sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Trabalhar com pessoas

O desafio é orquestrar os diversos saberes e fazeres para que todos, afinados, trabalhem na construção e uma Educação de boa qualidade

Terezinha Azerêdo Rios. Foto: Marina PiedadeÉtica na escola
Terezinha Azerêdo Rios é graduada em Filosofia e doutora em Educação.

É muito comum ouvir alguns educadores dizerem que seu trabalho é importante ou mais complexo do que o de outros profissionais porque nele se lida com pessoas. Na escola, os gestores ressaltam essa sua responsabilidade à medida que administram processos com o intuito de desenvolver pessoas múltiplas e diferentes. 

Embora a princípio não se possa discordar dessas falas, é fundamental refletir sobre o que, de fato, se quer dizer com isso. Podemos trabalhar com indivíduos tanto para desenvolver suas potencialidades, trazer alegria e ajudar como também para aprisionar ou fazer sofrer. 

O sociólogo austro-americano Peter Berger, em seu livro Perspectivas Sociológicas, diz que trabalhar com pessoas pode significar "retirá-las de favelas ou metê-las na cadeia, bombardeá-las com propaganda ou extorquir-lhes dinheiro (...), levá- las a produzir melhores automóveis ou transformá-las em melhores pilotos de bombardeios". Assim, o resultado pode ser acolhê-las e reconhecer as diferenças ou, ao contrário, excluí-las, ignorando-as ou forçando-as à solidão. 

Pessoas são gente - e aí nos referimos a seres humanos. Muitos ou apenas um. E até mesmo todos - gente do campo, gente brasileira, gente grande, gente fina, gente boa. Dizemos que o que queremos mesmo é sermos reconhecidos como tal, ser gente de verdade. Isso tem a ver com identidade, cidadania e direitos. E vida de gente não é vivida sozinha. Aponta-se, assim, a necessidade de ela ser solidária. 

Costumo dizer que a solidariedade é o respeito levado às últimas consequências. Ou seja, a consideração cuidadosa das pessoas, em sua alteridade, sua diferença. O outro é outro eu. O coletivo é composto de inúmeros "eus", muitas pessoas, muita gente. A solidariedade é construtiva, criadora de possibilidades. Porém, é difícil instalá-la no espaço escolar. A equipe gestora percebe que há limites no interior dela mesma e, com frequência, se refere aos que encontra na relação com professores, alunos e comunidade escolar. Sem a presença da solidariedade, como formar uma equipe? 

Tenho observado a solidariedade em um grupo de chorinho com o qual partilho o trabalho num programa de Educação continuada de gestores. Em suas apresentações, percebo, entre melodias e acordes, a atenção ao aceno do líder, a troca de olhares e sorrisos, o silenciar para dar lugar ao instrumento do outro, o empenho em entrar na hora certa e a alegria em mobilizar e encantar a plateia. No início, a afinação dos instrumentos para alcançar a harmonia desejada. Depois, improvisos, surpresas. Por fim, o aplauso como reconhecimento da beleza. E eles vão em frente, Chorando as Pitangas, que é como se chama o grupo. 

Ouço a música que eles tocam, analiso a maneira como agem e faço uma analogia com o que deveria ocorrer nas escolas. Ao gestor cabe organizar a comunidade para que todos realizem suas tarefas em harmonia, numa orquestração de saberes e fazeres diferenciados, num ritmo de gente afinada na construção da Educação de boa qualidade e desafiada por esse objetivo. O grupo de chorinho me faz acreditar que ganha a vida, no sentido mais rico da expressão, com seu trabalho. Chego à conclusão de que a gestão deve caminhar nessa direção: do ganhar a vida, vida de gente.

A primeira reunião do ano com professores e funcionários

No início do ano letivo, os gestores devem se empenhar em criar um bom clima de trabalho na escola, acolhendo os novatos e também os veteranos
No início do ano letivo, os gestores devem se empenhar em criar um bom clima de trabalho na escola, acolhendo os novatos e também os veteranos
Começo de ano é uma das épocas que mais gosto na rotina escolar, porque vamos começar a construir uma história nova! E como daremos início às atividades fará toda a diferença.
A cada ano, fica mais claro para mim que uma boa convivência entre todos os membros da escola e uma relação pautada no profissionalismo, respeito e objetivos comuns são determinantes para assegurar a qualidade do trabalho pedagógico. É responsabilidade da equipe de direção instaurar um bom clima de trabalho.
Acredito que a primeira ação para construir um ambiente saudável seja planejar a primeira reunião do ano, acolhendo a todos e explicitando algumas especificidades da instituição. Mesmo que a escola faça parte de uma rede, cada uma constrói o seu funcionamento, definindo sua identidade ao longo dos anos. Então, é preciso compartilhar tudo com os novatos.
Planejando a reunião
No início do ano, um dos cuidados que precisamos ter é estabelecer um vínculo bacana com todos os professores e funcionários. O acolhimento dos novatos e também dos veteranos deve estar presente nas atitudes diárias e ser um dos pontos principais na pauta do primeiro encontro.
Mensagem: Vale fazer um cartão, com mensagens distintas para cada grupo (novatos e antigos), ou um marcador de livros para ser entregue para cada pessoa, na medida em que elas chegam para a reunião. Outra possibilidade é passar uma mensagem coletivamente. Uma sugestão que já fiz e o grupo gostou muito foi tocar a música Filtro Solar e entregar a letra impressa. A voz de Pedro Bial combinado à poesia que ele declama dá um tom mais contemporâneo sem cair na pieguice de algumas mensagens que mais parecem conselhos de autoajuda.
Dinâmica: Preparar uma dinâmica para que todos se conheçam é oportuno, mas é preciso cuidar para que ela não se estenda muito, pois a pauta é longa.  Uma que gosto é aquela na qual você define as duplas ou solicita que cada um procure uma pessoa que ainda não conhece ou não tenha muita convivência. Depois, você orienta para que conversem por cerca de dois minutos, incluindo nesse bate papo uma meta ou objetivo pessoal ou profissional para o novo ano.  Em seguida, cada pessoa apresenta o colega com quem conversou. Exemplo: se a Ana conversou com a Maria, será a Ana quem apresentará a Maria para o grupo, compartilhando o objetivo da colega  e vice-e-versa.
Claro que os membros da equipe de direção também fazem dupla com algum novato na escola, pois é fundamental que se incluam no grupo e participem da dinâmica para estabelecer vínculos.  Aliás, isso vale para todas as atividades, pois é bem chato quando os gestores ficam apenas olhando e não participam, seja em palestras, cursos ou oficinas. Mesmo que eu já tenha feito o mesmo curso antes dos professores, volto a participar ativamente com eles.
Depois desses dois primeiros momentos, cabe uma fala (curta!) de cada membro da equipe desejando um bom ano para todos. Bem, depois disso é hora de entrar na pauta da reunião propriamente dita e explicar o que farão nesse e nos outros dias do planejamento. O exemplo que vocês encontram clicando no link anterior é um documento que elaborei para uma escola na qual dou assessoria.
E você, coordenador, já está fazendo a sua pauta? Como você planeja o primeiro encontro?

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

5 ações para aumentar a segurança nas escolas

Ao invés de grades, cadeados e câmeras, medidas como a criação de um fórum para discutir o tema e parcerias com outras instituições ajudam a prevenir delitos com mais eficácia

segurança escolar
Aluno atuando como "Agente da Paz" -programa entre os parceiros ONGUniversidade da Paz e a escola EE HildaTeodoro Vieira, mediando briga entrecolegas no intervalo das aulas, emFlorianópolis, SC.

