Formação de professores – O que priorizar no planejamento?
Trabalhar em Educação é um privilégio. Mesmo! Adoro esse começo de ano letivo, momento de reinício, novos alunos, novos professores e, é claro, novos olhares. Não sei se por conta das experiências vividas, se porque estudamos mais, aprendemos com os bons professores ou com as respostas das crianças – talvez um pouco de tudo isso –, mas nosso olhar fica mais exigente a cada ano e, em todas as turmas, queremos que os encaminhamentos sejam coerentes com a concepção de aprendizagem e de criança que temos.
Entretanto, a realidade não é assim. Somente por meio da formação e da reflexão sobre a prática é que poderemos qualificar os fazeres pedagógicos. Alguns conteúdos precisam ser foco das formações, pois passamos a achar que é imprescindível que aconteçam em todas as turmas. Como, então, elencar quais são fundamentais?
Na condição de coordenador(a), o grande trunfo que temos é poder acompanhar os encaminhamentos de cada professor. Encontramos ótimos trabalhos, mas também atuações que deixam muito a desejar. Em uma escala de prioridades, muito particular, estabeleci alguns conteúdos essenciais:
- Gestão da sala de aula: saber encaminhar as atividades, envolvendo todos os alunos, com propostas bacanas; as crianças a par do que farão; sem tempo de espera e sem regras tolas, como não poder conversar ou sair do lugar; e saber fazer as mudanças na rotina, intercalando momentos de maior concentração com momentos mais descontraídos.
- Relacionamento e liderança junto às crianças: o professor precisa conhecer cada aluno, saber como lidar com conflitos, desafios e dificuldades que um grupo naturalmente gera.
- Conhecimento dos saberes das crianças e dos conteúdos de aprendizagem:saber como se aprende e que tipo de atividade é estruturante para abordar cada conteúdo .
Dentro desses três grupos de conteúdos, existem inúmeros aspectos. Em uma escola em que estou fazendo assessoria, por exemplo, ficou visível que muitas tarefas podem ser aperfeiçoadas. Mas, seguindo a premissa básica de um projeto de formação: “é preciso escolher um aspecto de cada vez”, minha decisão foi eliminar o tempo de espera das crianças.
Observando a rotina nas diferentes turmas, fiquei impressionada como as crianças passam muito tempo esperando. Esperam todos chegar para começar uma atividade, depois esperam todos terminar para fazer outra, fazem fila e andam em fila, como se isso existisse! Até no refeitório, elas precisam esperar todas as turmas chegarem para serem servidos; só podem ir para o pátio brincar quando todos da turma terminam o lanche e, no fim do período, precisam ficar sentadinhas com suas mochilas esperando os pais – algumas crianças chegam a ficar 30 minutos sentadas esperando e sem fazer nada. Se nós, adultos, já achamos muito chato ficar esperando, imagine querer que crianças de 2 a 5 anos o façam?
Sei que precisarei ser muito cuidadosa para trazer esse assunto à tona, pois certamente os professores acreditam que tudo isso é necessário para organizar o trabalho e, principalmente, para controlar as crianças. Então, minha intenção é reverter a situação: introduzir o momento de atividades diversificadas tanto na entrada como na saída das crianças; refletir sobre a necessidade da fila, quando e como ela acontece na vida real; discutir com o grupo a questão da autonomia das crianças; e, paulatinamente, estabelecer uma rotina mais dinâmica em que o trabalho acontece o tempo todo sem precisar que o grupo inteiro o faça ao mesmo tempo.
Agora que já identifiquei o maior problema e visualizo como deve ser na prática do dia a dia da escola, vou me dedicar a planejar como tornar tudo isso observável para os professores, tematizar os melhores encaminhamentos de dentro da própria escola e elaborar com o grupo de professores uma reorganização da rotina e do papel do professor e da criança. Ufa!
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