletadas por ele na época. De posse dos dados, os alunos tiveram que levantar hipóteses. Depois, elas foram confrontadas com novos dados trazidos pela professora. Tudo foi registrado com detalhes pelos alunos, que, ao final, puderam montar uma versão simplificada do mesmo quebra-cabeça que Chagas montou há mais de cem anos. Vivenciando procedimentos de uma investigação científica, os alunos sem dúvida entenderam melhor como a ciência é construída.
Ao ler o trabalho da Flávia, pensei: “Puxa vida, faço com meus alunos uma atividade muito parecida!”.
Conto para vocês como era meu projeto. Usando um exemplo da História da Ciência, montei uma atividade em que os alunos investigavam e formulavam hipóteses sobre um problema à medida que eu, aos poucos, fornecia mais dados. Havia, é claro, muitas diferenças: meu projeto propôs um estudo sobre a varíola e o foco era a análise de textos. Porém, a estrutura e os objetivos do trabalho da Flávia e do meu eram muito semelhantes.
Isso me fez pensar em inscrever um trabalho no prêmio. Porém, apresentar algo muito parecido com o que o trabalho premiado no ano anterior não seria interessante…  Pareceria uma cópia!
Será que, entre todas as atividades que conduzia com meus alunos, alguma mereceria ser enviada?  Qual delas atingia objetivos tão importantes como os da Flávia, mas com uma temática diferente?  Essas eram algumas das minhas dúvidas na época.
Pronto: estava lançada a faísca que me faria ler o regulamento e descobrir que, sim, os professores da EJA podem se inscrever!

quinta-feira, 27 de março de 2014

Falar sobre higiene é o primeiro passo para um trabalho de prevenção eficiente


A chegada da puberdade causa uma grande revolução no corpo! Tudo muda. Braços e pernas se avolumam,  os seios despontam, os pelos aparecem, os genitais crescem e os cheiros se alteram, exigindo mais atenção e cuidado. E aí pode estar uma grande oportunidade para se trabalhar a autoestima e o conceito de prevenção em saúde sexual com os alunos.
Já fiz algumas consultorias para programas de Educação sexual em escolas e fico impressionada com a repetição dos temas trazidos pelas escolas todos os anos. Em uma das redes que visitei, o trabalho de prevenção às Doenças Sexualmente Transmissíveis com os alunos do 6º ao 9º se restringia a destacar a importância do uso da camisinha.
Falar de camisinha é importante, mas se a gente repete o mesmo conteúdo com o aluno em todos os anos, isso se torna contraproducente. Os conteúdos têm que estar adequados aos interesses e à capacidade cognitiva desses estudantes.
Nesse caso, sugeri abordar o tema da higiene corporal como introdução ao trabalho de prevenção com os jovens do 6o ano. No entanto, enquanto estávamos montando o currículo, uma das professoras me questionou:
- Isso não é para ser ensinado em casa? Eu fico constrangida de falar sobre isso com os meus alunos.
Expliquei que nem todo mundo tem a oportunidade de aprender a cuidar de sua higiene em casa. E quando isso acontece, os jovens podem se tornar vítimas da falta de informação, o que pode prejudicar diretamente sua autoestima. Além disso, acredito que prevenção e higiene são formas de autocuidado e, dessa forma, os alunos podem incorporar progressivamente alguns cuidados, evoluindo dos mais simples aos  mais complexos, como o uso da camisinha.
Desenvolvemos uma cultura em que falar sobre higiene é constrangedor. Minha mãe quando se deparava com alguém com mau hálito, por exemplo, dizia não ter coragem de abordar o assunto com a pessoa.
- Eu  sinto vergonha por ela – ela costumava dizer.
O cheiro é um estímulo sexual poderoso
Quem já não ouviu comentários de garotos e garotas que perderam o encanto por alguém porque a pessoa tinha mau hálito. Outro dia, ouvi de um aluno:
- O cheiro do suor dela era tão forte que o encontro foi “brochante”!
Isso sem falar do chulé, das espinhas e da oleosidade no rosto e no cabelo,  tão frequentes na adolescência.
Higiene é fundamental. Não só porque interfere na socialização e no interesse sexual, mas também porque é importante para a saúde. Inúmeras doenças, principalmente na pele e nos genitais decorrem da falta dela.
O primeiro passo para a prevenção
Cuidar da nossa higiene é o primeiro passo para ensinar alguém a se prevenir. Com uma brincadeira ou em uma roda de conversa, o professor pode fazer crianças e adolescentes entenderem que eles têm um corpo que tem dono: eles mesmos.
Esta chamada é muito importante para eles perceberem que a responsabilidade pelos cuidados com o próprio corpo é só deles, não pode ser delegada a outra pessoa. Outro ponto fundamental quando se trata da prevenção às DSTs.
Listo alguns conteúdos que não podem faltar na hora de falar com a turma sobre a origem das secreções corporais e como lidar com alguns odores mais significativos.
Corpo mal cheiroso
O ser humano possui glândulas sudoríparas responsáveis pela eliminação do suor, que  se tornam mais ativas a partir da puberdade. Esta secreção serve de alimento para as bactérias presentes na pele, principalmente nas áreas com mais pelos, como as axilas, provocando aquele cheiro desagradável de suor.
Há pessoas que têm uma maior concentração destas glândulas. Tudo depende da etnia e da genética. Mas, qualquer pessoa que pratica exercícios físicos ou passa muito tempo em ambientes quentes e fechados, acaba exalando mau cheiro. O suor se acumula sobre a pele e as bactérias “fazem a festa”, gerando um odor desagradável, que se impregna no corpo e na roupa. Para resolver esta situação desagradável, a receita é bem simples: banho todo dia. Ensaboar bem as axilas com água e sabão e aplicar um desodorante no local.
Chulé
O chulé é um odor causado pela proliferação de fungos e bactérias entre os dedos dos pés quando há excesso de umidade, geralmente provocada pelo suor. Essa umidade favorece o aparecimento de micose e fissuras entre os dedos, conhecidas popularmente como “frieira” ou “pé de atleta”. Quando isto ocorre, é inútil ficar colocando qualquer tipo de talco. É necessário que se use um fungicida.
Para evitar o chulé basta enxugar bem entre os dedos após o banho e usar sempre meias limpas e de preferência de algodão. Além disso, ajuda bastante, ficar descalço ou com o pé arejado sempre que possível e ainda alternar a utilização dos calçados.
Mau hálito
Existem muitas causas para o mau hálito: refluxo do estômago, inflamação na garganta ou nas amídalas, presença de resíduos de alimentos entre os dentes, cárie dentária ou inflamação da gengiva. Para prevenir ou resolver este incômodo, deve-se procurar um médico para poder tratar o problema de estômago, garganta ou amídalas, visitar o dentista pelo uma vez por ano para tratar ou prevenir as cáries, e principalmente, escovar bem os dentes após cada refeição, não esquecendo de usar fio dental.
Esmegma
É uma secreção esbranquiçada, parecendo leite talhado, que se acumula sob o prepúcio, nos homens, e ao redor do clitóris e nas dobras dos pequenos lábios, nas mulheres. O acúmulo de esmegma causa um odor desagradável e pode facilitar a ocorrência de infecção, tanto no pênis como na vulva. Para evitar esse desconforto e prevenir infecções, os garotos devem puxar a pele do prepúcio para trás e lavar a glande com água e sabão diariamente.  Já a garota deve lavar sua vulva  todos os dias e evitar usar calcinhas de tecido sintético.