A preocupação com a vulnerabilidade das crianças e dos jovens na escola sempre tirou o sono de pais e gestores. Seja nas unidades localizadas no que os especialistas chamam de áreas de risco (veja reportagem sobre o tema), seja em escolas situadas em bairros considerados seguros, há sempre o temor de furtos, danos ao patrimônio e abordagem dos alunos por traficantes. Um gestor que quer evitar surpresas pode ter a ideia de colocar grades e cadeados em todas as salas e instalar câmeras de segurança. Contudo, apesar de essas medidas darem a sensação de proteção e serem importantes em alguns casos, se tomadas isoladamente tornam a escola refém do próprio entorno.
É importante envolver a equipe e a comunidade em um debate permanente sobre o assunto e criar um grupo representativo de todos os públicos da escola para mapear os pontos mais frágeis e discutir as possíveis soluções em conjunto. Paralelamente, pequenas ações - como ter um porteiro atento, nos horários de entrada e saída dos alunos, abordar a violência nas reuniões de pais e promover palestras preventivas com as famílias - podem fazer a diferença. Conheça a seguir cinco pontos que contribuem para garantir a seguran

Fim das férias: como sintonizar os alunos ao ambiente escolar?

No retorno às aulas o professor encontra, em geral, uma turma cheia de energia e com muita novidade para compartilhar com os colegas. Para os jovens, as férias de verão costumam ser bastante agitadas.
No ano passado, um professor de Física me contou que ele achava este período do ano muito difícil, pois os alunos sempre se encontram muito dispersos. Quando eles finalmente param de falar, o olhar vai longe, parecem estar sonhando acordados!
Em uma situação como esta, costumo orientar para que o professor, antes de chegar explicando como abordará o conteúdo, observe o comportamento dos alunos e, na primeira aula, abra uma roda de conversa sobre as férias, aquecendo os jovens gradativamente para a volta às aulas.
Nas férias, o calor e os dias livres para gozar a vida e fazer novos amigos são um convite à sensualidade recém aflorada e ao encontro amoroso! Esse é um clima mais que propício para o namoro de verão. Não é raro que isso aconteça. E é ainda com este gostinho que os alunos voltam às aulas. Com a mente distante, os pensamentos vagueiam na saudade e na expectativa dos desdobramentos de um relacionamento novo… E agora?
O amor de férias sobe a serra?
Professor, este é um bom momento para conversar com os estudantes sobre amor e paixão, podendo ajudá-los a encontrar as respostas que tanto anseiam.  Por mais clichê que pareça, pode ser útil tematizar com os alunos sobre esses dois sentimentos: a paixão é cega, uma empolgação com tempo marcado para acabar. Já o amor ilumina todas as coisas, é um envolvimento que constrói a alegria de se estar junto e compartilhar os desejos e as conquistas pessoais e profissionais.
Manter um pé na realidade durante as férias não faz nenhum mal e, ao contrário do que muitos pensam, pode fazer toda diferença na qualidade do período de descanso e do romance que possa acontecer.
A magia pode ser enganosa
O clima envolvente das férias, misturado com a paixão, pode deixar qualquer um vulnerável, se os jovens não estiverem atentos à prevenção da gravidez e das DST/Aids. É aí que as consequências do amor de férias podem deixar marcas com as quais um jovem, sozinho, não vai saber lidar.
Observe seus alunos e, se suspeitar de algo, aproxime-se e chame-o para conversar a sós. Você pode ser a pessoa que ele precisa para contar o que está acontecendo. Para isso, nenhum professor precisa ser especialista em sexualidade. Basta ter um ouvido ativo e não julgar.
Sempre há o que perder quando não se respeitam valores e limites. A Educação Sexual ajuda os jovens a identificar e compreender suas crenças e valores pessoais, além de ajudá-los também a reconhecer seus limites num relacionamento a dois. Vale a pena investir nesta temática e apoiar os alunos em suas vivências, contribuindo para que eles encontrem mais concentração e motivação na aprendizagem escolar.
E aí, já pensou em algumas estratégias para recepcionar seus alunos nesse início de ano? Deixe sua sugestão nos comentários.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Regras morais e convencionais: qual a diferença?

Post do blog de orientação educacional sobre a explicação das regras para os alunos. Ilustração: André Menezes/Editoria de Arte
Um bom exercício para fazermos durante nossa vida de educadores é refletir sobre nossas reações diante de diferentes “problemas” que enfrentamos com nossos alunos. Você já parou para pensar como reage quando um aluno deixa de fazer a tarefa de casa? E quando usa fones de ouvido na sala de aula? E quando coloca apelidos em algum colega?
Refletindo hoje sobre minha prática como professora, me dou conta de que muitas vezes acabei me incomodando e me mobilizando mais com transgressões aos combinados convencionais (aquelas que negociamos com os alunos) do que com o desrespeito a regras morais, que não devem ser negociadas. Acredito que isso seja comum também a outros educadores que, como eu fazia, deixam de refletir com a turma sobre a importância dessas normas estabelecidas pela moralidade.
Com o auxílio da literatura, começamos por defini-las. Segundo Silvia Parrat-Dayan, pesquisadora da Universidade de Genebra: “as regras morais estão associadas à justiça, à integridade dos outros e ao respeito aos seus direitos”. Elas tratam, portanto, de valores que se aplicam a todo ser humano independente da cultura, raça ou religião e não são passíveis de negociação.
Não se negocia atitudes de violência física, psicológica ou moral. Não se negocia o respeito ao ser humano, à propriedade ou à boa convivência. E por isso, as regras morais, possuem um valor maior para o trabalho com o desenvolvimento da autonomia de nossos alunos do que as convencionais. Isso não significa que estas últimas não sejam também importantes para a organização da vida social. Mas é sempre bom alertar: o que é convenção não pode e não deve se sobrepor ao que é moral, caso contrário, estaremos diante de uma inversão de valores.
Pensemos juntos! Toda regra, seja convencional ou moral, deve nos dizer como agir, o quedeve ou não ser feito, certo? As regras regulam a convivência, e por isso, são tão necessárias, mas é também necessário refletir sobre sua aplicação É indispensável nos perguntarmos: em nome de que se deve agir. Afinal, no que se baseia tal regra? O que a sustenta? Enfim: Qual é o princípio que orienta o caminho a ser seguido?
E aqui vamos entender algo fundamental: todas as regras são baseadas em princípios – morais ou não morais. Resta-nos, portanto, uma boa reflexão sobre quais princípios têm se evidenciado mais em nossas relações (com alunos e colegas): será o da organização, o do controle, o da obediência; ou, o do respeito, o da justiça, o da generosidade?
A resposta parece ser óbvia e simples. Nem tanto. Imaginemos algo totalmente “improvável” na escola: um aluno chega atrasado para a aula, em que há a regra de “Estar dentro da sala antes da entrada do professor”. Explica que estava acompanhando um colega de outra sala que passara mal no banheiro. Antes mesmo de ouvir a justificativa do aluno o professor faz um belo discurso, trazendo inclusive, à tona (lá do “fundo do baú”), outras situações em que o mesmo aluno supostamente tenha “atrapalhado” ou “interrompido” a aula, não permitindo sua entrada na sala.
Analisemos detalhadamente a situação: em nome do controle e da organização, houve o menosprezo a uma atitude moral, de generosidade. E mais, a exposição e humilhação do aluno como personagem central do sermão, ferem o princípio moral do respeito à dignidade.
E aí vocês podem indagar: “Mas e se for mentira do aluno?” Minha resposta é: a verdade é outro princípio moral a ser trabalhado nas relações em que a confiança está presente. Portanto, naquele momento, o foco não deve ser a mentira (ou não) do aluno.
Uma atitude construtiva, em que prevalecesse um princípio moral por parte do educador, deveria permitir a entrada do aluno, alertando-o sobre o que já tivesse sido feito em sala de aula a fim de integrá-lo ao grupo. Esse ato mostra confiança na palavra do aluno e valida solidariedade como um valor importante. Caso ele esteja mentindo, sua atitude poderá provocar no aluno o sentimento de vergonha e culpa por não estar agindo de acordo com a confiança depositada pelo professor.
O exemplo de atraso dos alunos é somente uma das muitas situações que enfrentamos em nosso dia a dia, na escola. Cabe-nos, porém, pensar o que queremos para nossas crianças e jovens: uma educação que reproduza o conformismo e a obediência cega às regras, ou uma que se fundamente no respeito ao ser humano?
Fica aqui uma sugestão: Ao invés de repetirmos a ideia de que a escola é o reflexo da crise moral da sociedade, façamos nosso papel também de agentes morais, conscientes de que um trabalho compromissado com a formação do ser humano pode refletir e inspirar uma sociedade mais justa.

