sexta-feira, 28 de março de 2014

A inspiração para inscrever meu trabalho no Prêmio Victor Civita Educador Nota 10

Felipe e seus alunos da EJA no ano em que decidiu se inscrever no prêmio (Foto: Gustavo Lourenção)
Felipe e seus alunos da EJA no ano em que decidiu se inscrever no prêmio (Foto: Gustavo Lourenção)
Em 2012, tive a felicidade de ser um dos onze escolhidos para receber o Prêmio Victor Civita Educador Nota 10. Além do grande reconhecimento profissional, tive a oportunidade de conhecer professores excelentes e, desde então, várias portas se abriram para mim.
novo regulamento do prêmio para este ano já foi divulgado (clique aqui para ler) e as inscrições começam em breve. Por isso, resolvi compartilhar com vocês como foi o meu percurso. Quem sabe isso não anima outros professores a se inscreverem?
Já conhecia o Prêmio Victor Civita por meio da revista NOVA ESCOLA e das festas de premiação, televisionadas pela TV Cultura, mas nunca tinha visto um professor da EJA estar entre os ganhadores. Penso que isso me levou a concluir de maneira errada que o prêmio não permitia a participação de professores dessa modalidade de ensino, desistindo de ler com atenção o regulamento.
Porém, em 2011, conheci o trabalho da professora Flávia Pereira Lima, de Goiânia. Junto com os alunos do 5o ano, ela refez o percurso de Carlos Chagas, realizado entre 1907 e 1910, para investigar a misteriosa doença, que passou a ser conhecida pelo seu nome.
(Aliás, Carlos Chagas é considerado um dos maiores cientistas que o Brasil já teve. Até hoje, ele é o único cientista da história a descrever completamente uma doença infecciosa: o agente causador, o agente transmissor, os hospedeiros naturais, as manifestações clínicas e a epidemiologia. Ainda assim, é pouquíssimo conhecido entre nós. Excelente escolha a da Flávia!)
A professora apresentou à turma o problema levantado por Carlos Chagas e algumas evidências coletadas por ele na época. De posse dos dados, os alunos tiveram que levantar hipóteses. Depois, elas foram confrontadas com novos dados trazidos pela professora. Tudo foi registrado com detalhes pelos alunos, que, ao final, puderam montar uma versão simplificada do mesmo quebra-cabeça que Chagas montou há mais de cem anos. Vivenciando procedimentos de uma investigação científica, os alunos sem dúvida entenderam melhor como a ciência é construída.
Ao ler o trabalho da Flávia, pensei: “Puxa vida, faço com meus alunos uma atividade muito parecida!”.
Conto para vocês como era meu projeto. Usando um exemplo da História da Ciência, montei uma atividade em que os alunos investigavam e formulavam hipóteses sobre um problema à medida que eu, aos poucos, fornecia mais dados. Havia, é claro, muitas diferenças: meu projeto propôs um estudo sobre a varíola e o foco era a análise de textos. Porém, a estrutura e os objetivos do trabalho da Flávia e do meu eram muito semelhantes.
Isso me fez pensar em inscrever um trabalho no prêmio. Porém, apresentar algo muito parecido com o que o trabalho premiado no ano anterior não seria interessante…  Pareceria uma cópia!
Será que, entre todas as atividades que conduzia com meus alunos, alguma mereceria ser enviada?  Qual delas atingia objetivos tão importantes como os da Flávia, mas com uma temática diferente?  Essas eram algumas das minhas dúvidas na época.
Pronto: estava lançada a faísca que me faria ler o regulamento e descobrir que, sim, os professores da EJA podem se inscrever!

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