quarta-feira, 26 de março de 2014

Saiba o que são e como utilizar os agregadores de conteúdo

É comum você se sentir perdido em meio à avalanche de informações despejadas todos os dias na internet? Mesmo quando você escolhe seus sites para pesquisa, é difícil, na correria do dia a dia, conseguir acessá-los diariamente para se manter informado, não é verdade?
Então, saiba que existe uma ferramenta que pode ajudá-lo a acessar facilmente todas as atualizações de suas páginas preferidas. São os agregadores de conteúdo. Eles podem ser instalados em seu computador, tablet ou smartphone para compilar, de tempos em tempos (você determina a periodicidade), os novos conteúdos publicados nos sites que você escolher. Aí, em vez de ter que acessar as páginas uma a uma, as atualizações ficam disponíveis em um só lugar.
Como funciona?
Os agregadores são programas leitores de documentos baseados na tecnologia RSS (sigla em inglês para Really Simple Syndication), uma linguagem de formato simplificado para apresentação do conteúdo de um site, identificada pela imagem que aparece no início deste post.
Para acessar as informações dessa forma, você só precisa selecionar e instalar um leitor de RSS em seu dispositivo digital (computador, tablet ou smatrphone) e indicar em quais sites o programa deve buscar pelos feeds, como são chamadas essas atualizações. Outra alternativa é assinar o serviço de RSS dos sites de seu interesse. Geralmente, ele aparece ao lado dos ícones das redes sociais ou no rodapé da página.
A seguir indicamos três agregadores de conteúdo gratuitos e fáceis de utilizar.
Feedly
Ótima opção para quem procura um leitor que funcione em diferentes dispositivos. O aplicativo conta com versões para os sistemas operacionais IOS e Android e pode ser instalado no computador como extensão do navegador Google Chrome. Sua aparência é similar a de um portal de notícias, com a diferença de que você pode navegar em vários sites partindo de um só lugar.
RSS Feed ReaderSe você utiliza o Google Chrome para acessar a internet, este pode ser o agregador mais indicado. Ele funciona como uma extensão desse navegador. Depois de instalado, é possível acessá-lo através de um botão posicionado no canto superior direito do Chrome, ao lado da barra de endereço.  Ao clicar no título, o conteúdo escolhido carrega diretamente na janela do navegador.
Flipboard 
Este aplicativo é para quem adora ver as novidades pelo celular e não abre mão de um visual caprichado. Com versões para IOS e Android, esse agregador proporciona uma navegação fácil e divertida, com os assuntos de interesse exibidos em um mosaico que lembra as editorias de uma revista.

terça-feira, 25 de março de 2014

Formação de professores – O que priorizar no planejamento?

Observando a rotina nas diferentes turmas, fiquei impressionada como as crianças passam muito tempo esperando
Observando a rotina nas diferentes turmas, fiquei impressionada como as crianças passam muito tempo esperando. Foto: Gabriela Portilho
Trabalhar em Educação é um privilégio. Mesmo! Adoro esse começo de ano letivo, momento de reinício, novos alunos, novos professores e, é claro, novos olhares. Não sei se por conta das experiências vividas, se porque estudamos mais, aprendemos com os bons professores ou com as respostas das crianças – talvez um pouco de tudo isso –, mas nosso olhar fica mais exigente a cada ano e, em todas as turmas, queremos que os encaminhamentos sejam coerentes com a concepção de aprendizagem e de criança que temos.
Entretanto, a realidade não é assim. Somente por meio da formação e da reflexão sobre a prática é que poderemos qualificar os fazeres pedagógicos. Alguns conteúdos precisam ser foco das formações, pois passamos a achar que é imprescindível que aconteçam em todas as turmas. Como, então, elencar quais são fundamentais?
Na condição de coordenador(a), o grande trunfo que temos é poder acompanhar os encaminhamentos de cada professor. Encontramos ótimos trabalhos, mas também atuações que deixam muito a desejar. Em uma escala de prioridades, muito particular, estabeleci alguns conteúdos essenciais:
  • Gestão da sala de aula: saber encaminhar as atividades, envolvendo  todos os alunos, com propostas bacanas; as crianças a par do que farão; sem tempo de espera e sem regras tolas, como não poder conversar ou sair do lugar; e saber fazer as mudanças na rotina, intercalando momentos de maior concentração com momentos mais descontraídos.
  • Relacionamento e liderança junto às crianças: o professor precisa conhecer cada aluno, saber como lidar com conflitos, desafios e dificuldades que um grupo naturalmente gera.
  • Conhecimento dos saberes das crianças e dos conteúdos de aprendizagem:saber como se aprende e que tipo de atividade é estruturante para abordar cada conteúdo .
Dentro desses três grupos de conteúdos, existem inúmeros aspectos. Em uma escola em que estou fazendo assessoria, por exemplo, ficou visível que muitas tarefas podem ser aperfeiçoadas. Mas, seguindo a premissa básica de um projeto de formação: “é preciso escolher um aspecto de cada vez”, minha decisão foi eliminar o tempo de espera das crianças.
Observando a rotina nas diferentes turmas, fiquei impressionada como as crianças passam muito tempo esperando. Esperam todos chegar para começar uma atividade, depois esperam todos terminar para fazer outra, fazem fila e andam em fila, como se isso existisse! Até no refeitório, elas precisam esperar todas as turmas chegarem para serem servidos; só podem ir para o pátio brincar quando todos da turma terminam o lanche e, no fim do período, precisam ficar sentadinhas com suas mochilas esperando os pais – algumas crianças chegam a ficar 30 minutos sentadas esperando e sem fazer nada. Se nós, adultos, já achamos muito chato ficar esperando, imagine querer que crianças de 2 a 5 anos o façam?
Sei que precisarei ser muito cuidadosa para trazer esse assunto à tona, pois certamente os professores acreditam que tudo isso é necessário para organizar o trabalho e, principalmente, para controlar as crianças. Então, minha intenção é reverter a situação: introduzir o momento de atividades diversificadas tanto na entrada como na saída das crianças; refletir sobre a necessidade da fila, quando e como ela acontece na vida real; discutir com o grupo a questão da autonomia das crianças; e, paulatinamente, estabelecer uma rotina mais dinâmica em que o trabalho acontece o tempo todo sem precisar que o grupo inteiro o faça ao mesmo tempo.
Agora que já identifiquei o maior problema e visualizo como deve ser na prática do dia a dia da escola, vou me dedicar a planejar como tornar tudo isso observável para os professores, tematizar os melhores encaminhamentos de dentro da própria escola e elaborar com o grupo de professores uma reorganização da rotina e do papel do professor e da criança. Ufa!