Quando é o melhor momento para realizar as atividades diagnósticas?

Quando voltam das férias, as crianças precisam de um tempo para entrar novamente na rotina escolar. Deixe as atividades diagnósticas mais para frente e invista em atividades mais tranquilas
Quando voltam das férias, as crianças precisam de um tempo para entrar novamente na rotina escolar. Deixe as atividades diagnósticas mais para frente e invista em atividades mais tranquilas
Depois do terceiro dia de aula, a Ana, uma professora de uma turma de 5 anos, na qual todas as crianças já haviam sido alunas da escola no ano anterior, veio bem preocupada conversar comigo. Ela me disse o seguinte:
“Leninha, estou bem preocupada com a turma deste ano. Eles são muito agitados e parece que não conhecem a rotina da escola. Pegam os jogos e brinquedos e não colocam de volta no lugar, não se concentram nas atividades, o tempo todo é um cutucando o outro. Nas atividades que propus, poucos estão escrevendo seu nome com autonomia. A escrita da maioria está na fase pré-silábica e até para fazer quantificação parece que é turma novata na escola. O que será que aconteceu? Antes do início das aulas, dei uma lida nos relatórios do ano anterior e os últimos diagnósticos de escrita e matemática são bem mais avançados do que estão demonstrando agora… Será que a professora ajudou nas atividades?”
A Ana é uma ótima professora, experiente nessa faixa etária e muito atenta às aprendizagens das crianças. Entretanto, todo começo de ano ela estranha muito!
Depois de alguns anos acompanhando o início de ano de diferentes professoras veteranas na escola, consigo dar uma explicação: elas começam o ano tendo em mente como era sua turma no final do ano anterior e, então, comparam a turma iniciante com aquela que saiu em dezembro. Só que são turmas muito diferentes, não é mesmo?
Ao longo dos meses, as crianças vão entrando no ritmo do professor, escrevem seu nome e participam de muitas atividades diariamente. Aí, chegam as férias, com uma rotina (ou falta dela!) bem diferente e, quando se inicia um novo ano letivo, elas têm colegas e professoras novos, mudam de sala e retornam querendo explorar tudo!
Diante disso, acredito que devemos considerar dois pontos:
1-      Essas crianças precisam de um período de adaptação à rotina escolar e ao professor
Conversei com a Ana para que nas duas primeiras semanas de aula propusesse atividades mais voltadas à integração das crianças e à adaptação à rotina escolar e ao jeito do professor.
Para quem está de fora, é bem visível o jeito particular de cada professor encaminhar a gestão da turma. Há professor mais controlador e outros que dão mais autonomia para as crianças; uns lidam bem com certas transgressões (naturais em qualquer grupo) e outros exigem mais disciplina quando estão fazendo as atividades; uns querem os jogos e brinquedos organizados de determinada maneira e outros não se importam tanto. As pessoas são diferentes e o coordenador pedagógico precisa respeitar o jeito de cada um, desde que todos estejam fazendo uma gestão de sala considerando e respeitando as crianças também.
Sugeri, então, que a professora planejasse atividades variadas, tais como:
  • Arte: desenho coletivo no papel kraft; pintura na parede de azulejos; coleta de folhas e pauzinhos pelo pátio da escola para elaboração de uma montagem em duplas (land art);
fazer a massinha de modelagem (distribuindo 2 copinhos de café, ½ de sal, água e corante para cada criança) sentados em roda
  • Oralidade: colocar pistas dentro de uma caixa para as crianças descobrirem imagens de animais que foram colocadas dentro dela; ensinar um poema e propor que memorizem e recitem para a turminha de 2 e 3 anos que está em adaptação e na maior choradeira
  • Leitura: atividades de leitura do nome através de brincadeiras; leitura dos itens registrados na rotina do dia; leitura dos títulos das capas dos livros de histórias
  • Escrita: brincar de forca com os nomes das crianças; ditar as letras para escrever a brincadeira de movimento do dia; escrita de substantivos com letras móveis (em duplas). Todas as atividades são de escrita coletiva
  • Matemática: brincar de recitar os números enquanto esperam o horário de sair para o parque; fazer jogos ou brincadeiras no pátio na qual tenham que quantificar, como “Mamãe, posso ir?” (um líder determina quantos passos cada criança pode dar imitando um animal)  e “Circuitos” (subir a escada do escorregador, dar 5 passos grandes, contar até 20 com as mãos no muro e depois andar na mureta do tanque de areia contando até quanto for possível, por exemplo), brincar de pular corda contando até que número se consegue saltar
Certamente essas atividades permitirão que a turma se conheça, volte à rotina de uma maneira mais tranquila e aprendam a trabalhar coletivamente.
2-        As atividades diagnósticas devem ocorrer apenas depois dessa readaptação
Tanto na turma de 4 anos como na de 5, sugeri as professoras que planejassem as atividades de diagnóstico dos saberes de cada criança apenas a partir da terceira semana de aula.
Tudo que deixamos de fazer por um determinado tempo precisa ser retomado aos poucos e isso também vale para os pequenos. Ora, eles ficaram quase dois meses sem a rotina de escrever seu nome na folha de atividades, sem ter que pensar em letras e números e estar com tantas crianças e regras de convivência. Agora, é preciso repertoriá-los para depois propor uma atividade que mostre o que cada um sabe de verdade. Vou tratar desse assunto com mais detalhes na próxima semana!
E voltando ao nosso caso inicial… Depois que conversei com a Ana e relembrei o início dos anos anteriores, ela concordou que estava esquecendo que eles são bem menores no começo do ano e que, de fato, sua mente estava na turma na turma do ano anterior.
E vocês, coordenadores, como planejam as duas primeiras semanas de aula?

