terça-feira, 19 de novembro de 2013

Gestão Educacional
4 carreiras que dão futuro 
Notícia disponibilizada no Portal www.cmconsultoria.com.br às 09:37 hs.
19/11/2013 - As novas áreas do conhecimento com potencial de crescimento econômico – e falta de mão de obra qualificada

A educação no Brasil é uma corrida de obstáculos que deixa pelo caminho a maioria dos talentos do país. A maioria desiste da escola antes de terminar o ensino médio. Menos de 8% da população tem ensino superior. E apenas 0,42% tem algum tipo de pós-graduação. Além de poucos, os estudantes persistentes que conseguem esse tipo de formação nem sempre atendem às maiores necessidades do país.

Boa parte dos pós-graduados nem sai das universidades. Cerca de 44% dos mestres e 60% dos doutores trabalham em instituições de ensino como professores ou pesquisadores acadêmicos. Isso tende a produzir universidades desconectadas das necessidades das empresas e do mundo lá fora. E priva a economia de talentos que ajudariam a produzir mais e melhor. Um estudo feito pela Confederação Nacional da Indústria, em 2011, mostrou que 69% das empresas tinham dificuldade para encontrar mão de obra qualificada. A escassez de profissionais qualificados tem impacto direto na competitividade da indústria brasileira.

A dificuldade é ainda maior em algumas áreas novas do ensino. Elas envolvem conhecimentos de ciências exatas ou capacidades criativas, essenciais para a nova economia global, baseada em alta tecnologia, inovação permanente e criatividade. Parte da carência é resultado da falta de agilidade das grandes universidades do país, que não conseguem mudar seus currículos para atender a novas demandas. A carência também é efeito da crônica escassez de engenheiros. Nas áreas de teor mais técnico, como nanotecnologia ou novos materiais de construção, um engenheiro pode se adaptar para suprir essas funções.

Essas novas áreas são preferidas para bolsas fornecidas por empresas e pelo próprio governo, como as do programa Ciência sem Fronteiras, que paga para brasileiros cursarem pós-graduação em universidades estrangeiras. A seguir, algumas dessas áreas e por que elas crescerão e oferecem ótimas oportunidades de desenvolvimento profissional.

Tecnologia de prevenção e mitigação de desastres naturais

Monitora, avalia e faz alertas para prováveis desastres naturais. No Brasil, os mais comuns são deslizamento de encostas, enchentes, inundações e secas.

Minimiza os impactos sociais e econômicos causados por desastres naturais, como o que ocorreu na região serrana do Rio de Janeiro em 2011. Mais de 1.000 pessoas morreram devido a enchentes e deslizamentos de terra. Nesse mesmo ano, segundo estimativa da Organização das Nações Unidas (ONU), os prejuízos causados por desastres naturais no Brasil somaram R$ 10 bilhões. No final do ano passado, foi aprovada uma lei que obriga as prefeituras a investir em planejamento urbano para prevenir desastres do tipo. Em 2011, o governo federal criou o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, em Cachoeira Paulista, São Paulo. Ele monitora o risco de tragédias em 310 municípios. A Universidade de São Paulo (USP) montou, no início deste ano, um centro de pesquisas e prevenção de desastres naturais. O objetivo é integrar os pesquisadores de áreas distintas dentro da universidade. O orçamento, de R$ 3 milhões, pode ser complementado com outros recursos. Segundo o reitor da USP, João Grandino Rodas, não faltarão recursos para o centro, já que o tema é essencial.

“Não existem no Brasil cursos de graduação em prevenção de desastres naturais. Atualmente, recrutamos pessoas formadas em geografia ou engenharia, que fizeram algum tipo de pós-graduação ou pesquisa em áreas que tangenciam o tema. Para lidar com a falta de mão de obra, investimos na formação dos nossos próprios profissionais. Oferecemos 30 bolsas de estudos na área.” – Regina Alvalá, coordenadora de articulação institucional do Cemaden

Novas tecnologias de engenharia construtiva

Cria técnicas e materiais para tornar construções mais econômicas e ecologicamente corretas.