segunda-feira, 24 de março de 2014

Beatriz de Paula Souza: "Problema de aprendizagem não é doença"

Em bate-papo ao vivo com os leitores de NOVA ESCOLA e GESTÃO ESCOLAR, a psicóloga Beatriz de Paula Souza defende que não se pode tratar problemas de comportamento e aprendizagem com remédio. Veja também: currículo do Ensino Básico não deve ser decisão do professor, defende o presidente do Inep.






sexta-feira, 21 de março de 2014

Análise de portfólios: devolutiva aos professores

Quando analiso os portfólios, faço anotações para que, posteriormente, eu possa direcionar a conversa com os professores
Quando analiso os portfólios, faço anotações para que, posteriormente, eu possa direcionar a conversa com os professores. Foto: Gabriela Portilho
No post anterior (clique aqui para acessar), escrevi sobre a análise dos portfólios das turmas e o que eles podem indicar para nós, coordenadores. Hoje, vou contar como fiz as devolutivas aos professores dos acompanhamentos que realizei por meio dos registros. Considero importante conversar com cada professor sobre minhas percepções das aprendizagens das crianças e também como estão desenvolvendo suas práticas em sala de aula.
Este ano fiz algo diferente. Para dar a devolutiva, convoquei o professor regente e o professor de apoio de cada turma – responsável por auxiliar o trabalho com as crianças que apresentam dificuldades na aprendizagem. Das 13 salas de aula que coordeno, 12 contam com esse auxiliar, e isso é muito positivo!
Passo a passo
Primeiramente, organizei um cronograma para que os professores e seus auxiliares soubessem o dia da semana e a hora que deveriam comparecer à minha sala para conversarmos. Essas devolutivas foram o foco de meu trabalho durante uma semana, e a conversa com cada dupla demorou cerca de 50 minutos.
Quando analiso os portfólios, faço anotações para que, posteriormente, eu possa direcionar a conversa com os professores. Então, apresento a eles os alunos que considero estar com mais dificuldades nas aprendizagens, faço sugestões de atividades para os mesmos, analisamos juntos as produções de alguns estudantes que estão indo bem e também daqueles que estão abaixo das expectativas para o ano/série. Nesse momento, os professores regente e auxiliar se pronunciam, destacando o trabalho que estão desenvolvendo para garantir que todos avancem.
Depois de conversarmos sobre a turma e de alguns alunos em particular, pergunto aos professores quantos e quem são as crianças que mais os preocupam e com que metas e prazos pretendem trabalhar para a recuperação e avanço de todos.
Registro tudo o que conversamos sobre a turma, as orientações e sugestões que faço           e o que os professores se propõem a fazer. Os docentes assinam o registro, tomando ciência do que foi conversado, e recebem uma cópia. A minha cópia vai para meu portfólio e, assim, vou arquivando todas as conversas que tenho com os professores durante o ano.
Essa conversa acontece a cada dois meses. Para mim é uma forma bastante significativa de acompanhar as aprendizagens das crianças. Os professores se sentem mais seguros ao saber que a coordenadora está acompanhando o desenvolvimento de seu trabalho e dos alunos. São parcerias necessárias quando o objetivo maior é a evolução de todas as crianças.

quinta-feira, 20 de março de 2014

Como lidar com convicções religiosas no trabalho de Educação sexual?

Hoje vamos conversar sobre um dos temas mais polêmicos presentes na escola: a interferência de doutrinas religiosas no trabalho de Educação sexual.
Não houve uma só vez que eu tenha realizado um treinamento com professores que não tenham surgido perguntas do tipo: “se o aluno disser que a religião dele não permite o uso da camisinha?”. Ou que os próprios professorem tenham dito que sua religião não apoia relações sexuais entre adolescentes, que o relacionamento homossexual é uma doença; a masturbação é um pecado e o prazer sexual condenável.
Os progressos científico, político e econômico transformaram os costumes, desmistificando crenças e quebrando tabus. Hoje as pessoas reconhecem que podem obter satisfação sexual com direito a escolha de ter ou não um filho. Elas podem desfrutar de sua vida sexual independentemente do sexo, gênero, orientação sexual, idade, raça, classe social ou deficiências mentais ou físicas, e sem colocar sua saúde em risco.
Algumas religiões, no entanto, ainda mantêm uma linha moral restritiva nas questões da sexualidade, principalmente em relação a qualquer atividade sexual que fuja do propósito da reprodução como, por exemplo, o sexo antes do casamento, o uso de anticoncepcionais e a masturbação. Quando não é possível atendê-la, muitos desobedientes ainda sofrem, sentindo o peso da condenação do pecado ou da discriminação social e religiosa.
Nem sempre ganhamos
Outro dia recebi um telefonema do diretor de uma escola religiosa. Ele tinha sido questionado por alguns alunos sobre a possiblidade de implantar em sua escola um dos projetos de maior sucesso do local onde trabalho, o Instituto Kaplan, sobre a prevenção à gravidez na adolescência, chamado de Vale Sonhar.
Depois que expliquei seu funcionamento e os conteúdos das oficinas, ele me perguntou:
- Por que, em vez de trabalhar com a possibilidade  de relacionamento sexual, vocês não estimulam a abstinência sexual na adolescência?
Respondi que a abstinência sexual não é um método de prevenção, mas sim  uma filosofia de vida ou um ensinamento religioso. Como educadora sexual, não posso apostar na fé. Tenho que trabalhar com fatos e conhecimentos científicos que preparem nossos jovens para conviver com a realidade social e a liberdade sexual presente nos dias de hoje.
Tentei mostrar para ele que o nosso papel não é estimular o sexo e que tampouco temos o poder de proibir a relação sexual. Nosso papel é promover a aprendizagem necessária para quando isso acontecer, eles saibam agir com responsabilidade, evitando a gravidez na adolescência.
Ele não gostou da minha resposta. Paciência.
Eu, como educadora sexual,  entendo os princípios da religião que o faz discordar de uma das mais importantes funções da educação sexual e, infelizmente, só posso lamentar por seus alunos.
Nem sempre perdemos
Em outro momento, apresentamos esse mesmo projeto para outra escola e um pai religioso me questionou o porquê de ensinar sobre a prevenção da gravidez para garotas de 13 anos que, segundo ele, nem pensavam em sexo?
Apresentei como resposta o índice de gravidez para meninas entre 10 e 19 anos no município em questão, segundo pesquisa do Datasus , do Ministério da Saúde.
Ele ficou perplexo ao ver os números e se tornou um porta-voz do projeto para os demais pais, entendendo as necessidades individuais e sociais da juventude no que diz respeito à sexualidade e à saúde sexual e reprodutiva. Contra fatos não há argumentos!
Mas o que podemos fazer? Nós não conseguimos mudar os princípios e dogmas sexuais das religiões, mas podemos e devemos argumentar com as pessoas, apoiados em informações com credibilidade. Se for necessário, para não se criar um embate em público, respeite as opiniões dadas e convide a pessoa para um conversa em particular, na qual você poderá obter mais informações sobre suas objeções e tentar argumentar de forma a vencer os receios ou a desinformação que possa estar influenciando determinada posição.
Não se deixem abater por um NÃO em detrimento de tantos alunos que precisam de um trabalho consistente para equilibrar as relações de gênero, respeitar a diversidade sexual e fazer a prevenção das DST/Aids e da gravidez na adolescência.
Para finalizar, gostaria de fazer um convite a todos os professores: o Instituto Kaplan realizará em São Paulo, nos dias 15 e 16 de maio, um curso de capacitação para educadores interessados em aprender a metodologia do projeto Vale Sonhar, que vem reduzindo em torno de 30% ao ano os casos gravidez nas escolas de Ensino Médio da rede estadual de ensino do Estado de São Paulo. Você pode encontrar mais informações sobre curso no site do instituto.
E você, professor, já teve que lidar com alguma restrição em atividades de Educação sexual por conta de preceitos religiosos? Compartilhe com a gente quais foram as soluções encontradas!

