segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Profissional, sim. Impessoal, nunca

Um bom gestor está próximo dos funcionários e dá atenção a eles. Conheça algumas maneiras de valorizá-los e conhecê-los melhor

Francilene e as merendeiras da EMEIEF Adelia parabenizam Cecília. Foto: Marina Piedade
Trabalho reconhecido Francilene (à direita) e as merendeiras da EMEIEF Adelia parabenizam Cecília (à esquerda)

"Bom dia!", "Tudo bem?", "Como foi o fim de semana?" No dia a dia, trocamos essas frases naturalmente, sem prestar muita atenção na importância delas. Mais do que apenas convenções, os cumprimentos e algumas conversas informais demonstram preocupação com as pessoas - e por isso são um aspecto relevante na construção de uma boa gestão de equipe. 

Pode soar um desperdício usar alguns minutos do dia em ações que a princípio não têm relação com as obrigações profissionais. Embora não pareça, elas, na verdade, têm ,sim, influência sobre o desempenho. "É um erro pensar que os sentimentos podem ser deixados do lado de fora do ambiente de trabalho. Somos todos humanos", afirma Ruy Shiozawa, presidente da Melhores Empresas para Trabalhar, empresa de pesquisa, consultoria e treinamento corporativos em São Paulo. Às vezes, só pela expressão facial ou pelo tom de voz, é possível identificar se a pessoa está bem-disposta, estressada ou triste. Não se trata de assumir o papel de conselheiro ou terapeuta - nem é essa a função do gestor. Essas informações, porém, podem ajudá-lo a criar um clima de trabalho mais harmonioso. Nesta reportagem, você vai conhecer algumas atitudes para tornar as relações de trabalho mais humanas (leia a próxima página)

Além disso, a atenção dedicada aos funcionários abre espaço para diálogos profissionais mais frequentes e eficazes, recursos importantes para a efetivação da gestão participativa. "O tratamento impessoal está ligado a um modelo de gestão centrado nas lideranças e fechado à participação. Ser democrático pressupõe conhecer as pessoas, respeitá-las e levar em conta as diversas opiniões", diz Luiz Edmundo Rosa, diretor de Educação da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-Nacional), em São Paulo.
Sem uma real predisposição a ouvir e a valorizar a equipe em todos os momentos em que a rotina permite, no entanto, as ações de humanização da gestão vão parecer vazias e pouco sinceras. De nada adianta, por exemplo, organizar uma comemoração para celebrar a premiação de um funcionário sem ter reconhecido seu esforço ao longo do processo. Ou cumprimentá-lo só no dia do aniversário se nem sabe o nome dele. Tampouco faz sentido valorizar apenas uma equipe ou pessoa e se esquecer de outros, como se não fizessem parte do grupo.

Os alunos da EMEIEF Adelia de Lima Franco, em Suzano, na Grande São Paulo, chamam todos que trabalham na escola pelo nome. No balcão da cozinha, onde é servida a merenda, está escrito o nome das cozinheiras que prepararam a comida. O quadro que expõe o cardápio valoriza o trabalho de cada uma delas. Embora os alimentos sejam escolhidos pelos nutricionistas da Secretaria Municipal de Educação, as receitas são frequentemente incrementadas pelas profissionais de acordo com o gosto das crianças. Valorizada pela comunidade escolar, a merendeira Cecília Aparecida de Jesus Manetta inscreveu sua receita de bolo de ameixa e iogurte em um concurso de alimentação orgânica promovido pela prefeitura e ganhou o primeiro lugar. "Comemoramos principalmente porque sabíamos que as invenções da Cecília, que sempre foram tão apreciadas por nós, mereciam um reconhecimento externo", conta a diretora Francilene Cristina da Silva Sant’ana.
Mural do Carlina Barbosa homenageia todos os aniversariantes do bimestre. Foto: Ruth Gobbo
Parabéns coletivo Mural do Carlina Barbosa homenageia todos os aniversariantes do bimestre
No CE Carlina Barbosa de Deus, em Sacramento, a 445 quilômetros de Belo Horizonte, estudantes, funcionários e professores dão parabéns uns aos outros. A ideia da diretora Zilamar Maria Vieira de fazer um único mural com os aniversariantes do bimestre teve o objetivo de evitar segregações. "Como todos se sentem representados no quadro e olham para ele com frequência, é uma oportunidade de voltar a atenção para alunos de outros turnos e para membros da equipe com quem não se tem tanto contato", explica Zilamar. Isso não impede que os alunos tragam para a sala de aula um bolo para um colega ou que os docentes e funcionários façam uma celebração na sala dos professores. Ao criar iniciativas de valorização das relações pessoais, o gestor dá o exemplo para que toda a comunidade escolar faça o mesmo.

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