Os desafios da Educação
inclusiva: foco nas redes de apoio
Para fazer a inclusão de verdade e garantir a
aprendizagem de todos os alunos na escola regular é preciso fortalecer a
formação dos professores e criar uma boa rede de apoio entre alunos, docentes,
gestores escolares, famílias e profissionais de saúde que atendem as crianças
com Necessidades Educacionais Especiais
5. Como formar redes de apoio à Educação inclusiva
Matheus Santana da
Silva, aluno autista, com seu pai na biblioteca da escola.
Os sistemas de apoio começam na própria escola, na
equipe e na gestão escolar. O aluno com necessidades especiais não é visto como
responsabilidade unicamente do professor, mas de todos os participantes do
processo educacional. A direção e a coordenação pedagógica devem organizar
momentos para que os professores possam manifestar suas dúvidas e angústias. Ao
legitimar as necessidades dos docentes, a equipe gestora pode organizar espaços
para o acompanhamento dos alunos; compartilhar entre a equipe os relatos das
condições de aprendizagens, das situações da sala de aula e discutir
estratégias ou possibilidades para o enfrentamento dos desafios. Essas ações
produzem assuntos para estudo e pesquisa que colaboram para a formação
continuada dos educadores.
A família compõe a rede de apoio
como a instituição primeira e significativamente importante para a
escolarização dos alunos. É a fonte de informações para o professor sobre as
necessidades específicas da criança. É essencial que se estabeleça uma relação
de confiança e cooperação entre a escola e a família, pois esse vínculo
favorecerá o desenvolvimento da criança.
Profissionais da área de saúde que
trabalham com o aluno, como fisioterapeutas, psicopedagogos, psicólogos,
fonoaudiólogos ou médicos, também compõem a rede. Esses profissionais poderão
esclarecer as necessidades de crianças e jovens e sugerir, ao professor,
alternativas para o atendimento dessas necessidades.
Na perspectiva da Educação inclusiva,
os apoios centrais reúnem os serviços da Educação especial e o Atendimento
Educacional Especializado (AEE). São esses os novos recursos que precisam
ser incorporados à escola. O aluno tem direito de frequentar o AEE no período
oposto às aulas. O sistema público tem organizado salas multifuncionais ou
salas de apoio, na própria escola ou em instituições conveniadas, com o
objetivo de oferecer recursos de acessibilidade e estratégias para eliminar as barreiras,
favorecendo a plena participação social e o desenvolvimento da aprendizagem.
Art.
1º. Para a implementação do Decreto no 6.571/2008, os sistemas de ensino devem
matricular os alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e
altas habilidades/superdotação nas classes comuns do ensino regular e no
Atendimento Educacional Especializado (AEE), ofertado em salas de recursos
multifuncionais ou em centros de Atendimento Educacional Especializado da rede
pública ou de instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem
fins lucrativos; Art. 2º. O AEE tem como função complementar ou suplementar a
formação do aluno por meio da disponibilização de serviços, recursos de
acessibilidade e estratégias que eliminem as barreiras para sua plena
participação na sociedade e desenvolvimento de sua aprendizagem; Parágrafo
Único. Para fins destas Diretrizes, consideram-se recursos de acessibilidade na
Educação aqueles que asseguram condições de acesso ao currículo dos alunos com
deficiência ou mobilidade reduzida, promovendo a utilização dos materiais
didáticos e pedagógicos, dos espaços, dos mobiliários e equipamentos, dos
sistemas de comunicação e informação, dos transportes e dos demais serviços.
(CNB/CNE, 2009).
Ainda que não apresente números consideráveis, a
inclusão tem sido incorporada e revela ações que podem ser consideradas
práticas para apoiar o professor. Ter um segundo professor na sala de aula, é
um exemplo, seja presente durante todas as aulas ou em alguns momentos, nas
mais diversas modalidades: intérprete, apoio, monitor ou auxiliar. Esse
professor poderá possuir formação específica, básica ou poderá ser um
estagiário. A participação do professor do AEE poderá ocorrer na elaboração do
planejamento e no suporte quanto à compreensão das condições de aprendizagem
dos alunos, como forma de auxiliar a equipe pedagógica.
Outra atividade evidenciada pela prática inclusiva
para favorecer o educador é a adoção da práxis - no ensino, nas interações, no
espaço e no tempo - que relacione os diferentes conteúdos às diversas
atividades presentes no trabalho pedagógico. São esses procedimentos que irão
promover aos alunos a possibilidade de reorganização do conhecimento, à medida
que são respeitados os diferentes estilos e ritmos de aprendizagem.
Vale ressaltar que a Educação inclusiva, como
prática em construção, está em fase de implementação. São muitos os desafios a
serem enfrentados, mas as iniciativas e as alternativas realizadas pelos
educadores são fundamentais. As experiências, agora, centralizam os esforços
para além da convivência, para as possibilidades de participação e de
aprendizagem efetiva de todos os alunos.
Sobre a especialista
Daniela Alonso é educadora,
consultora de projetos educacionais, selecionadora do Prêmio Educador Nota 10,
psicopedagoga, especialista em Educação Inclusiva.
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