As novas gerações de professores e as brincadeiras tradicionais
Brincar é a linguagem da criança e a escola de Educação Infantil é o lugar onde as brincadeiras são aprendidas e têm um momento reservado para acontecer todos os dias. Mas o que acontece quando os professores não sabem brincar?
Nos últimos anos, tenho notado que as brincadeiras tradicionais, como corre cutia, elefantinho colorido, queimada, pula-elástico e até pular corda, não fizeram parte da infância dos professores mais novos. Por isso, eles acabam ficando excluídos desse momento da rotina dos alunos simplesmente porque não sabem como brincar.
Antes de essa geração chegar à escola, essas brincadeiras faziam parte dos planejamentos e nós, coordenadores, precisávamos apenas discutir com os professores a adequação delas ao espaço e à faixa etária de cada turma e a melhor maneira de encaminhar a atividade para assegurar a participação de cerca de 25 ou 30 crianças. Só tínhamos de aprender as regras de outras quando vinham profissionais de outras regiões do país que traziam brincadeiras de suas terras natais, como parede mágica e a raposa e os pintinhos (clique aqui para ver como brinca).
O que eu fiz na escola para reverter essa situação?Outro ponto que eu observei foi que, de uns anos para cá, pelo menos nas grandes cidades, se tornou incomum ter um quintal em casa e ficou perigoso brincar nas ruas, ocupadas pelos carros. Isso, entre outros fatores, fez com que as crianças passassem muito mais tempo na frente da televisão e deixassem de aprender brincadeiras com irmãos, primos e vizinhos.
Durante um tempo, os professores mais experientes tentaram explicar para os novatos como eram as brincadeiras e ensinaram as músicas ou parlendas dos jogos. Na prática, no entanto, eu não via nenhuma das brincadeiras acontecer. Inclusive, percebi que algumas turmas só sabiam brincar nos brinquedos do parque ou ficar correndo de um lado para o outro.
Nessa hora, eu tive que intervir. Para isso, organizei uma formação para que os professores vivenciassem as brincadeiras. Ler e discutir com a equipe docente como se brinca não seria uma boa alternativa nesse caso!
O caminho foi criar oficinas. Combino com os professores que venham para a formação vestidos com roupas confortáveis. Convido também os estagiários da escola para aumentar o número de participantes e dar a chance a eles de aprender. Já aconteceu de apenas quatro professores comparecerem. Nesse caso, chamei a turma de 5 anos para brincar junto.
O resultado foi uma revolução, já que os professores passaram a se divertir vivenciando os jogos e brincadeiras e passaram a assegurar nas rotinas o aprendizado e também a diversão das crianças.
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