É tempo de organizar o que vem pela frente
O segundo semestre letivo é considerado por nós, educadores, e também pelos alunos, como a reta final. Período em que temos a sensação de que o tempo passa ainda mais rápido em relação a todas as questões ainda por serem resolvidas. Sentir certa ansiedade é quase inevitável. Portanto, planejar é preciso.
Pensar em planejamento nos remete a outra necessidade: administrar o tempo que nos resta para a conclusão dos trabalhos do ano letivo. Em outras palavras, diferenciar o que éurgente do que é importante. Nem sempre conseguimos isso. Principalmente na escola, onde todas as demandas parecem ser urgentes. Corremos o tempo todo na tentativa de resolver as urgências do dia a dia – que nem sempre incidem sobre o que de fato é importante. Eleger a pauta importante não é descartar a urgente, principalmente quando uma está atrelada à outra. Mas, sim, ter clareza e consciência dos objetivos que foram traçados e que se deseja alcançar.
Embora cada escola elabore seu planejamento, o objetivo final comum a todas as instituições de ensino é o êxito do aluno. Durante o primeiro semestre, muitos foram os meios utilizados para se atingir o fim planejado. Agora é hora de avaliar o que atendeu aos objetivos e o que necessita de mudança. Claro que esse olhar avaliativo é processual e acompanha nosso trabalho sistematicamente. Entretanto, não estou me referindo aos ajustes pedagógicos e metodológicos necessários e permanentes. Refiro-me ao trabalho focado para o que há de mais importante para a conclusão do ano letivo: a construção do conhecimento e o desenvolvimento do aluno.
Assim, é o momento de centrar todos os esforços e energias para provocar a necessidade do conhecimento – caso ainda haja dúvida quanto a isso. Nesse sentido, de posse dos resultados do primeiro semestre, o próximo passo é, em conjunto com a equipe docente, compreender os diferentes motivos que contribuem para que muitos dos alunos cheguem ao segundo semestre já pendurados em baixos resultados. Parece óbvio, mas não é, pelo simples fato de que esse momento de buscar explicações para os resultados atingidos se encerra com respostas repetidas e simplistas, delegando exclusivamente para o aluno a responsabilidade dos resultados alcançados.
Pulemos a parte das falas que apontam como motivos do baixo desempenho a falta de atenção, de responsabilidade, de envolvimento da família… Já sabemos que há uma parcela de alunos que apresentam postura inadequada e negligente quanto aos estudos. Aliás, uma parcela muito significativa. Não discordamos de que realmente sejam motivos quecontribuem para o pouco aproveitamento dos alunos. Contribuem, mas não determinamos resultados. Agora é partir para o ataque. O discurso da lamentação paralisa e imobiliza. E o que precisamos é de ação.
Quais são as reais dificuldades? Leitura e interpretação deficientes? Cálculos matemáticos? Escrita comprometida? Desorganização textual? São essas as urgências importantes. É hora de assumir pra si a responsabilidade de mudar o cenário e fazer o que ainda não foi feito. Na maioria das vezes, as dificuldades que os alunos apresentam estão mais ligadas às lacunas pedagógicas que vão surgindo ao longo da vida escolar, do que propriamente ao conteúdo atual. A organização de grupos de estudos complementares –particularmente, eu não gosto e não uso o termo reforço escolar – é um bom começo de semestre. O trabalho com oficinas permite o retorno às raízes das dificuldades, com um tom mais criativo e mais envolvente, além de ser uma ótima oportunidade de interação entre pares, de exercício pleno do respeito mútuo e das regras de convivência.
Entendo que o sentido de oficina é o de mestre e aprendizes trabalhando e produzindo juntos. Oficinas de leitura, de escrita, de Matemática, entre outros, também são boas opções, organizando pequenos grupos, em horários alternados aos das aulas, para um trabalho diferenciado voltado para as especificidades de cada um, com duração de 90 minutos, duas a três vezes por semana.
Dessa forma, planejar o segundo semestre é priorizar o trabalho com o conhecimento. Assim, é importante lembrar que as datas festivas e eventos surpresas não podem subtrair do aluno nem o tempo nem a presença dos professores que, muitas vezes, são convidados a assumirem a organização de projetos caídos de paraquedas na escola. Isso não significa que festas, eventos e projetos devam ser descartados mas, sim, planejados também.
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