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Onde encontrar boas imagens para suas apresentações e aulas


Onde encontrar boas imagens gratuitas na internet
Nada mais rápido e fácil que usar o Google Imagens quando você procura uma imagem qualquer na internet, certo?
O sistema é bom, claro. Mas nem sempre o resultado da busca traz fotos de boa qualidade e com autorização de uso.
Se você está procurando por imagens bacanas e gratuitas para deixar seus trabalhos e apresentações com aquele toque profissional, pode ser melhor buscar em bancos específicos. Flickr, Dreamstime, Stock.XCHNG, EveryStockphoto, Openclipart e Agência Brasil dizem alguma coisa para você? Vão dizer a partir de agora! Neste post, apresento algumas dicas de como explorar o melhor dos bancos de imagens na internet.
Aí vão algumas dicas de onde encontrá-las…
Flickr é um dos maiores repositórios de fotos que existe. Por lá, milhões de fotógrafos – amadores e profissionais – do mundo todo guardam e exibem seus trabalhos. Existem fotos protegidas e que não podem ser baixadas, mas muitos usuários permitem a cópia e a utilização de suas imagens, seguindo as regras de direitos autorais da Creative Commons. Em alguns casos, citar o nome do autor da imagem no seu trabalho é o máximo que os fotógrafos esperam como retribuição…
Como lá existem fotos publicadas de toda parte do mundo, você pode usar a ferramenta de busca em português ou qualquer outro idioma, mas usar o inglês vai trazer muito mais opções como resultado na sua pesquisa.
Além do Flickr, existem alguns bancos de imagens que também oferecem fotos e ilustrações gratuitas para uso limitado a trabalhos não-comerciais. E como quase todos são em inglês, uma boa dica para quem não tem muita intimidade com o idioma é usar o Google Tradutor para traduzir os sites e também as palavras que vai usar na busca.
Nos exemplos abaixo, vamos mostrar alguns sites e o que você pode encontrar por lá. Lembrando que para fazer o download das imagens é preciso criar uma simples conta de usuário com o seu email e uma senha qualquer.
Dreamstime tem uma área de fotos gratuitas classificadas por temas (animais, arte/arquitetura, natureza, tecnologia, pessoas, objetos etc) e já está traduzido para o português (de Portugal…). Na hora de usar a busca, é bem melhor apelar para o inglês: você vai obter melhores resultados.
Onde encontrar boas imagens gratuitas na internet
A tela acima mostra o resultado para a palavra photography. Clicando na amostra da foto escolhida, o site abre uma nova janela com as informações da imagem, um botão para descarregar o arquivo e também uma lista de outras palavras-chave relacionadas com a foto, para você refinar a sua busca e encontrar o que está procurando.
Experimente também o Stock.XCHNG, o Openclipart ou o  EveryStockphoto.
Estes e outros sites contém uma boa diversidade de imagens mais genéricas, mas se você estiver procurando algo mais específico, como foto de planetas, visite a galeria de imagens daNASA ou a Agência Brasil se estiver procurando por fotos do nosso cenário político…
Se você conhece alguma opção para imagens históricas, do corpo humano e outros interesses específicos de cada disciplina, deixe sua sugestão para os seus colegas aqui nos comentários.
Bom trabalho!

Como fazer os combinados com a classe?


Aida Kuri Souza Jansen, professora, com seus alunos da EEB Natálio Wassoler, em Forquilha/SC. Blog de Orientação Educacional Aluno em Foco. Site GESTÃO ESCOLAR. Foto: Andreza Bergman

Esse tema, aliás, parece estar na moda. O que é, ao mesmo tempo, positivo e negativo. Por um lado, trata-se de um assunto importantíssimo no processo de desenvolvimento dos estudantes e, portanto, merecedor de atenção. Por outro, a atenção dada ao tema faz com que surjam muitas interpretações equivocadas, em que os educadores acabam indo na direção oposta à construção de bons relacionamentos, ainda que tenham a boa intenção de estabelecer uma prática democrática – o que nós sabemos que não é suficiente.
O conhecimento teórico, oferecido pelos inúmeros pesquisadores que há tanto vêm contribuindo com nosso trabalho, é imprescindível para que avancemos com nossas práticas. No post de hoje, trabalharei com a perspectiva apresentada pelo psicólogo americano Elliot Turiel e pelas professoras brasileiras Telma Vinha e Luciene Tognetta (ao final do post, deixo indicações das obras que utilizei como referência).
Antes de começar a falar propriamente sobre a maneira de estabelecer combinadosconvencionais, acho importante  diferenciá-los das regras morais. A primeira categoria diz respeito a acordos firmados entre cada professor e a turma para que as aulas funcionem melhor. Eles dependem dos conteúdos estudados, da disciplina e da faixa etária dos alunos. Nas aulas de Matemática, por exemplo, pode ser importante combinar como será feito o uso da calculadora, enquanto o professor de Língua Estrangeira combinaria o uso de português em sala. Esses combinados são uma convenção e, portanto, podem ser negociados. Já as regras morais não são — ou não deveriam ser — passíveis de negociação. Na semana que vem, falaremos mais sobre essa segunda categoria.
Combinados sob demanda
Bom, tendo clareza do que são as regras convencionais é necessário que as tornemos realmente significativas para nossos alunos. Isso acontece quando elas surgem a partir das necessidades do grupo e não quando iniciamos o ano discursando sobre o que a turma deve ou não fazer. As situações de conflito não podem ser antecipadas e prevenidas apenas apresentando rapidamente as regras da “minha aula” “para minha turma”. O engajamento da classe acontece à medida que a garotada se sente pertencente ao espaço de discussão.  Somente quando percebem que são ouvidos, veem sentido em cumprir as regras e combinados do grupo.
O professor de Matemática que já citamos, por exemplo, só discutiria o uso da calculadora se notasse o uso inadequado do equipamento a ponto de interferir nas aprendizagens da turma. O docente apresentaria a questão à turma e as motivações pelas quais ele considera ou não problemática a presença do material em determinada atividade. Em seguida, ouviria as opiniões dos alunos para então listar com a turma as situações em que seria ou não permitido o uso da calculadora.
Também é importante que os alunos participem da elaboração das sanções caso o combinado seja descumprido (mais a frente, falaremos com mais detalhes sobre essas sanções). Como os combinados são uma espécie de “contrato social”, é importante que a ruptura deste seja sentida pelo grupo como um todo, abrindo espaço para boas reflexões e possíveis reparações.
É comum que os professores decidam expor essas regras em um quadro ou um cartaz. A minha opinião sobre isso é: se as etapas de elaboração coletivas foram cumpridas, por que não? Mas quanto menor for a lista, melhor! Ao fazer o registro, lembremos de que frases assertivas, positivas, surtem melhor efeito psicológico do que as negativas. Portanto, evitemos o “Não isso”, “Não aquilo” e usemos a forma afirmativa do que o grupo definiu como importante para o bom andamento das aulas.
Vale enfatizar, mais uma vez, que é necessário adequar essa estratégia de acordo com os conteúdos e a faixa etária dos alunos. Respeitando esse princípio, é possível trabalhar dessa maneira com todos os segmentos: da Educação Infantil ao Ensino Superior.

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Dica de site para converter arquivos gratuitamente

Você já encontrou dificuldades para abrir um arquivo no computador por causa do formato dele? Ou já teve vontade de transformar um arquivo de Word ou Excel em formato PDF ou em imagem, por exemplo?
Então, conheça um site que permite, em poucos cliques, converter qualquer arquivo (como de áudio, vídeo, texto e imagem) ou páginas da internet nos mais diferentes formatos: Zamzar.
Para utilizar o serviço, são quatro passos simples:
1-      Acesse o site e anexe o arquivo diretamente do seu computador ou cole o endereço da página (a chamada URL);
2-      Selecione o formato que você deseja;
3-      Digite seu e-mail;
4-      Clique no botão “convert”.
Um novo link será enviado para seu endereço eletrônico. Clique neste endereço e, depois, no botão “download now”. Pronto! Agora você poderá baixar e salvar o novo arquivo em seu computador.
Assim como o Zamzar, existem muitos sites e programas que fazem esse tipo de conversão de um arquivo. Contudo, além de oferecer uma ampla gama de formatos, esse site é gratuito e não obriga você a fazer um cadastro. Outra vantagem de usar o serviço online é que você não precisa baixar nenhum tipo de programa no seu computador.
Embora o site esteja escrito em inglês, os quatro passos a serem seguidos são bastante simples, e você aprenderá rapidamente a conduzir o processo. Faça o teste e compartilhe sua opinião nos comentários abaixo!

