quinta-feira, 30 de outubro de 2014

O Batuque do Samba Pede Passagem


Esse ritmo tão brasileiro ajuda a conhecer instrumentos musicais e as qualidades do som

Ao escutar um samba, é comum ver as pessoas batendo palmas ou os pés para acompanhar a marcação. Esse ritmo que conduz o movimento é o pulso (ou pulsação), constante e coordenado, que dá a base para a música. Com o objetivo de despertar os ouvidos dos alunos do 5º ano para ele e ampliar seus saberes sobre as qualidades do som, Tatiana Prado Massura Delfino, professora de Arte da EMEB Professor Nelson Neves de Souza, em Mogi Mirim, a 160 quilômetros da capital paulista, usou o samba em um trabalho que envolveu a escuta atenta, a exploração de instrumentos e a produção musical.

Para começar, ela perguntou quem sabia o que era samba. Muitos diziam conhecê-lo, mas não sabiam diferenciar os tipos e faziam confusão com o pagode. Tatiana fez um breve histórico do ritmo e, em seguida, tocou o samba de roda 
Pelo Telefone, de Ernesto Joaquim Maria dos Santos (1890-1974), e Exaltação à Mangueira, samba-enredo de Aluísio Dias (1911-1991) e Enéas Brittes (em gravação do Monobloco). A docente pediu que os estudantes prestassem atenção no ritmo e também nos instrumentos usados. "Já havia trabalhado com músicas que tinham a marcação em três e quatro tempos. Queria levá-los a observar que o samba é diferente, em dois", explica Tatiana.

Eles constataram que Pelo Telefone era mais lento do que Exaltação à Mangueira e parecia ser executado com menos instrumentos. "Mostrei uma estética musical mais antiga, em que a forma de cantar, produzir e gravar era bem diferente." Ela conta que os conceitos musicais - como ritmo, timbre, grave e agudo, forte e fraco - e as informações sobre o gênero foram trabalhados durante a fruição. "Ter como base a apreciação para ensinar a teoria é importante, pois da escuta e do fazer musical surgem questões e a busca pelas respostas", afirma Tiago Madalozzo, professor de Musicalização Infantil e Piano, da Alecrim Dourado Formação Musical.

Tatiana colocou para tocar, ainda, um samba-rock e um pagode, para que a garotada pudesse observar as diferenças entre os estilos em termos instrumentais. Ela não trabalhou a letra das canções, pois queria que todos se concentrassem na parte instrumental. "Conseguir identificar as variantes rítmicas requer uma atenção maior, mais sensível. Estudar as letras antes poderia desviar a atenção da turma", diz Madalozzo.




Nenhum comentário:

Postar um comentário