terça-feira, 18 de março de 2014

Pasta viajante: atividade permanente de leitura que dá certo!

 Educação Infantil - Leninha Ruiz

Cada
Cada criança possui uma pasta com grampos, entregue pelo professor depois de um convite para todos se sentarem em roda para escutar a leitura. Foto: Gabriela Portilho
Todas as semanas, as crianças das turmas de 3 a 5 anos têm na rotina a atividade da pasta viajante. Em um dia definido pelo professor junto com os familiares na reunião de pais, elas recebem o impresso de um texto lido em aula e levam para casa para que pai, mãe ou irmãos releiam para elas. Esse é um momento de ampliação cultural e tem como finalidade o que toda boa leitura deve ter: permitir que as crianças se divirtam, se emocionem ou fiquem intrigadas com o que escutaram.
“Mas como funciona esse trabalho e qual é seu objetivo?”, vocês devem estar se perguntando. Vou explicar.
Cada criança possui uma pasta com grampos, entregue pelo professor depois de um convite para todos se sentarem em roda para escutar a leitura. A cada semana, é entregue aos pequenos um novo texto para ser integrado ao material – os maiores de 5 anos o recebem já perfurado para que abram o grampo e encaixem-no, enquanto os de 3 e 4 anos já recebem a pasta com o impresso daquela semana.
O objetivo da atividade é o professor ler em voz alta, enquanto as crianças acompanham o texto escrito em suas próprias pastas. Antes, no entanto, acho bacana o professor fazer uma “propaganda” do que todos ouvirão, dizendo algo assim: “Turma, eu achei muito engraçadinha a poesia desta semana, ri muito! Ouçam para ver o que vocês acham”.
Depois da primeira leitura, o professor lê mais uma vez, agora convidando os pequenos a acompanharem o que está escrito, passando o dedinho sobre o texto, numa imitação do comportamento leitor, já que as crianças ainda não são leitoras de fato. Nessa hora, ele também faz um combinado com as crianças: “Vocês vão levar esse texto divertido para casa e vão pedir para uma pessoa ler para vocês, certo? Depois, vocês mesmo podem ler do seu jeito, pois já vão saber quase ele todo, não é mesmo? Lembrem-se de trazer a pasta de volta depois, está bem?”. Dentro da pasta, o professor pode colocar um bilhetinho para a família, explicando a atividade. Vocês podem acessar um modelo clicando aqui.
As famílias sempre nos contam que, quando os alunos chegam em casa com o material, pedem logo para um dos pais e até mesmo para os irmãos mais velhos lerem para eles ou, então, querem fazer a leitura por conta própria, já que, muitas vezes, já memorizaram parte da poesia, parlenda ou  história.
A importância da leitura pela leitura
Quero deixar claro que a proposta dessa atividade não é nada mais que fazer a leitura do texto pelo prazer em si. Converso bastante com os professores que chegam à escola e querem pedir para as crianças grifarem palavras e/ou circularem letras dos textos, pois não é essa a proposta. O que queremos é o prazer, que as crianças gostem de ouvir os textos e queiram que leiam para elas. Aqui, aproveito para ressaltar que temos de escolher os textos com muita cautela para que os pequenos gostem. Por isso, tivemos o cuidado de, ao longo dos anos, montar um acervo bacana e adequado para cada faixa etária com textos numerados de 1 a 35, que é mais ou menos o número de semanas de um ano letivo.
Para o grupo de 3 anos, por exemplo, os primeiros escritos são letras de música que os professores costumam ensinar na escola. Depois, entram as quadrinhas de nosso projeto de oralidade e, em seguida, poesias variadas e o repertório de canções de Vinícius de Moraes no segundo semestre.
Na turma de 4 anos, colocamos outras poesias, como as de Cecília Meireles e Elias José, no primeiro semestre, e letras de música no segundo.
Para as crianças de 5 anos, escolhemos, além de poesias, algumas histórias e muitas parlendas. Estes últimos serão os textos escolhidos para memorizarem e se arriscarem na escrita do que sabem de cor. Você pode acessar aqui a seleção de textos prevista para o período de março a junho deste ano.

segunda-feira, 17 de março de 2014

Por que ainda existem as figuras do “menino pegador” e da “menina galinha”?