Como ajudar no acolhimento e na adaptação de crianças bem pequenas

A adaptação das crianças bem pequenas é um desafio para elas, para a família e para os professores
A adaptação das crianças bem pequenas é um desafio para elas, para a família e para os professores
Na Educação Infantil, seja creche ou pré-escola, a adaptação das crianças de 2 e 3 anos é a mais desafiadora. Nessa faixa etária, elas até querem estar com outras crianças, mas querem ir para o colo dos pais a todo momento ou, pelo menos, quando estão cansados. Porém, na escola não é bem assim, porque eles têm de dividir o colo do professor com os colegas. Aí mora o desafio do professor, que terá que conquistar cada uma das crianças e todas ao mesmo tempo.
Essa tarefa não é nada fácil. Por isso, o professor precisa de muita ajuda no início do ano e cabe ao coordenador pedagógico lhe dar suporte para planejar e antecipar boas atividades e intervenções para esse momento delicado.
São muitas as expectativas e as dúvidas das famílias, que sentem insegurança e se perguntam se está certo deixar seu filho tão pequeno na escola, se o professor será atencioso, se compreenderá as necessidades físicas e afetivas dele… Como vocês podem ver, são muitos “se”, que refletem até um possível desconhecimento do real papel da escola de Educação Infantil.
Por outro lado, as crianças também passam por muitos desafios no início da vida escolar, porque não é nada fácil sair de sua rotina familiar, ter que dividir o professor com tantas outras crianças e não ter seus desejos atendidos imediatamente como ocorria em sua casa.
E o professor nessa história? Sem dúvidas, é um período difícil para ele também, caso sua turma de 2 ou 3 anos esteja vindo pela primeira vez à escola. Será preciso bastante tempo e intervenções dele para que os pequenos se apropriem da rotina. Ele há de olhá-los individualmente e em grupo compreender os hábitos de cada um (uso de fraldas, chupeta, como se alimenta, etc.) até que todos estejam adaptados e que ele conquiste a confiança das famílias.
Como o coordenador pedagógico pode ajudar?
A primeira ação já deve ter ocorrido ou acontecerá antes do início das aulas. Ela consiste em uma reunião com os pais novatos para apresentar a proposta pedagógica e o espaço da escola.
Agora, é hora de orientar os professores, estagiários e funcionários para que, tanto o acolhimento (primeiro dia na escola) como a adaptação sejam bem planejados e ocorram com a maior tranquilidade possível.
O que precisamos fazer junto com a direção da escola?
  • Orientar e auxiliar os professores na elaboração do planejamento de adaptação, geralmente de duas a quatro semanas bem diferenciadas;
  • Tematizar com professores e demais profissionais que atuarão diretamente com as crianças os desafios desse período, auxiliando-os a construir a disponibilidade interna necessária para agir com bom senso e tranquilidade frente às demandas que um grupo novo de famílias e crianças requer;
  • Orientar os funcionários para que compreendam a especificidade desse período, o porquê de alguns pais permanecerem na escola, o cuidado com comentários e como podem ajudar conforme sua área de atuação;
  • Estar disponível nos primeiros dias para orientar as famílias e auxiliar os professores durante todo o período de aula é a principal atribuição da equipe de direção nessa época;
  • Orientar a organização da sala de aula considerando a idade das crianças. A sala de atividades para crianças de 2 e 3 anos precisa de espaço e uma organização de tal maneira que o professor enxergue a todos de qualquer lugar que ele esteja
  • Organizar os cantos delimitando-os com tapetes confeccionados de papelão e revestidos de plástico cristal bem grosso é uma ótima solução. As mesinhas podem ser inseridas mais pra frente, quando as crianças já tiverem incorporado a rotina da escola (como as crianças são muito pequenas, muitas escolas optam por trabalhar sem mesinhas até os 3 anos)
  • Providenciar livros, preferencialmente de capa dura, brinquedos e objetos variados em quantidade suficiente para todas as crianças.  Muitos podem ser confeccionados com caixas, potes coloridos, papel contact e papéis coloridos. Enquanto as aulas não começam, é possível envolver outros profissionais da escola para ajudar nessa confecção. É impressionante como descobrimos muitos talentos para construir brinquedos, entre os funcionários,  quando levamos alguns exemplos e disponibilizamos materiais.
Bem, há muito trabalho antes de as crianças começarem. Por isso, quero compartilhar com vocês algumas orientações iniciais para os professores. Vocês podem acessá-las clicando no link ao lado.
E na sua escola, como é o planejamento dos primeiros dias dos pequenos?

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Brinquedos da época dos avós

Estudá-los leva a turma a comparar diferentes momentos históricos com base em seu universo


Queridos pela garotada desde sempre, os brinquedos refletem o modo de vida da época em que foram produzidos e podem ajudar a entender o passado. "Essa abordagem está relacionada ao conceito de empatia histórica, que valoriza o universo simbólico da criançada e o compara com experiências de tempos anteriores", diz Maria Auxiliadora Schmidt, professora de Metodologia e Prática de Ensino de História na Universidade Federal do Paraná (UFPR). Pensando nisso, Isaura Gorete De Carli, da EM Chapeuzinho Vermelho, em Terra Nova do Norte, a 650 quilômetros de Cuiabá, propôs às suas turmas do 3º e 4º ano um trabalho sobre o tema.

Ela iniciou a sequência com uma roda de conversa. "As crianças não conheciam a origem dos brinquedos nem sabiam relacioná-los ao contexto em que foram produzidos", conta. A professora dividiu a turma em grupos para uma leitura a respeito do assunto. Em seguida, houve uma discussão coletiva. O livro A História do Brinquedo - Para as Crianças Conhecerem e os Adultos se Lembrarem (Cristina Von, 242 págs., Ed. Alegro, tel. 0800-026-5340, edição esgotada) pode ajudar a aproximar a garotada desse universo.

Depois dessa atividade, ela levou a turma ao laboratório de informática para uma pesquisa. Vale indicar sites de acervos, como o do Museu dos Brinquedos, em Belo Horizonte, do Museu Histórico Nacional, do Museu do Brinquedo de Sintra e páginas destinadas ao público infantil.
Nessa etapa, os estudantes descobriram os antigos carrinhos de carretel, as bonecas artesanais e o pião. Os dados foram anotados num caderno de campo, que todos mantiveram durante o trabalho. Em seguida, eles apresentaram suas descobertas para o restante do grupo. A professora questionou: "Quais foram os primeiros brinquedos?" e "Do que eram fabricados?". "De ferro", respondeu um. "De plástico", disse outro. Isaura explicou que, antigamente, a maioria era feita em casa com pano, madeira ou espiga de milho. Isso despertou a curiosidade de todos. Isaura pediu que eles elaborassem um levantamento sobre os brinquedos que os avós tinham quando pequenos. Coletivamente, listaram perguntas como: "Qual era o seu brinquedo preferido?" e "Você costumava brincar muito?". 

Na aula seguinte, as respostas foram socializadas. Gabriel Torres Zenaro, 9 anos, comentou que sua avó confeccionava bonecas de milho. Isaura convidou alguns idosos para falar sobre as diversões de sua infância para a garotada. Nair e Libório Renz, ambos de 66 anos, trouxeram os brinquedos de que gostavam, fabricados por eles mesmos. Nair apresentou bonecas de pano e milho e Libório um carrinho de carretel e uma peteca. Os alunos tomaram notas e, em seguida, produziram um relatório. A professora aproveitou essa etapa para pontuar as diferenças e semelhanças entre brinquedos e formas de brincar no passado e no presente. 

Após a visita do casal, Isaura discutiu com os estudantes as mudanças na produção dos brinquedos ao longo do tempo. Comentou que a produção artesanal perdeu espaço a partir da Revolução Industrial, que ocorreu no século 18, e que cada época teve seus brinquedos (minilocomotivas faziam a cabeça da criançada nesse período; já naves espaciais eram populares na década de 1960, por causa da corrida espacial).

