Professores
Sexo: tema permitido em toda a escola
Inclua o desenvolvimento sexual na pauta de formação docente e oriente os funcionários a tratar do assunto com naturalidade
Falar de sexo ainda é um tabu. Muitas vezes, os alunos não têm abertura para tirar as dúvidas, os professores e os funcionários se sentem incomodados em responder a elas e os pais não gostam que o assunto seja discutido. Para romper com esses estigmas, vale implantar um projeto no qual toda a instituição aprenda a trabalhar com essas questões dentro e fora da sala de aula. "Um professor pode desenvolver boas atividades de Educação Sexual com uma turma. Se a equipe não abraça a iniciativa, porém, o assunto corre o risco de permanecer proibido fora desses momentos", explica Maria Helena Vilela, diretora executiva do Instituto Kaplan, em São Paulo, e autora do blog Direto ao Ponto, no site de NOVA ESCOLA.
Elaborar um projeto institucional de Orientação Sexual (leia o modelo sugerido por Maria Helena Vilela) é uma necessidade diante dos altos índices de doenças sexualmente transmissíveis (DST) e gravidez precoce na adolescência. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) de 1998, do Ministério da Educação (MEC), deixam claro que a preocupação não tem de ficar restrita a uma disciplina. De acordo com o documento, a concepção, os objetivos e os conteúdos de Orientação Sexual devem ser contemplados pelas diversas áreas do conhecimento. Dessa forma, assim como os outros temas transversais, o assunto vai permear toda a prática educativa. Por isso, é tema obrigatório da formação de professores e funcionários.
Quando os interlocutores são crianças, uma preocupação deve ser o limite das abordagens. Ao montar a pauta dos encontros de formação, a coordenadora Jussara Alves da Silva Rosa, da EM Rocha Pombo, em Juiz de Fora, a 261 quilômetros de Belo Horizonte, leva em conta as saias justas trazidas pela equipe. Certa vez, uma professora do 1º ano ouviu um aluno se referindo ao próprio pênis com uma palavra que os colegas desconheciam, o que provocou um burburinho entre eles. Decidiu, então, fazer uma roda de conversa com as crianças explicando a nomenclatura correta das partes do corpo humano. A docente contou o ocorrido no horário pedagógico e, com a ajuda da coordenadora, definiu ações para abordar o autoconhecimento, com bonecos e manequins e a produção artística de autorretratos. Jussara pediu para o grupo trazer as produções a fim de identificar os conteúdos que precisam ser trabalhados, observando, por exemplo, a maneira como eles representam o masculino e o feminino nos desenhos.
Elaborar um projeto institucional de Orientação Sexual (leia o modelo sugerido por Maria Helena Vilela) é uma necessidade diante dos altos índices de doenças sexualmente transmissíveis (DST) e gravidez precoce na adolescência. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) de 1998, do Ministério da Educação (MEC), deixam claro que a preocupação não tem de ficar restrita a uma disciplina. De acordo com o documento, a concepção, os objetivos e os conteúdos de Orientação Sexual devem ser contemplados pelas diversas áreas do conhecimento. Dessa forma, assim como os outros temas transversais, o assunto vai permear toda a prática educativa. Por isso, é tema obrigatório da formação de professores e funcionários.
Quando os interlocutores são crianças, uma preocupação deve ser o limite das abordagens. Ao montar a pauta dos encontros de formação, a coordenadora Jussara Alves da Silva Rosa, da EM Rocha Pombo, em Juiz de Fora, a 261 quilômetros de Belo Horizonte, leva em conta as saias justas trazidas pela equipe. Certa vez, uma professora do 1º ano ouviu um aluno se referindo ao próprio pênis com uma palavra que os colegas desconheciam, o que provocou um burburinho entre eles. Decidiu, então, fazer uma roda de conversa com as crianças explicando a nomenclatura correta das partes do corpo humano. A docente contou o ocorrido no horário pedagógico e, com a ajuda da coordenadora, definiu ações para abordar o autoconhecimento, com bonecos e manequins e a produção artística de autorretratos. Jussara pediu para o grupo trazer as produções a fim de identificar os conteúdos que precisam ser trabalhados, observando, por exemplo, a maneira como eles representam o masculino e o feminino nos desenhos.
