quarta-feira, 11 de março de 2015

Símbolos da Páscoa 2/2



Hoje em dia, sobretudo nos países ocidentais, o símbolo do coelho é, seguramente, um dos mais associados à data da Páscoa, apesar de não estar atrelado ao significado cristão propriamente atribuído a essa data, isto é, a Ressurreição de Cristo. Para compreender os motivos dessa associação e, mais, para compreendermos o porquê de o coelho ter a “função” de “trazer os ovos” – hoje em dia, de chocolates – da Páscoa, precisamos revistar a história.
O coelho é um animal que simboliza fertilidade graças à sua intensa prática reprodutiva. Desde civilizações bem antigas, como a egípcia, a ligação entre coelhos e fertilidade, primavera, nascimento, etc., é estabelecida. Na Europa, os povos germânicos, que habitavam a região norte – atualmente, a Alemanha –, possuíam uma narrativa mítica sobre uma deusa da fertilidade cujo nome era Ostara. O coelho era símbolo do culto a essa deusa, posto que, passado o inverno e tendo início o período da Primavera (estação que simboliza o “renascimento”, a floração, a fertilização), os coelhos eram, com frequência, os primeiros a saírem de suas tocas e começarem a reproduzir-se.
Aos coelhos, símbolos de Ostara, as tradições rituais germânicas associaram a prática de entrega de ovos de aves pintados com tintas para as crianças. Essa prática valia-se do subterfúgio da “caça do coelho”. No momento em que iam caçar os coelhos, as crianças encontravam, escondidos nos campos, os ovos adornados. A cidade de Ostereistedt, na Alemanha, leva esse nome em razão da referência a essa prática.
No período da Idade Média, o culto à Ostara e à estação da Primavera logo passou a ser associado à Ressurreição de Cristo, em face da cristianização dos povos bárbaros. No entanto, a assimilação do mito germânico pelo cristianismo não implicou a abolição total dos ritos a ele associados. A prática da entrega de ovos passou a ser relacionada, portanto, à Páscoa, e não mais à deusa Ostara.
Com a leva de migrações alemãs para o continente americano, essa prática generalizou-se. Os mais antigos registros sobre a lenda alemã do coelho que traz os ovos para as crianças datam de 1678.

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