Início de ano: hora de organizar a escola


Ao início de cada ano, é preciso deixar a escola em ordem para receber os professores e os alunos. Por organização, entendo cuidar desde o jardim até a limpeza e organização geral das salas e ambientes internos. Exemplos: verificar se os banheiros estão em bom estado, se as lâmpadas e ventiladores estão funcionando, se as cortinas estão limpas, se os materiais pedagógicos e livros estão organizados, se a quantidade de carteiras e cadeiras está de acordo com o número de alunos, entre muitos outros itens.
Na escola em que sou coordenadora, dividimos os trabalhos entre os membros da equipe gestora. A direção fica responsável em administrar a organização geral da instituição (quadras, refeitório, salas dos professores e outros) e eu cuido dos espaços necessários para que as atividades pedagógicas aconteçam (sala de aula e de material pedagógico).
Hoje, vou contar para vocês o que eu considero importante observar e fazer em cada área da escola.
Salas de aulas
  • Verificar se as plaquinhas de identificação das salas estão de acordo com as séries/anos e períodos
  • Etiquetar os armários com o nome do professor e com a série/ano e período respectivos
  • Deixar dentro dos armários de cada docente a quantidade certa de livros didáticos, dicionários e calculadoras de acordo com o número de alunos da sala
  • Verificar o estado de alguns materiais de uso coletivo na sala, como globo terrestre, mapas, letras do alfabeto, calendário, tabela numérica, relógio, quadro para medir a altura das crianças, estante do cantinho da leitura e mural. Sempre é necessário fazer substituições ou consertos
  • Deixar em cada sala de aula quantidade suficiente de kits de materiais dos alunos para serem entregues no primeiro dia de aula. Cada criança recebe do governo estadual um kit contendo: cadernos, lápis, borrachas, lápis de cor, régua, cola, apontador e giz de cera
Sala de materiais pedagógicos
Na minha escola, temos uma salinha para guardar todos os materiais pedagógicos.  No início do ano, sempre deixo esse espaço organizado de modo que eu possa encontrar facilmente o que é solicitado pelos professores.
Acredito que facilita muito separar os materiais pelas áreas do conhecimento, como Língua Portuguesa, Matemática, Geografia e Ciências. Também listo e quantifico tudo, porque assim fica fácil saber o que precisa ser reposto e em que quantidade.
Recursos tecnológicos
Durante a organização dessa época do ano, também é hora de verificar se os recursos tecnológicos, como computador, teclado, mouse, DVD, caixa de som e microfone, estão funcionando. Afinal de contas, esses equipamentos precisam estar disponíveis para que os professores desenvolvam suas aulas.
Murais do pátio
Antes da chegada dos alunos e dos professores, decoro os murais com personagens de contas de fadas e frases de boas vindas para recepcioná-los. Tenho a sensação de que deixar a escola organizada para o início do ano é uma forma de começar bem.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Volta às aulas: o primeiro passo para a construção de boas relações


Crianças chegando na escola. Foto: KARINE BASILIO
Passadas as celebrações de fim de ano, é natural que comecemos a retomar nossa “vida normal”: nossos pensamentos e nosso corpo voltam ao ritmo, resgatamos nossos horários, nossa alimentação, as atividades físicas…
Nessa busca por reorganizar tudo, começam os lampejos da volta à escola, às aulas, aos alunos. Não adianta negar! Ainda que na praia, à sombra de um guarda-sol, ou nas montanhas, entre um banho de cachoeira e outro, surgem lembranças e situações que trazem a vida na escola até nós. Isso é ruim? Claro que não! Apenas comprova o quanto a Educação é e faz parte de nossas vidas.
Na recepção dos alunos, algumas atividades já são clássicas: apresentar rapidamente os conteúdos do ano, explicar do que trata cada disciplina, mostrar a função dos membros da comunidade escolar e as dinâmicas de sala de aula – horários, tarefas, formas de avaliação…
Mas vejam que interessante: muitas vezes, esses primeiros contatos com os estudantes – que são a grande motivação de nosso trabalho – ficam restritos a uma relação que nos distancia deles e tende a se prolongar durante todo o ano letivo. Ao nos encontrarmos com a garotada, precisamos nos lembrar: somos humanos, constituídos por diversos outras dimensões que não apenas a profissão.
Já perceberam como as crianças e os jovens se espantam quando conhecem algo de nós que foge do cenário em que nos relacionamos? Os pequenos se assustam quando falamos que temos pais, e os mais velhos não escondem sua surpresa quando nos encontram num show, fazendo uma caminhada, ou mesmo dando risadas com os amigos em volta de uma mesa de restaurante.
Aonde quero chegar, afinal de contas?
Na ideia de que, ao retomarmos nossa rotina de trabalho, pensemos sobre todas as características que nos humanizam: nossos projetos de vida, nossos medos, as coisas que nos alegram e nos enfurecem (como pessoa e não só como educador) e deixemos que nossos alunos reconheçam logo de início que, antes de sermos professores, somos seres humanos. Simples assim!
A partir desse entendimento, é possível refletir sobre como todos temos nossas particularidades, nossas limitações e contribuições a dar. Esse é o ponto de partida para que boas relações interpessoais sejam construídas na escola, pois privilegiam o entendimento de que todos são dignos de respeito.
Uma conversa informal sobre o assunto pode ser um bom começo para se criar essa nova visão. Não um “Sermão da Montanha”, mas uma breve apresentação, em que cada um mostre quem é como pessoa.
Fizemos isso ano passado na escola onde trabalho. Primeiramente no encontro pedagógico de início do ano. Entre nós, adultos, quanta descoberta! Acreditam que, embora estivéssemos entre colegas com anos e anos de convivência, nos surpreendemos, demos risadas, nos emocionamos e compartilhamos fatos de nossas vidas que desconhecíamos uns sobre os outros e que tinham tudo a ver com quem somos?
Logo após essa reunião, combinamos que no primeiro dia de aulas cada um de nós usaria essa outra forma de se apresentar para as turmas, deixando que os alunos espontaneamente, também se apresentassem. Assim, no final do dia, eles não tinham sido simplesmente apresentados aos seus professores, mas compartilhado um pouco de si com quem iriam conviver ao longo do ano. Trata-se de humanizarmos nossas relações.
Fica aqui essa sugestão. Começar o ano dizendo: Bem-vindos, alunos! Muito prazer! Eu sou…
Gostou da proposta? Tem outras sugestões? Compartilhe nos comentários! Será um prazer ler a sua opinião sobre o tema.
Aliás, quero agradecer às boas vindas dos colegas que deixaram seus comentários na semana passada. Senti-me acolhida e ainda mais entusiasmada com a possibilidade de nossas trocas.


