Eleições: o que discutir com os alunos?
Muito se fala que a escola deve formar cidadãos e, portanto, nada mais natural que as eleições sejam abordadas na sala de aula. Claro que esse não é o único momento em que exercemos a cidadania, mas é sem dúvida um momento-chave para a vida política e que deve ser discutido e analisado nas turmas de EJA.
Esse é um trabalho delicado de ser feito. Por um lado, é preciso informar e discutir certos aspectos do mundo da política; por outro, não pode ser um trabalho doutrinário em que o professor imponha aos alunos suas opiniões e, o que é pior, seus candidatos. Não se pode fazer campanha eleitoral na escola!
Um trabalho difícil, mas possível e necessário. Muitos alunos sentem-se excluídos do processo eleitoral porque não entendem como ele funciona e acabam não exercendo plenamente seu direito de eleitor.
A seguir, elenco sugestões de assuntos que podem ser discutidos em sala sem entrar no mérito dos candidatos e podem ser esclarecedores para os estudantes da EJA:
Atribuições de cada cargo: Neste ano, teremos eleições para presidente da república, governador de estado, senador, deputado federal e deputado estadual. Muitas pessoas têm dúvidas sobre qual o papel de cada um desses cargos no funcionamento da vida pública. Um tópico interessante para abordar com os alunos é esclarecer quem faz o quê. A seção de “Perguntas Frequentes” da Cartilha do Eleitor Consciente, do Tribunal Superior Eleitoral, traz essas informações.
Divisão de poderes: Relacionado ao tópico anterior, mas além dele, temos a organização em três poderes (executivo, legislativo e judiciário) e as suas diferentes esferas (municipal, estadual e federal). Conhecer as responsabilidades de cada um, bem como suas limitações, é interessante, por exemplo, para que os alunos julguem se as promessas feitas pelos candidatos em campanha estão de fato dentro das possibilidades de cada cargo em questão. (Veja um plano de aula sobre o assunto aqui)
Voto proporcional: Nas eleições para cargos legislativos, como para deputados estaduais e federais, o sistema de votação é proporcional. Como o próprio nome diz, a contagem não é direta (como acontece para presidente da república) e exige um cálculo. Além disso, para compreender o sistema, é preciso entender o que é partido e coligação. Na minha experiência, são raros os alunos que conhecem esse tipo de votação. Por isso, eles sempre se surpreendem com a estratégia dos “puxadores de voto” (certos candidatos-celebridade capazes de angariar muitos eleitores e favorecer enormemente sua coligação). Dois casos interessantes para estudar as distorções que o sistema de voto proporcional pode provocar são o da eleição de Enéas Carneiro em 2006 ou do palhaço Tiririca em 2010.
Financiamento de campanha:
Quem paga os cartazes, panfletos e comícios que pipocam em todos os lugares do Brasil nessa época? Entender melhor o sistema de financiamento de campanhas eleitorais pode ajudar os alunos a compreenderem o funcionamento de esquemas de favorecimento e corrupção. Ojulgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o assunto pode ser um bom começo para essa discussão, assim como um texto de Gilberto Maringoni, escrito em 2012 sobre as eleições municipais em São Paulo.
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