Segundo dados da Fundação Getulio Vargas, o crescimento no setor de construção civil no Brasil deverá ser de 4% em 2013. A maioria das grandes empreiteiras passou a investir em profissionais especialistas em novas técnicas e a selecionar fornecedores que ofereçam materiais mais resistentes e econômicos. “As vantagens são redução no tempo da obra e menor necessidade de manutenção”, diz Sérgio Lavarini, diretor de relações institucionais da construtora MRV.

“Hoje, temos na Petrobras uma equipe de profissionais que pesquisa novas tecnologias na área de construção. Tanto nacionais como internacionais. Quando deparamos com alguma novidade que vem de fora, nos preocupamos em transmitir esse conhecimento realizando cursos internos. Em alguns empreendimentos, como na construção de dutos, ainda usamos técnicas de 60 anos atrás, que precisam ser modernizadas. Há muito espaço para o crescimento dessa área na empresa.” – Simon Ricardo Sanandres, gerente de desenvolvimento e qualificação de tecnologia em construção e montagem da Petrobras, no Rio de Janeiro

Nanotecnologia para a criação de novos materiais

Manipula átomos e moléculas para criar novas estruturas e materiais. A partir daí, são criados produtos, como tecidos que não mancham, supercolas e cremes cosméticos.

A nanotecnologia surgiu nos anos 1980, com microscópios mais poderosos e técnicas de manipulação de materiais sintéticos. Só ganhou aplicações comerciais em larga escala no século XXI, com produtos nas indústrias de cosméticos, farmacêutica, têxtil e eletrônica. As universidades brasileiras começam a oferecer cursos específicos para a área, como uma das divisões da engenharia. “Estamos muito atrás dos Estados Unidos, onde já existem pelo menos 40 cursos de graduação”, diz Sérgio Camargo, coordenador do recém-criado programa de pós-graduação em engenharia de nanotecnologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

“Usamos a nanotecnologia para aumentar a qualidade de nossos produtos. Conseguimos alterar a textura de uma linha de cremes antissinais, por exemplo. Com isso, o efeito do creme é maior. Ele alcança melhor as camadas mais profundas da pele. Apesar de ser uma área promissora, ainda é difícil encontrar profissionais especializados. Para suprir essa mão de obra, temos um programa de formação dentro da empresa. Ensinamos os estagiários e trainees com interesse na área.” – Richard Schwarzer, diretor de pesquisa e desenvolvimento do Grupo Boticário, em São José dos Pinhais, Paraná

Indústria criativa

Cria novos produtos e coloca em prática ideias inovadoras dentro de áreas tradicionais. Trata-se mais de um perfil de profissional do que uma formação específica. A indústria criativa abrange áreas variadas, como computação, publicidade, design, moda ou engenharia.

Profissionais criativos e inovadores são necessários em vários setores econômicos. Segundo a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro, o Brasil está em quinto lugar entre os países que mais produzem atividades criativas. Em 2011, o setor movimentou R$ 110 bilhões. São 243 mil empresas especializadas em criar na arte, na arquitetura, no design, na computação ou na música. Com a nova lei que obriga a TV por assinatura a aumentar a produção nacional no Brasil, as empresas sentem falta de pessoal, como roteiristas. Em todas as áreas, conhecimento técnico é fundamental. Profissionais treinados para usar esse conhecimento de maneiras inovadoras são mais valorizados.

“Muitos jovens chegam para trabalhar com um nível técnico alto, mas sem confiança para sugerir ideias novas, para pensar diferente. Procuramos profissionais nas áreas de engenharia e software que tenham criado algo novo ainda na faculdade. Visitamos feiras para conhecer os alunos e trazê-los para a empresa. Também investimos em bolsas de estudos no exterior e em treinamento dentro da empresa.” – Luiz Eduardo Rubião, presidente da Radix, do Rio de Janeiro, empresa que fornece sistemas de tecnologia da informação para grandes corporações 

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