Você já parou para pensar por que, diante de um mesmo tipo de comportamento, meninos e meninas são rotulados de maneiras tão diferentes? Para os garotos, essa fama é motivo de orgulho. Já para as meninas, de vergonha. O que há por trás destas interpretações?
Nossa herança cultural admite e admira a promiscuidade masculina como sinal de virilidade. Mas quando esse comportamento é exercido pelas garotas, elas são condenadas e rebaixadas em sua feminilidade. Quem nunca ouviu o conselho de que existem garotas para ficar e garotas para namorar?
A escola é fundamental para contribuir com uma relação de gênero mais apropriada, que desconstrua esse tipo de estereótipo tão nocivo para as relações sociais. Para isso, os alunos precisam entender de onde vem este comportamento e por que ele não cabe mais nos dias de hoje.
Macho que é macho não nega fogo!
Está aí uma frase que muitos meninos se habituam a ouvir desde cedo. A mensagem por trás dela é clara: o garoto não tem opção. Mesmo que não deseje uma garota, ele não deve dizer não. Caso o faça, isso pode ser interpretado pelos amigos como um sinal de que ele é gay.
É importante desconstruir esse conceito machista e sem fundamento. Querer ou não querer ficar com alguém não tem nada a ver com ser hétero ou homossexual, mas com respeito aos limites, valores e desejos. O professor tem papel significativo na vida de seus alunos e pode, por meio de um olhar diferente, mostrar a eles que os meninos têm o direito de fazer suas escolhas ao seu tempo.
Quando, por qualquer outro motivo – insegurança, autoafirmação ou por valores arraigados -, o garoto se orgulha de ser um “pegador”, cabe ao professor questioná-lo para entender se se trata apenas da reprodução irrefletida de um modelo socialmente concebido ou se esse comportamento faz parte da descoberta e do exercício da sedução – e do clima de “curtição” próprio da idade.
O professor deve debater com os garotos que, tão ou mais importante que a quantidade de aventuras, são os momentos de felicidade e de satisfação construídos com alguém. A intensidade de envolvimento afetivo e a qualidade das experiências sexuais são fundamentais para o garoto adquirir confiança em sua virilidade e viver o relacionamento sexual de forma espontânea e prazerosa.
Meninas têm que “se dar ao respeito”Para as meninas, o rótulo de “galinha” vem carregado de julgamento e desprezo. Desde a infância, a ideia de “se dar ao respeito” pressupõe uma série de restrições à conduta feminina, segundo um determinado padrão que orienta diversos comportamentos sociais das garotas, do vestuário aos hábitos sexuais. Em relação a este último, a orientação era clara: só era digna de respeito – e, portanto, adequada para o casamento – a menina que se mantivesse casta. As mulheres não deveriam ter interesse sexual. E se tivessem, a atitude correta era reprimi-lo.
Como manter este mesmo julgamento hoje, em que a mulher não é mais apenas dona de casa, esposa e mãe? A mudança de paradigma na construção da identidade feminina passou por sua emancipação social, econômica e afetiva. Atualmente, as mulheres não dependem mais dos homens em nenhum aspecto. Isso também vale para a escolha dos parceiros. Ficar com quem e quantos desejar é um direito sexual da mulher.
Ocorre que esse comportamento independente ainda assusta as pessoas mais conservadoras, que traduzem sua incompreensão em preconceitos. Uma boa estratégia para desconstruir essa impressão é promover uma roda de conversa com meninos e meninas, separadamente, para que eles debatam sobre os papeis sociais e a visão sobre o sexo oposto e depois reunir toda a turma para que eles dividam suas impressões e entendam melhor a visão do outro. Aí, eles poderão entender a complexidade presente nas relações humanas sem reduzi-las a estereótipos.
Em busca do equilíbrio
Muitas vezes, garotos e garotas ganham fama por ainda não terem conseguido concluir uma etapa do processo de desenvolvimento afetivo – é a “pegação sem noção”, como eles dizem. Eles ficam com uma pessoa, com outra, com quem aparecer sem o menor critério. O que importa não é a pessoa com quem se fica, mas o fato de ficar. Encaram o outro como se fosse um objeto. Ambos estão treinando o papel sexual e ainda não conseguem lidar com o indivíduo, mas apenas com o fato.
Mais tarde, quando estão seguros de si, é que conseguem olhar para a pessoa. Quando isso acontece, em geral, ambos passam a estabelecer de fato um relacionamento onde o amor acontece e o interesse e o respeito pelo outro se sobrepõem às tentações de um encontro fortuito. Mas, para isso, é preciso que se tenha convicção de que este comportamento vale a pena! E isto se adquire por meio do valores e modelos que cada um traz de sua história, experiências afetivas e confirmação social.

sexta-feira, 14 de março de 2014

A dislexia é uma doença inventada?

Confira trechos da entrevista com a psicóloga Beatriz de Paula Souza, que acredita que o diagnóstico de deslexia não leva em conta o contexto escolar, e acompanhe o bate-papo ao vivo com ela no dia 19 de março sobre medicalização. E mais: prorrogado o prazo para a Olimpíada Brasileira de Biologia, que sofre com a falta de recursos.

quinta-feira, 13 de março de 2014

Cronograma de tarefas organiza a rotina na secretaria da escola

As secretarias Bruna e Jéssica auxiliam na tarefas burocráticas da escola. Criamos um cronograma para não nos perdermos no
As secretárias auxiliam nas tarefas burocráticas da escola de Sonia. Foi criado um cronograma para elas não se perderem no “mar de papéis”. Foto: Arquivo pessoal
Não sei o que seria da escola sem a Bruna e a Jéssica. São elas – nossas secretárias de escola – as corresponsáveis pelo bom andamento da nossa Emef. Bruna já está conosco há quase seis anos e a Jéssica, nossa estagiária, há um ano. É com elas que divido minhas“angústias burocráticas” – a responsabilidade por todos os sistemas online de que precisamos a os documentos a criar, receber e dar destino. Só assim consigo dar conta de minhas demais ações na escola.
Alguns anos atrás, participei de uma capacitação promovida pelo MEC na qual o ministrante enaltecia a secretaria como o coração da escola. É nesse espaço em que o calendário, a agenda e o tempo andam de mãos dadas para cumprir seu destino: planejar para organizar.
Bruna, Jéssica e eu nos encontramos todos os dias imersas nesse “mundo de papéis”, com suas resoluções, memorandos e ofícios, cada qual com suas especificidades. E foi pensando nessa situação que criamos um organograma que prevê datas para os diferentes afazeres e, assim, garantimos o bom funcionamento da escola. Esse norteador de trabalho muito nos tem ajudado. Compartilho com vocês a seguir:
  • Janeiro:
Período de inscrição para transferências de escolas: após organizar as séries/anos e período, damos atendimento aos pais que desejam transferir seus filhos para outra unidade escolar ou vice-versa.
Cadastro dos alunos: cadastramos alunos novos, promovidos e retidos no sistema da Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo (Prodesp), cuja base de dados tem informações sobre todos os alunos dos municípios paulistas. Nós a verificamos todos os dias para atualizar informações, fazer transferências ou pedir liberação para novas matrículas.
Formação de classe: elaboramos o documento, que contém o nome dos alunos, data de nascimento, registro de matrícula (RM), registro do aluno (RA), nome do professor, período e indicadores se o aluno foi promovido ou retido na série/ano.
Históricos escolares: no final do mês começamos a fazer os históricos escolares dos alunos dos 5º anos que ingressaram no Fundamental 2.
  • Fevereiro e março:
Documentos do ano anterior: arquivamos os papéis enviados e ou recebidos na escola no ano letivo anterior.
- Arquivo morto: organizamos documentos que guardamos para futura consulta, como prontuário de alunos transferidos, cadernetas de chamadas, resoluções e até trechos destacados do Diário Oficial.
- Organização do Sistema de Gestão Integrada na Rede de Ensino (Gire): alimentamos essa base de dados municipal com informações administrativas da escola. O Gire é muito semelhante ao Sistema Prodesp, mas tem mais recursos, como emissão de boletim escolar, espaço para fotos de eventos da escola e registro de notas bimestrais dos alunos. Informar as notas é tarefa dos professores.
  • Abril e maio:
Censo Escolar: nesse período, cadastramos os professores em suas respectivas classes e período no sistema Prodesp e atualizamos os cadastros de alunos.
Consolidado: finalizamos esse documento. Criado pelas escolas da rede municipal de ensino de Itapetininga, ele aponta as notas e faltas bimestrais dos alunos. Professores preenchem e os pais assinam – é uma maneira de acompanhar o desempenho dos estudantes.
  • Setembro e outubro:
- Documentos para o próximo ano letivo: Solicitamos e preenchemos documentos como renovação de matrícula, inscrição de novos alunos, atualização de cadastro escolar e matrículas dos novos alunos.
  • Dezembro:
- Encerramento do ano letivo vigente: cadastramos todos os alunos nos sistemas Prodesp e Gire, apontando os que foram promovidos ou retidos na série/ano. Por fim, conferimos e organizamos os consolidados preenchidos pelos professores.
Temos também as rotinas mensais. Preenchemos e enviamos a cada mês todos os documentos solicitados pela Secretaria de Educação:
  • Dia 5: entregamos a solicitação de material escolar e de limpeza para o setor de almoxarifado.
  • Dia 10: enviamos o atestado de frequência (AF) de todos os funcionários da escola.
  • Final de cada mês: mandamos o mapa de merenda com os indicadores de estoque e consumo de alimentos.
  • Bimestralmente: levantamos as faltas de alunos que possuem Bolsa Família para preencher devidamente o formulário emitido pelo setor responsável.
E pensar que já fiz tudo isso sozinha! Dei conta? Na medida do possível, mas me peguei organizando essas datas para não prejudicar nem a mim e nem a escola.
Sei que nem todos os gestores possuem o “privilégio”, como muitos dizem, de ter essa figura tão importante dentro de seu espaço escolar. É o caso de alguns diretores aqui em Itapetininga (SP). Mas já nos encontramos na iminência de um concurso público para a contratação desses novos e tão aguardados secretários de escola. E quando tudo isso acontecer, vamos recepcioná-los de uma maneira muito carinhosa, dizendo: SEJAM TODOS MUITO BEM-VINDOS!