Conversa desde cedo Os alunos do 1º ano da EM Rocha Pombo, em Juiz de Fora, têm aulas sobre o corpo humano
No caso de séries mais avançadas, os próprios estudantes podem dar pistas sobre os aspectos que querem discutir. A rede de ensino de João Monlevade, a 117 quilômetros da capital mineira, tem um grupo de trabalho mensal, do qual participam quatro alunos da segunda etapa do Ensino Fundamental de cada uma das cinco escolas municipais, professores e gestores das instituições e as coordenadoras do Programa de Educação Afetivo-Sexual (Peas), ligado à Secretaria Municipal de Saúde. Com base nessas discussões, a EM Germin Loureiro, por exemplo, define o foco das oficinas de Educação Sexual realizadas mensalmente. A equipe de saúde também disponibiliza kits demonstrativos para a prevenção de gravidez precoce e DST - com camisinha, diafragma, dispositivo intrauterino (DIU) - e dá consultoria quando surgem dúvidas mais específicas. "Já convidamos uma enfermeira para falar sobre os efeitos da pílula do dia seguinte", conta a vice- diretora, Luciene Aparecida Gomes de Oliveira. Essas inciativas, no entanto, só surgem porque toda a equipe está atenta e traz impressões e dúvidas dos alunos para as reuniões.
Conquistar a adesão de todos sempre dá trabalho. Não é difícil encontrar quem tenha vergonha de falar sobre sexo com os alunos. Aproveite, então, a familiaridade dos especialistas em Ciências, que conhecem a fundo conteúdos como reprodução, autoconhecimento do corpo, higiene e prevenção a doenças, para quebrar esse gelo. Foi o que fez a equipe gestora da EE João Feliciano, em Jacareí, a 78 quilômetros de São Paulo. Depois que a professora do 6º e do 7º ano, Celeste Francisca de Paula, participou de uma capacitação em Orientação Sexual, ela foi convocada a replicar seus conhecimentos nas reuniões pedagógicas. Assim, os docentes se motivaram a desenvolver atividades interdisciplinares sobre o tema.
O passo seguinte foi informar os pais. No ano passado, Celeste preparou uma aula sobre métodos contraceptivos a estudantes do 6º ano. Por se tratar de alunos mais jovens, ela e a diretora, Mariane de Oliveira Ricci, juntas, decidiram enviar um comunicado às famílias explicando os objetivos da aula e detalhando os conteúdos que seriam trabalhados e as atividades desenvolvidas. "Este ano, pretendemos convocar uma reunião presencial. Assim, teremos oportunidade de explicar melhor a importância das ações para os pais mais resistentes", diz Mariane.
Conquistar a adesão de todos sempre dá trabalho. Não é difícil encontrar quem tenha vergonha de falar sobre sexo com os alunos. Aproveite, então, a familiaridade dos especialistas em Ciências, que conhecem a fundo conteúdos como reprodução, autoconhecimento do corpo, higiene e prevenção a doenças, para quebrar esse gelo. Foi o que fez a equipe gestora da EE João Feliciano, em Jacareí, a 78 quilômetros de São Paulo. Depois que a professora do 6º e do 7º ano, Celeste Francisca de Paula, participou de uma capacitação em Orientação Sexual, ela foi convocada a replicar seus conhecimentos nas reuniões pedagógicas. Assim, os docentes se motivaram a desenvolver atividades interdisciplinares sobre o tema.
O passo seguinte foi informar os pais. No ano passado, Celeste preparou uma aula sobre métodos contraceptivos a estudantes do 6º ano. Por se tratar de alunos mais jovens, ela e a diretora, Mariane de Oliveira Ricci, juntas, decidiram enviar um comunicado às famílias explicando os objetivos da aula e detalhando os conteúdos que seriam trabalhados e as atividades desenvolvidas. "Este ano, pretendemos convocar uma reunião presencial. Assim, teremos oportunidade de explicar melhor a importância das ações para os pais mais resistentes", diz Mariane.
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