Futebol é “coisa de menina”?
Pronto! A copa começou… mesmo com todos os prós e contras, este evento mexe com a população brasileira e promove uma comoção nacional. As crianças são as que mais se envolvem no clima do esporte. Chutar a bola, driblar, fazer embaixadinhas, defender no gol… passa a ser a brincadeira predileta tanto de meninos como de meninas. É certo que os meninos costumam ser maioria na prática do jogo, mas muitas garotas já compartilham o desejo e o prazer em jogar futebol. E aí vem a pergunta que não cala nunca: futebol é brincadeira pras meninas?
Houve uma época em que a resposta era não. O senso comum dizia que futebol era jogo pra menino, assim como brincar de boneca e de casinha eram “coisas de menina”. Contudo, esse é um mecanismo social que serve para desenvolver e moldar homens e mulheres a seguirem determinados comportamentos, habilidades e traços de personalidade considerados adequados para cada gênero. O papel de gênero não é estabelecido somente pelo fato de se nascer com um determinado sexo. Ele é construído cumulativamente por meio das experiências ao longo da vida, entre elas as brincadeiras.
Para os homens, estavam destinadas as atividades que contribuíssem para o desenvolvimento de sua masculinidade, que em nossa cultura significa serem reconhecidos como provedores, protetores, competitivos, fortes e viris. O futebol é um excelente “treino” para estimular essas características, enquanto a brincadeira de boneca seria perfeita para o que se espera de uma mulher: que sejam zelosas, meigas, sensíveis, frágeis… Essas atribuições psico-socioculturais, aliadas às atitudes envolvidas em brincadeiras infantis, artísticas e esportivas, acabam modelando como são enxergados os comportamentos masculino e o feminino em cada sociedade.
Brincadeiras e sexualidade
Recebemos aqui no blog um bom exemplo para falar sobre esse assunto. Uma professora nos conta sobre dois meninos que possuem trejeitos femininos, gostam de brincar somente com as meninas, participam das danças e teatros que a escola promove, mas não participam dos esportes ditos masculinos e, por isso, são constantemente perseguidos pelos colegas.
Recebemos aqui no blog um bom exemplo para falar sobre esse assunto. Uma professora nos conta sobre dois meninos que possuem trejeitos femininos, gostam de brincar somente com as meninas, participam das danças e teatros que a escola promove, mas não participam dos esportes ditos masculinos e, por isso, são constantemente perseguidos pelos colegas.
Hoje, a gente sabe que nenhuma brincadeira ou atividade é da natureza dos meninos ou meninas. Ela faz parte da diversão e do desenvolvimento de ambos os sexos, de acordo com a aptidão e a identificação de cada um.
Brincar é fundamental para o desenvolvimento da criança. Por meio da brincadeira, ela treina ações futuras, aprende novos papéis, ensaia os comportamentos esperados para o seu gênero, elaborando as informações que foram transmitidas para ela. E isso pode acontecer, mesmo que essas brincadeiras não sejam exatamente aquelas que se instituiu como adequadas para determinado sexo.
O fato de um garoto preferir a dança ao futebol pode fazer com que ele não desenvolva a competitividade, mas pode fazer com que ele aprenda a lidar com uma garota, além de se tornar um grande parceiro na dança, um namorado atencioso e um homem gentil. A forma como cada um decide se portar como homem ou mulher não é determinante para a orientação sexual. Portanto, não faz sentido associar homossexualidade ou heterossexualidade com obediência aos comportamentos esperados para o gênero.
Como a escola pode lidar com esta situação
No caso que acabo de citar, o professor deve conversar com as crianças para tentar descobrir as razões pelas quais elas se negam a fazer determinadas atividades. O objetivo não é encontrar um jeito de fazer a criança brincar do que não gosta, mas de identificar se há algo por trás dessa rejeição, como não considerar positivo ser daquele gênero.
No caso que acabo de citar, o professor deve conversar com as crianças para tentar descobrir as razões pelas quais elas se negam a fazer determinadas atividades. O objetivo não é encontrar um jeito de fazer a criança brincar do que não gosta, mas de identificar se há algo por trás dessa rejeição, como não considerar positivo ser daquele gênero.
Geralmente, a criança tende a imitar as atividades realizadas tanto pelo pai e pela mãe como pelo professor. Esse comportamento é uma resposta ao processo de identificação pelo qual toda criança passa: no início, imita as pessoas que têm para ela grande valor afetivo. Depois, ao se perceber do sexo feminino ou masculino, ela passa a repetir comportamentos de pessoas do mesmo gênero.
Por meio dessas vivências, a criança incorpora aspectos de seu cotidiano que vão reforçar ou inibir sua identificação com pessoas do mesmo sexo. Nesse processo, é importante que ela veja características positivas no pai e na mãe. E mais: que o progenitor do mesmo sexo que ela seja valorizado pelo sexo oposto. Portanto, os comentários depreciativos sobre qualquer um – homem ou mulher – devem ser evitados por parte dos adultos e mesmo por outras crianças.
Uma boa forma de encaminhar essa questão é estimular o processo de identificação para que se aceite o próprio sexo, desenvolvendo trabalhos de valorização dos papéis masculino e feminino. Uma sugestão é elaborar atividades em que todas as crianças falem sobre os aspectos positivos de ser menino ou menina, buscando exemplos ilustrativos (recortes de revistas ou fotografias) de homens e mulheres que eles admiram.
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