quarta-feira, 12 de março de 2014

Editor de imagens online

Colagem feita no Fotor com imagens da Wikipédia
Quer cortar uma imagem, aplicar um efeito especial, fazer uma colagem ou criar um mosaico de fotos (como este aí em cima) diretamente na internet? Pois aqui vão algumas dicas de editores de fotos online disponíveis para quem é iniciante ou já tem um pouco mais de esperteza no assunto.
Sites como o FotoFlexer, o Pixlr, o Fotor  e o próprio Photoshop oferecem uma série de ferramentas gratuitas para você deixar suas fotos mais interessantes ou criar uma imagem nova e original.
Em todos eles é possível usar as ferramentas de edição sem ter que se cadastrar, mas é preciso concluir o trabalho e salvar no computador antes de sair do site. Quando o usuário se cadastra de forma gratuita, é possível guardar os trabalhos para finalizá-los em outro momento e também compartilhar suas criações nas redes sociais.
Apenas o Photoshop não oferece a opção de outros idiomas além do inglês. Para facilitar sua experiência, nos outros sites, procure pelo botão Language no menu do aplicativo e escolha a opção Português do Brasil ou busque a bandeirinha do Brasil (no rodapé do FotoFlexer, por exemplo).
As funções básicas vão desde corrigir os olhos vermelhos de alguém, eliminar algum detalhe indesejável, mexer nas cores ou deixar preto e branco, até fazer um desenho ou inserir um texto sobre a imagem original. Além disso, a maioria também traz opções divertidas de molduras, apliques e efeitos para deixar seu trabalho mais personalizado e com aquele “tchans” que faltava. Mas tente não se empolgar com tantas opções e acabar exagerando na dose…
Confira no vídeo abaixo como foi feita a imagem que ilustra este post, utilizando o Fotor, um editor simples e versátil ao mesmo tempo. Mãos à obra!

terça-feira, 11 de março de 2014

Como elaborar provas que ajudam na aprendizagem

Uma reunião de formação vai ajudar os professores a elaborar exames cada vez mais eficientes para a avaliação dos alunos

Temida pelos alunos e questionada quanto aos resultados, a prova deixou de ser o único instrumento de avaliação usado pelo professor. Hoje, ele dispõe de outras ferramentas para verificar o conhecimento da turma. Contudo, isso não significa que a prova deva ser banida das salas de aula. Quando elaborada com precisão, pode ser uma ótima aliada para produzir um bom diagnóstico do que a turma aprendeu. O resultado de uma prova vai servir de parâmetro para que o professor aprimore seu planejamento e seu trabalho em sala de aula. Para que seja eficiente, porém, ela precisa ser preparada com cuidado e o coordenador pedagógico pode ajudar muito a equipe (veja os pontos que devem ser levados em consideração na elaboração de uma prova nos infográficos do último quadro).

"Apesar da necessidade de tornar a avaliação contínua e diversificada, a simples observação do professor nunca é suficientemente profunda e individualizada em uma classe com dezenas de estudantes. A avaliação por escrito, portanto, sempre terá sua importância", afirma Jussara Hoffmann, autora de livros sobre o tema e uma das críticas dos testes feitos apenas para atribuir um conceito aos alunos. Jussara propõe o uso de questões cujas respostas indiquem o que cada um aprendeu e, com isso, ajudem o professor a melhorar as aulas. Cabe ao gestor responsável pela formação permanente - em geral, o coordenador pedagógico - fazer reuniões para discutir os critérios de elaboração (leia mais no quadro abaixo).
Pauta da reuniãoOficina de prova
- Marque com os professores um encontro de formação para falar sobre os métodos de avaliação e o papel da prova escrita. Para que haja exemplos, peça ao grupo um exame elaborado com base no caderno de um aluno.
- Inicie falando sobre a importância de elaborar questões específicas para cada turma e baseadas nas práticas desenvolvidas em classe.
n Peça que os professores troquem entre si as provas e os materiais usados para elaboração.
- Os educadores devem ler os exames e analisar se entenderam o enunciado e se as questões coincidem em forma e conteúdo com as encontradas nos cadernos.
- Pergunte: as atividades são parecidas com as realizadas pelos alunos? As perguntas se justificam diante do que o professor quer saber? As questões estão claras? Há espaço para as respostas? As orientações estão adequadas?
- Cada educador devolve a prova ao colega que a elaborou com observações e sugestões de pontos a melhorar.
- Proponha a reformulação das provas atendendo às solicitações do colega.
- Por fim, peça que os participantes troquem novamente as produções e debatam se a nova versão resulta em um diagnóstico mais preciso do que os alunos aprenderam.

Consultoria: Priscila Monteiro, coordenadora da formação em Matemática da prefeitura de São Caetano do Sul, SP, e formadora do projeto Matemática É D+, da Fundação Victor Civita.
 Questões devem ter familiaridade com as atividades desenvolvidas nas aulas 
O principal problema destacado por especialistas é a falta de conexão entre as provas e o dia a dia da sala de aula. "As práticas pedagógicas estão mais diversificadas. Contudo, na hora de avaliar, os professores dão para o aluno uma folha com questões que não têm nenhuma relação com as atividades que ele está habituado a fazer", afirma Jussara.

O correto é tomar como base não apenas o conteúdo ensinado em sala mas também a forma como ele foi apresentado. Se uma turma trabalhou em duplas nas aulas e explorou as possibilidades de respostas de forma colaborativa, por exemplo, o mesmo método pode ser adotado no exame. "Não há motivo para fazer da prova uma surpresa para o grupo", afirma Beatriz Cortese, formadora do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), de São Paulo. Para ela, a melhor maneira de conferir se há a ligação entre o cotidiano da classe e as solicitações da prova é compará-la com as anotações nos cadernos.