Escola cobra a mais de aluno com Down

Instituições alegam necessidade de contratar outro professor e dar tratamento diferenciado; para secretaria e diversas entidades, prática é ilegal

Evelson de Freitas/Estadão
Mônica denunciou escola pela cobrança extra - Evelson de Freitas/Estadão

Mônica denunciou escola pela cobrança extra
Duas escolas de educação infantil particulares da Grande São Paulo cobraram de pais com filhos que têm síndrome de Down taxas superiores na matrícula e na mensalidade comparadas às exigidas dos demais alunos. As instituições de ensino impuseram que a matrícula só pudesse ser feita com a contratação de um profissional para atender exclusivamente essas crianças e o pagamento do salário do auxiliar ficaria inteiramente a cargo dos pais. 
Esse tipo de cobrança extra a alunos com deficiência é considerado ilegal pela Ordem dos Advogados do Brasil – Seção São Paulo (OAB-SP) e pela Defensoria Pública. Uma das instituições é investigada pelo Ministério Público pela cobrança irregular. Quem fez a denúncia foi a engenheira civil Monica Burin, que tentou matricular o filho Gabriel, de 2 anos, com síndrome de Down, na Escola Infantus, na Vila Leopoldina. Os donos a informaram que, para que Gabriel estudasse lá, Mônica teria de arcar com os custos de um cuidador só para o filho. 
Revoltada, Monica pediu que enviassem a cotação da mensalidade por e-mail. Na mensagem, o preço da mensalidade iria de R$ 630, valor cobrado de todos os alunos, para R$ 930 no meio período. Para o período integral, o valor saltaria de R$ 970 (padrão) para R$ 1.470.
Com a denúncia da cobrança a mais, o Ministério Público (MP) já abriu um inquérito para apurar se há irregularidades e a escola foi convocada para depor. A Secretaria Municipal de Educação, que supervisiona as escolas de educação infantil da cidade, deve fazer vistoria no local e dar informações ao MP. A secretaria afirmou que a cobrança a mais para alunos que têm qualquer tipo de deficiência é irregular e acompanha o caso.
A escola, por meio de seu advogado, Sidney Cruz de Oliveira, admite que fez a cobrança, mas afirma que não foi por má-fé e sim “por desconhecimento da regra”. “A escola lamenta, se retratou e se coloca à disposição da mãe para reparar danos.”
Maratona. A farmacêutica Ligiane Alves, de 31 anos, percorreu, grávida, diversas escolas para escolher a mais adequada para Marco Antônio, que também tem síndrome de Down. Diversas instituições alegaram falta de estrutura, ou negaram a matrícula, ou cobrariam a mais.
Quando seu filho completou 2 anos, procurou a mesma escola em que a filha mais velha, Lais, de 4 anos, sem a síndrome, estuda: o Colégio Vivendo e Apreendendo, de Osasco (CVA). Na escola, disseram que não havia estrutura para atender Marco Antônio e seria necessário contratar um auxiliar. No vídeo gravado por Ligiane, a diretora afirma que todos os encargos ficariam para a mãe.
Ela decidiu tirar a filha do colégio e matricular as crianças em outro lugar. “A mensalidade é mais alta e fica mais longe, mas eles aceitaram os dois.”
O mantenedor da Escola Conhecendo e Aprendendo, Luiz Carlos Braghin, informou que a escola ficou de dar a resposta para a mãe sobre o valor total da mensalidade porque iria checar com a Secretaria de Ensino qual era o procedimento. O colégio ressaltou que já tem alunos inclusivos e diz que a denúncia não tem fundamento.
Irregular. Segundo o presidente da Comissão de Defesa do Consumidor da OAB-SP, Marco Antonio Araujo Júnior, a cobrança de taxas extras para crianças com qualquer deficiência é ilegal e crime. “Fere a Constituição Federal e a Lei de Diretrizes Básicas da Educação.” 
Para a coordenadora do núcleo especializado nos direitos do idoso e da pessoa com deficiência da Defensoria Pública, Aline Maria Fernandes Morais, a inclusão não pode ser custeada por quem depende de ensino inclusivo. “A cobrança extra pune a criança. A instituição de educação básica que não estiver pronta para oferecer educação a todos deve se adaptar aos alunos. Caso contrário, não deve nem sequer abrir.”

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Seis bons filmes para estimular o debate sobre sexualidade


Estou feliz de retomar nossas conversas francas e abertas, indo Direto ao Ponto em temas que abordam a sexualidade na escola. E para começar bem o ano, ainda em ritmo de férias, quero indicar seis filmes que tratam, direta ou indiretamente, de alguns temas que costumamos discutir aqui no blog. Afinal, poucas coisas combinam tão bem com as férias como um bom filme, não é verdade?
Para mim, o cinema, além de uma ótima opção de entretenimento, pode servir como uma importante ferramenta pedagógica, unindo o útil ao agradável: diversão e aprendizado. Quando apresento um filme a um grupo de jovens, sempre assisto ao vídeo antes e anoto as cenas e os temas mais interessantes para serem discutidos por eles. Depois da exibição, convido os alunos a sentarem em círculo e peço que comentem o que mais lhes chamou atenção. Aos poucos, também destaco algumas cenas para acrescentar novos elementos ao debate. A ideia é que o filme sirva como um instrumento de reflexão e que complemente os outros recursos utilizados na formação do aluno.
Confira, a seguir, alguns filmes que levantam importantes questões sobre a sexualidade na adolescência. Eles estão disponíveis no Brasil em locadoras ou nos cinemas.
Billy Eliot
BILLY ELLIOT
Direção: Stephen Daldry
Gênero: Comédia dramática, Musical
País: Reino Unido
Este é um filme incrível! Billy Elliot (Jamie Bell) é um garoto de 11 anos que vive numa pequena cidade da Inglaterra, onde o principal meio de sustento são as minas de carvão da cidade. Obrigado pelo pai a treinar boxe, Billy fica fascinado pelo balé ao entrar em contato com a dança clássica em aulas realizadas na mesma academia onde pratica pugilismo. Incentivado pela professora de dança (Julie Walters), que vê em Billy um talento nato para a o balé, ele resolve então pendurar as luvas e se dedicar de corpo e alma à dança, mesmo tendo que enfrentar a contrariedade e o preconceito de seu pai e seu irmão, assim como o de boa parte da comunidade local.
O que discute: O filme é um excelente material de apoio para trabalhar com os alunos o preconceito de gênero. Ele aborda claramente como coisas que são de menina também podem ser de menino e vice-versa. Veja o trailer aqui (em inglês).
Vamos todos dancarVAMOS TODOS DANÇAR
Direção: Marilyn Agrelo
Gênero: Documentário
País: Estados Unidos
Um dos meus filmes prediletos, este documentário acompanha a jornada de alunos que frequentam escolas públicas da periferia de Nova York, com todos os problemas de drogas, criminalidade, sexo e agressividade. Para despertar a busca do sonho em se transformarem em pessoas de prestígio num mundo cheio de competições, é criado um campeonato de dança de salão entre as escolas. O filme traça o perfil de alunos de três escolas diferentes que descobrem a notoriedade, enquanto aprendem a dançar ritmos como o merengue, a rumba e o tango.
O que discute: Com este filme eu vi na dança de salão uma grande oportunidade de fazer um belo trabalho de Educação sexual! Ela provoca uma revolução maravilhosa nos valores e comportamentos destes jovens, como atesta o depoimento de uma das professoras: No começo do ano eu tinha na sala de aula 40 jovens problemáticos, e com a dança, ao final do ano, eu tenho 40 cavalheiros e damas…
Veja o trailer aqui (em inglês).

ABC do amorABC DO AMOR
Direção: Mark Levin
Gênero: Comédia romântica
País: Estados Unidos
A cidade de Nova York pode ser um local romântico, até quando você tem 10 anos e está se apaixonando pela primeira vez na vida. É isso que o jovem Gabe (Josh Hutcherson) descobre ao lado de sua colega de escola Rosemary (Charlie Ray). Nesta comédia, o amor é visto pelo olhar de duas crianças.
O que discute: Que doçura de filme! Além de você se divertir e relembrar o primeiro amor nesta idade, ele é um excelente instrumento de apoio para trabalhar com seus alunos este sentimento que tanto tira a concentração deles dos estudos. Você pode utilizar algumas sequências para trabalhar os papéis sexuais e de gênero, e ainda refletir com a turma sobre o que os meninos pensam das meninas e vice-versa. Assista ao trailer aqui.

