Como seus alunos usam a tecnologia?
Música, vídeos e jogos sempre fizeram parte do dia a dia de crianças e jovens. E a forma como eles se relacionam com as mídias digitais costuma ser objeto de análise de especialistas de marketing e de publicidade. Se os seus alunos têm entre 8 e 14 anos, com certeza boa parte de seus costumes estará listada na 3ª edição do estudo Digital Kids e Tweens, que todos os anos investiga a relação de crianças e pré-adolescentes com tecnologia, mídia e entretenimento.
A pesquisa foi realizada no início de 2014 pelo site Click Jogos em parceria com o Instituto de Pesquisa Catapani e Associados. As respostas de mais de 700 entrevistados em todo o Brasil levaram a conclusões organizadas em uma visualização rápida, permitindo entender melhor como é a rotina dessa geração. Três especialistas orientaram a parte qualitativa do estudo: uma psicóloga que dirige a Divisão de Creches da USP, o vice-diretor de uma escola e um economista, gerente de projetos da Fundação Lemann.
A maioria das crianças e jovens acessa a internet de casa (98%) e ainda usa prioritariamente o computador (88%), sendo que 84% deles compartilha o equipamento com outras pessoas da família. Os site mais acessados são o Facebook, o YouTube e o Google. Um dado que merece atenção é como os entrevistados dividem seu tempo usando as tecnologias (atividade/média diária):
Jogar – 1 hora e 56 minutos
Trocar mensagens – 1 hora e 40 minutos
Ouvir música – 1 hora e 22 minutos
Ver vídeos – 1 hora e 4 minutos
Estudar – 59 minutos
Trocar mensagens – 1 hora e 40 minutos
Ouvir música – 1 hora e 22 minutos
Ver vídeos – 1 hora e 4 minutos
Estudar – 59 minutos
Veja como esse quadro mudou ao longo do tempo:
Meninas de 13 e 14 anos são as que mais gastam tempo por dia nas redes sociais (3 horas, contra 2 horas dispendidas pelas meninas de 11 e 12). E os meninos de 11 e 12 anos são os que mais se dedicam a jogos (2 horas e 11 minutos diários). Os garotos de 13 e 14 anos jogam, em média, durante 2 horas, quase o mesmo tempo dedicado às redes sociais.
Não é à toa que a atração dos games já não pode mais ser desprezada por quem trabalha com tecnologia educacional e a pesquisa aponta que ainda existe um universo a ser descoberto nos aplicativos para tablet. Se bem utilizados, os jogos educativos contribuem muito para a aprendizagem das crianças, como ressaltou o especialista Lino de Macedo em entrevista à Nova Escola.
“Não há como negar a importância da tecnologia na vida desses jovens. Ser contra isso é fechar os olhos para o que esta por vir”, resume um educador participante das conversas captadas para a Digital Kids e Tweens. Esse cotidiano digital modificou o mundo do jovem, que hoje é dinâmico, móvel e multidispositivo (usa computador, tablet, smartphone…). Em uma idade de buscas constantes, a tecnologia torna tudo mais rápido, aponta uma das conclusões do estudo. A consequência negativa dessa velocidade de informação é uma dose de impaciência e de imediatismo nas atitudes. No cotidiano dessas crianças e adolescentes, uma característica ainda não mudou: a principal referência deles ainda são os amigos. Além de se relacionar por contato real, na escola, na rua, na família, também o contato virtual tomou conta de sua vida, ampliando a rede de conhecidos e as interações.
A pesquisa termina com uma sentença que pode ser vista como ameaça ou oportunidade: “Nativos digitais não se permitem ficar entediados.” Ela pode ser ameaça se o professor tiver receio de se reinventar e de repensar suas aulas em função dos novos comportamentos de crianças e jovens, mas uma oportunidade para quem se dispõem a compreender melhor essas novas tecnologias e utilizá-las a favor do ensino.
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