sexta-feira, 7 de março de 2014

Quer que suas alunas se vacinem contra o HPV? Envolva pais e escola

Aluna recebe vacina contra HPV em escola do Distrito Federal - Foto: Elza Fiúza / Agência Brasil - CC
Aluna recebe vacina contra HPV em escola do Distrito Federal – Foto: Elza Fiúza / Agência Brasil – CC
No dia 10 de março, chega aos postos de saúde a vacina contra o HPV, o vírus que causa a maioria dos casos de câncer de colo de útero no mundo. A estratégia do governo é vacinar 80% das meninas entre 11 e 13 anos de idade do país. E, por isso, o Ministério da Saúde está incentivando as secretarias de saúde e educação a promover vacinações nas escolas.
Esta semana, uma professora de Maceió me perguntou como convencer as alunas a aderir à campanha de vacinação. Ela contou que sua escola está se preparando, mas as meninas não se animaram tanto. “Sou obrigada a tomar a vacina?”, uma perguntou. “Eu soube que dói e não quero tomar…”
Mobilizar as meninas sobre a importância de se vacinar será um dos grandes desafios das escolas em parceria com os postos de saúde. O Ministério da Saúde planeja distribuir oGuia Prático sobre HPV nas escolas, informando adolescentes, professores e pais sobre a importância da vacina. O governo iniciou em fevereiro uma capacitação a distância com profissionais de saúde e professores e também distribuiu um informe técnico aos estados e municípios.
Mas, na minha opinião, esse esforço pode não ser suficiente.  A contaminação pelo HPV está diretamente relacionada à atividade sexual das garotas. E muitos pais e professores não conseguem imaginá-las fazendo sexo aos 11, 12 anos. Algumas meninas e familiares podem ter um sentimento de negação.
É por isso que convido todos os professores a se engajarem nessa campanha. A causa é nobre e a vacinação contra o HPV, uma grande conquista para a saúde de nossas meninas.
Sugiro as seguintes atividades na escola:
- Sensibilize as meninasDê uma olhada em três recursos que podem ajudar escola e professor a expor às alunas a importância de vacinar. Escrevi aqui no blog um post sobre como trabalhar o tema com as alunas. Em outro post, falei sobre a vacina em si. E  o Guia Prático sobre HPV traz mais sugestões.
- Transforme a equipe escolar em formadora de opinião sobre o HPVConvide um professor para dar uma palestra sobre o HPV, a campanha e a importância da vacinação para a saúde da mulher. Se nenhum docente se sentir pronto, chame um médico, enfermeiro ou educador sexual – a secretaria de saúde da sua cidade pode ajudar com isso. Peça que todos os funcionários da escola participem, especialmente os professores. Dessa maneira, a equipe poderá sensibilizar pais e alunos.
- Faça dos pais aliadosUma das estratégias do Ministério da Saúde é recomendar que as escolas entreguem aos pais um termo de recusa. Alunas que não quiserem tomar a vacina devem trazer o papel assinado. Portanto, os familiares são fundamentais na adesão de suas filhas.
Chame os pais para participar de palestras, oficinas ou conversas com especialistas. Eles costumam ser leigos no assunto e precisam da atenção da escola para esclarecerem dúvidas e serem sensibilizados. Pode haver pais que achem a vacinação desnecessária – uma vez que não acreditam que suas filhas tenham relações sexuais. Alguns imaginam que a vacina incentiva as garotas a fazer sexo mais cedo. Outros familiares podem acreditar ingenuamente que as meninas nunca terão relações com parceiros infectados pelo vírus. E há quem tenha medo de que campanha force a uma conversa precoce sobre sexo com os adolescentes.
Sugiro uma oficina para engajar os pais na campanha. Veja como fazer:
1a etapaConvide os familiares a se sentarem, explique a razão do encontro e e apresente a campanha do Ministério da Saúde. Forneça informações sobre o HPV e a saúde das meninas. Em seguida, solicite que os pais formem duas fileiras, uma dos que são contra a vacinação e outra dos que são a favor.  Peça para que formem quartetos compostos por duas pessoas de cada fileira.
2a etapaSolicite que os pais contrários à vacinação expliquem seus motivos. Os pais a favor devem dizer como enxergam esses motivos, dando sugestões e argumentos para ajudar o outro grupo a compreender a importância do tema. A ideia é que os testemunhos ajudem os pais contrários a enxergar as vantagens da vacinação.
Os pais contrários devem contar aos favoráveis se foram convencidos a mudar de ideia e, em conjunto, todos podem pensar em ações para conversar com as meninas. Depois de concluir os trabalhos, os grupos apresentam o que concluíram.
3a etapaPara finalizar, você pode fazer um plano de trabalho com as atividades sugeridas pelos pais. Liste os nome dos pais que desejam se envolver na campanha, estabelecendo as respectivas atividades e prazo de realização.

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