Além de fazer a formação da equipe docente, debatendo as diversas estratégias possíveis para preparar uma boa prova, o coordendor pode avaliar uma cópia do exame antes de ele ser dado aos alunos, observando se as atividades conferem com o que foi ensinado. É interessante notar também a linguagem utilizada. O enunciado das perguntas explicita claramente o que os estudantes precisam fazer? Pegadinhas ou enigmas são inúteis, pois a equipe não terá condições de avaliar se o estudante não sabia o conteúdo ou se não entendeu o que foi pedido.

Lea Depresbiteris, doutora em Psicologia Escolar pela Universidade de São Paulo, destaca também a importância de entregar aos estudantes provas que não sejam muito fáceis nem difíceis demais. "O nível do desafio não deve ser nem tão alto que frustre o aluno, nem tão baixo que o torne desmotivado", explica. O ideal é que o exame não seja muito extenso porque a capacidade de concentração dos menores - principalmente nos primeiros anos do Ensino Fundamental - ainda está em desenvolvimento. "Aos 9 ou 10 anos, a criança costuma manter o interesse e a concentracão em uma só atividade por cerca de uma hora", afirma Lea. Para evitar o cansaço, oriente os professores a mesclar perguntas objetivas e dissertativas e a pedir que todos leiam as questões no início. Os mais ansiosos certamente começarão pelas mais simples, e os que se cansam rapidamente, por sua vez, poderão responder antes as mais complexas.
O olhar do coordenadorVeja o que você deve analisar nas provas elaboradas pelos professores. Compare-as com registros dos alunos e outros materiais para saber quais conteúdos foram estudados
Identificação
A prova deve ter um espaço adequado para a identificação do aluno e a nota do professor

Prova de Matemática Nome da escola:________________________________________
Nome do professor: ______________________________________
Nome do aluno: __________________________________________
Classe: _______
Data: ________ Conceito:______
Regras claras
As informações para a turma devem estar em destaque. O professor deve lê-las para que todos compreendam


Orientações para a realização da prova
Leia atentamente todas as questões da prova na frente e no verso da folha. Avalie quais são mais fáceis e quais são mais difíceis e decida por qual você quer começar.
Use lápis para o caso de você querer apagar. Se utilizar outra folha para rascunho, entregue-a para seu professor junto com a prova para ele considerar suas estratégias e não apenas o resultado.
Tempo
Nesta questão, há quatro problemas. Será que a prova não ficará muito longa? Peça ao professor que use a experiência das aulas para analisar se as crianças conseguirão manter a concentração.
Linguagem
Preste atenção nas palavras. Se o objetivo não é verificar o vocabulário, questione termos que possamser de compreensão difícil e comprometer o entendimento.

Objetivo
A pergunta corresponde ao que o professor realmente quer avaliar? Uma questão como esta pode gerar respostas pouco esclarecedoras, como "porque fiz a conta".

Espaço
Para evitar grande número de papéis e anexos, deve-se deixar espaço suficiente
entre as perguntas para rascunho e o desenvolvimento de raciocínios ou contas.
1) Resolva os problemas
- Um fazendeiro tinha 285 bois. Comprou mais 176 bois e depois vendeu 85 deles.
Quantos bois esse fazendeiro tem agora?

- Anália deve R$ 345,00 para Andréia e esta deve R$ 248,00 para Anália. Quem deve pagar a quem para que ambas as dívidas sejam saldadas? Quanto?

- Marcos, Laura e João repartem entre eles uma soma de dinheiro da seguinte maneira:
Marcos recebe o dobro de Laura. João recebe a mesma quantidade que Marcos e Laura juntos. João recebeu R$ 141,00. Que quantidade de dinheiro os três repartiram? Quanto Marcos e Laura receberam? Como você pode garantir que sua resposta está correta?

- Se eu tenho no banco R$ 6.754,00 e retiro todos os dias R$ 17,00, em quantos dias terei retirado todo o meu dinheiro?

__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________

FamiliaridadeO aluno está habituado ao conteúdo e ao tipo de questão? Para resolver esta questão, ele precisa ter trabalhado com tabelas em sala, além de ter noções de conceitos bancários.
2) Virgínia acompanha diariamente, pelo computador, o movimento de sua conta bancária. Os depósitos feitos na sua conta são lançados como créditos e os pagamentos ou retiradas são lançados como débito. Na tabela a seguir estão os lançamentos feitos em quatro dias do mês de março. Todos os valores estão em reais.
Março Créditos Débitos
2            25             100
5            320          50
8            42             0
10         101           205 
O saldo inicial era zero. Qual é o saldo atual de Virgínia ao considerar esses lançamentos?
Além da resposta
A pergunta objetiva é acompanhada de outra, que pede que os alunos expliquem como pensaram - uma maneira de o professor saber o que eles já sabem para ensiná-los com base nisso.

3) Marque o número mais próximo do resultado para cada um dos cálculos abaixo e explique como você chegou a ele.
tabela