Eu nao quero voltar sozinhoEU NÃO QUERO VOLTAR SOZINHO
Direção: Daniel Ribeiro
Gênero: Drama
País: Brasil
Este curta-metragem retrata a vida de Leonardo (Guilherme Lobo), um adolescente cego que muda completamente seu comportamento com a chegada de um novo aluno em sua escola. Ao mesmo tempo, ele tem que lidar com os ciúmes da amiga Giovana (Tess Amorim) e entender os sentimentos despertados pelo seu novo amigo, Gabriel (Fábio Audi).
O que discute: Trata-se de um filme singelo e despretensioso, com uma temática muito próxima da garotada. Muito bom para abordar a orientação homoafetiva. Assista ao curta completo aqui.

desenrolaDESENROLA
Direção: Rosane Svartman
Gênero: Comédia Romântica
Nacionalidade: Brasil
Este é um filme bem divertido e gostoso de assistir! Priscila (Olívia Torres) tem 16 anos e se acha uma garota normal demais, principalmente em comparação com suas amigas. Quando sua mãe viaja a trabalho, ela resolve mudar radicalmente seu comportamento. Entre as muitas mudanças pretendidas, a perda da virgindade é uma das prioridades. Mas será que é a hora certa? Embora esteja decidida a seduzir o garoto mais “galinha” da turma (Kayky Brito) para viver sua primeira experiência sexual, um trabalho em grupo na escola e uma viagem com os amigos mudam suas expectativas.
O que discute: Este filme pode provocar uma boa conversa em sala de aula sobre virgindade e a primeira relação sexual.Veja o trailer aqui.

Confissoes de adolescenteCONFISSÕES DE ADOLESCENTE
Direção: Daniel Filho
Gênero: Comédia dramática
País: Brasil
Este filme será lançado no dia 10 de janeiro e tem tudo para ser um sucesso! Baseado na clássica série de televisão Confissões de Adolescente, adaptada do livro de mesmo nome de Maria Mariana e exibida entre 1994 e 1996 pelas TVs Cultura e Bandeirantes, a trama mostra as confusões das irmãs Tina (Sophia Abrahão), Bianca (Isabella Camero), Alice (Malu Rodrigues) e Carina (Clara Tiezzi), atualizadas para o cotidiano dos jovens em 2013. Com muito humor, ele traz à tona temas como exposição na internet, menstruação e relacionamento amoroso e sexual.
O que discute: Como o seriado, este também pode ser um excelente meio de fomentar a conversa sobre a sexualidade na adolescência. Confira aqui o trailer.
E você, costuma utilizar filmes para incentivar o debate sobre a sexualidade com seus alunos? Compartilhe conosco suas referências cinematográficas e experiências ao conversar com a garotada.
Boa sessão e um ótimo começo de ano para todos!
8 dicas para saber se a escola já pode usar tablets.

Segundo a Apple, as vendas de iPads para as escolas estão superando as vendas dos notebooks da marca por uma margem muito grande. Entretanto, como já está sendo discutido há um bom tempo, a tecnologia sozinha não é a resposta para um bom aprendizado. Esses dispositivos precisam estar integrados a um planejamento cuidadoso para a educação do século 21, que é aquela que agrupa as habilidades e competências necessárias em nossa sociedade e ajuda os alunos a desenvolvê-las.
Até no Brasil essa proposta também já é realidade. No mês de outubro, por exemplo, o próprio governo federal criou o Programa de Inclusão Digital, uma ação que vai conceder isenção de impostos a aparelhos que custam até R$ 1.500 desde que as empresas participantes incluam apps nacionais de educação em seus tablets.
E já que as notícias são boas e que não dá mais para fugir da tecnologia, confira algumas dicas de como se preparar para usar o tablet na sala de aula:

1– Saiba se você está pronto
Antes de comprar os dispositivos, é preciso responder algumas perguntas sobre a infraestrutura técnica para gerenciá-los e implantá-los de maneira adequada. Você tem uma internet banda larga boa o suficiente para conectar todos os dispositivos ao mesmo tempo? A sua rede sem fio é estável o suficiente para distribuir o sinal, sem perder a qualidade, para toda a escola?
Apesar de básicos, esses questionamentos precisam existir, caso contrário, o poder do tablet – que está diretamente relacionado à possibilidade de usar a internet como meio de aprendizado – será perdido.

2– Compreender e apresentar um bom motivo para adquirir os tablets
Este é um dos mais críticos problemas nas escolas: a discussão do uso dos dispositivos a partir de uma perspectiva educacional. É necessário, nesse momento, que toda a instituição esteja alinhada quanto ao uso de tablets para complementar sua missão educativa e que todos sejam informados sobre as decisões tomadas para o plano pedagógico, incluindo professores, pais, alunos e administradores.

3– Segmentar os objetivos para a aprendizagem do século 21
Usar o tablet para repetir os mesmos modelos de aula não funciona muito. Por isso, o jeito é sair da zona de conforto e aproveitar ao máximo o potencial educativo da tecnologia e projetá-lo para atender aos objetivos da aprendizagem do século 21. Isso significa desenvolver atividades que envolvam multimídia, comunicação, colaboração e aprendizagem baseada em projetos.

4– Entendendo que tablets não são laptops
A maioria dos laptops usam servidores de rede e senhas que podem definir permissões e proibições aos usuários. É importante lembrar que os tablets não são laptops. Não há um adminstrador e a capacidade de proteger e controlá-los é mínima. Procure maneiras de tirar proveito de sua mobilidade, câmera embutida, microfone, criação de vídeo e assim por diante. Se as atividades de monitoramento e controle são critérios importantes para a escola, pode ser aconselhável que fiquem com os laptops.

5– Superar a síndrome de que há um aplicativo para tudo
Sim, é verdade que existe um aplicativo para (quase) tudo, mas o benefício real para o aprendizado está em enxergar nos tablets ferramentas que podem ser usadas como parte do processo de aprendizagem e não algo que entrega diretamente o conteúdo curricular. Entre as maneiras de integrá-lo ao ensino está no incentivo para que os alunos a criem, por exemplo, entrevistas simuladas com figuras históricas famosas, expliquem fenômenos científicos usando uma animação em stop-motion ou criem programas de rádio para  praticar textos em língua estrangeira. Se essas oportunidades forem abertas, os alunos irão naturalmente gravitar em torno do uso criativo e inovador do tablet. Eles precisam ser incentivados a usá-lo como uma ferramenta de aprendizagem.

6– Formação contínua de professores
Antes de se chegar à mudança conquistada pelo bom uso dos tablets, a cultura escolar também precisa passar por alguns ajustes. Esses novos modelos só podem ser aplicados depois de um treinamento e apoio adequados aos professores. O ideal é que essa formação não dure só um dia, como aquelas oficinas dadas no meio do ano. É preciso ir além e reservar um tempo para diversas sessões ao longo do ano, reunindo grupos de educadores – inclusive de outras escolas – para trocar experiências e compartilhar seus sucessos e erros.

7- Permitir o imprevisível
Deixe os garotos um pouco livres. A tecnologia é mais eficaz quando é usada como uma ferramenta para capacitação desses alunos, portanto, não espere controlar todos os aspectos de suas aprendizagens. Os tablets permitem o uso de infinitos recursos, não adianta limitar seu uso em algumas poucas ferramentas do seu conhecimento. A criatividade, aqui, é um dos pontos mais importantes.

8– Pesquisar e documentar os planos de ação para algumas dessas perguntas:
– Que responsabilidades e processos estão em vigor para a compra e implantação de aplicativos?
– Quem será o responsável pela compra desses aplicativos?
– Quem vai gerenciar os perfis de usuário? Quais serão as restrições impostas?
– Você vai ter um perfil para cada estudante ou por classes e grupos?
– Onde os alunos vão armazenar e apresentar seus trabalhos? Você vai utilizar serviços em nuvem, como Evernote ou Dropbox?