segunda-feira, 10 de março de 2014

Escola também é lugar de tecnologia

A professora Silvia Rinaldi e os estudantes do 8º ano do ensino fundamental do colégio Santa Amália, no bairro da Saúde, usando um game com dicas de alimentação. (Foto: Ricardo D'Angelo)
A professora Silvia Rinaldi e os estudantes do 8º ano do ensino fundamental do colégio Santa Amália, no bairro da Saúde, usando um game com dicas de alimentação. (Foto: Ricardo D’Angelo)
Há poucos dias, um aluno recém-chegado à universidade, mais especificamente em um curso da área de Ciências Humanas, me contou um caso bastante sintomático sobre a maneira como a tecnologia ainda é encarada na sala de aula.
Ele me descreveu sua primeira semana na faculdade, aquele momento em que somos apresentados aos professores e às disciplinas que iremos cursar ao longo do semestre. O primeiro impacto sentido por ele foi a maneira como a coordenadora do curso se apresentou, informando logo de cara à todos:
– Quero que saibam que não estou aqui para ser amiga de ninguém. Presto um serviço para a universidade e não confundo, nem gosto que confundam, o meu papel. Não gosto de brincadeiras e não sou muito de risadas. Espero que me procurem somente quando houver um assunto de muita importância. Estamos combinados?
Ainda impactado pela falta de humanidade da coordenadora, e suspeitando tratar-se de uma aula trote, esse rapaz logo foi confrontado por outro anacronismo.
Durante as aulas que se seguiram, ele me contou que cada professor apresentou em Power Point o que chamaram de contrato de sala (popularmente conhecido como regras ou combinados da turma). Todos os contratos estavam prontos e sacramentados somente por um dos envolvidos: o professor. Claro que não se considerou o significado da palavra contrato, isto é, trato entre pessoas. Caso contrário, ele teria sido construído com o envolvimento, ainda que parcial, de todas as partes.
Pois bem, nesses contratos, duas das professoras do curso se posicionaram radicalmente contra o uso de computadores, tablets e afins. Uma delas não se deu ao trabalho de argumentar. A outra apresentou a seguinte justificativa:
– Sou da velha guarda e não aceito computador ou outro equipamento similar nas minhas aulas. O aluno, quando escreve, presta mais atenção porque tem que ler o que escreveu. Além do mais, ele pode se distrair usando a internet durante a aula…
Ai! Haja paciência! É ou não é subestimar muito o ser humano aluno que está ali?
Esse exemplo de rejeição ao uso da tecnologia em sala de aula confirma a dificuldade de muitos profissionais em conceber que a educação não pode se voltar contra uma realidade global. Ao se declarar como sendo da “velha guarda”, a professora assume que não sabe lidar com as inovações trazidas pela contemporaneidade para o dia a dia do profissional da educação. A situação fica ainda mais comprometida quando justifica que escrevendo o aluno terá mais atenção. Ora, isso significa que digitar não exige a leitura? Então todos os textos que produzimos no computador não são relidos, corrigidos ou modificados?
O receio de que a internet seja mais atraente do que sua explanação demonstra ainda a ausência de um planejamento que inclua pesquisas na internet durante a aula. E, finalmente, acreditar que a proibição da tecnologia garantirá a atenção e envolvimento dos alunos é, no mínimo, uma ingenuidade do professor.
Há bem pouco tempo, no 26º Encontro Nacional de Professores do Proepre – Neurociências e Educação, tive a oportunidade de ouvir dois respeitáveis neurologistas que afirmaram em suas palestras a impossibilidade de a escola atual impedir ou inviabilizar o trabalho com as novas tecnologias. Demonstraram cientificamente que a evolução no córtex cerebral humano possibilita às novas gerações consideráveis avanços em suas habilidades quanto ao mundo virtual e que, portanto, a Educação deve usar isso a seu favor.
Sendo assim, nosso foco deve estar nas diferentes maneiras de se utilizar as novas tecnologias como ferramentas pedagógicas e não em combatê-las. Na próxima semana, nos contrapondo aos relatos que serviram de exemplos quanto à postura ineficiente do educador frente aos combinados e utilização da tecnologia, trarei práticas e posturas favoráveis à construção da autonomia de nossos alunos.

sexta-feira, 7 de março de 2014

Quer que suas alunas se vacinem contra o HPV? Envolva pais e escola

Aluna recebe vacina contra HPV em escola do Distrito Federal - Foto: Elza Fiúza / Agência Brasil - CC
Aluna recebe vacina contra HPV em escola do Distrito Federal – Foto: Elza Fiúza / Agência Brasil – CC
No dia 10 de março, chega aos postos de saúde a vacina contra o HPV, o vírus que causa a maioria dos casos de câncer de colo de útero no mundo. A estratégia do governo é vacinar 80% das meninas entre 11 e 13 anos de idade do país. E, por isso, o Ministério da Saúde está incentivando as secretarias de saúde e educação a promover vacinações nas escolas.
Esta semana, uma professora de Maceió me perguntou como convencer as alunas a aderir à campanha de vacinação. Ela contou que sua escola está se preparando, mas as meninas não se animaram tanto. “Sou obrigada a tomar a vacina?”, uma perguntou. “Eu soube que dói e não quero tomar…”
Mobilizar as meninas sobre a importância de se vacinar será um dos grandes desafios das escolas em parceria com os postos de saúde. O Ministério da Saúde planeja distribuir oGuia Prático sobre HPV nas escolas, informando adolescentes, professores e pais sobre a importância da vacina. O governo iniciou em fevereiro uma capacitação a distância com profissionais de saúde e professores e também distribuiu um informe técnico aos estados e municípios.
Mas, na minha opinião, esse esforço pode não ser suficiente.  A contaminação pelo HPV está diretamente relacionada à atividade sexual das garotas. E muitos pais e professores não conseguem imaginá-las fazendo sexo aos 11, 12 anos. Algumas meninas e familiares podem ter um sentimento de negação.
É por isso que convido todos os professores a se engajarem nessa campanha. A causa é nobre e a vacinação contra o HPV, uma grande conquista para a saúde de nossas meninas.
Sugiro as seguintes atividades na escola:
- Sensibilize as meninasDê uma olhada em três recursos que podem ajudar escola e professor a expor às alunas a importância de vacinar. Escrevi aqui no blog um post sobre como trabalhar o tema com as alunas. Em outro post, falei sobre a vacina em si. E  o Guia Prático sobre HPV traz mais sugestões.
- Transforme a equipe escolar em formadora de opinião sobre o HPVConvide um professor para dar uma palestra sobre o HPV, a campanha e a importância da vacinação para a saúde da mulher. Se nenhum docente se sentir pronto, chame um médico, enfermeiro ou educador sexual – a secretaria de saúde da sua cidade pode ajudar com isso. Peça que todos os funcionários da escola participem, especialmente os professores. Dessa maneira, a equipe poderá sensibilizar pais e alunos.
- Faça dos pais aliadosUma das estratégias do Ministério da Saúde é recomendar que as escolas entreguem aos pais um termo de recusa. Alunas que não quiserem tomar a vacina devem trazer o papel assinado. Portanto, os familiares são fundamentais na adesão de suas filhas.
Chame os pais para participar de palestras, oficinas ou conversas com especialistas. Eles costumam ser leigos no assunto e precisam da atenção da escola para esclarecerem dúvidas e serem sensibilizados. Pode haver pais que achem a vacinação desnecessária – uma vez que não acreditam que suas filhas tenham relações sexuais. Alguns imaginam que a vacina incentiva as garotas a fazer sexo mais cedo. Outros familiares podem acreditar ingenuamente que as meninas nunca terão relações com parceiros infectados pelo vírus. E há quem tenha medo de que campanha force a uma conversa precoce sobre sexo com os adolescentes.
Sugiro uma oficina para engajar os pais na campanha. Veja como fazer:
1a etapaConvide os familiares a se sentarem, explique a razão do encontro e e apresente a campanha do Ministério da Saúde. Forneça informações sobre o HPV e a saúde das meninas. Em seguida, solicite que os pais formem duas fileiras, uma dos que são contra a vacinação e outra dos que são a favor.  Peça para que formem quartetos compostos por duas pessoas de cada fileira.
2a etapaSolicite que os pais contrários à vacinação expliquem seus motivos. Os pais a favor devem dizer como enxergam esses motivos, dando sugestões e argumentos para ajudar o outro grupo a compreender a importância do tema. A ideia é que os testemunhos ajudem os pais contrários a enxergar as vantagens da vacinação.
Os pais contrários devem contar aos favoráveis se foram convencidos a mudar de ideia e, em conjunto, todos podem pensar em ações para conversar com as meninas. Depois de concluir os trabalhos, os grupos apresentam o que concluíram.
3a etapaPara finalizar, você pode fazer um plano de trabalho com as atividades sugeridas pelos pais. Liste os nome dos pais que desejam se envolver na campanha, estabelecendo as respectivas atividades e prazo de realização.