Se a aprendizagem pode ser qualificada, as situações didáticas devem mudar!
Uma das coisas bacanas em Educação é que estamos o tempo todo estudando, revendo e reestruturando nossos saberes. Quando estudamos, tematizamos e refletimos coletivamente sobre nossa prática. Assim, podemos deixar de fazer algumas coisas e incorporar outras, respaldadas nas concepções teóricas e pesquisas da área.
Nas formações sempre acontecem as discussões mais calorosas em relação às práticas e encaminhamentos das situações didáticas. Nada como uma boa reflexão com pessoas comprometidas com seu fazer pedagógico! Sempre costumo deixar claro para os professores que adoro mudar de opinião, desde que haja bons argumentos para essa mudança. Não existe razão para um coordenador pedagógico insistir em querer que algo seja perpetuado se isso não faz mais sentido.
Um exemplo de mudança
Uma das mudanças que fizemos na escola foi na avaliação dos projetos de Natureza e Sociedade do grupo de 5 anos. No primeiro semestre, como parte do projeto “Caminhos do Rio”, as crianças pesquisavam sobre a importância da água, as características do rio Paraíba e o seu percurso pelas cidades do Vale do Paraíba. O projeto era bem bacana, mas as professoras achavam que era muito conteúdo a ser trabalhado nos primeiros seis meses. Nessa época, ainda entram muitas crianças novas, há muitas trocas de período, inúmeras demandas de início de ano, inclusive de adaptação à escola e às atividades de rotina.
Depois de muitas reflexões coletivas, achamos que seria melhor deixar apenas um projeto sobre animais no segundo semestre que atenderiam aos objetivos de Natureza e Sociedade e tiramos o “Caminhos do Rio” do planejamento do primeiro semestre. Alguns conteúdos desse eixo seriam abordados em atividades ocasionais e o foco maior seria nos eixos de Movimento, Leitura e Identidade e Autonomia. Foi uma boa mudança, pois os argumentos eram em função das aprendizagens das crianças.
O que fazer quando os argumentos não se sustentam?
Uma professora novata na Educação Infantil, mas bem experiente com os anos finais do Ensino Fundamental, assumiu uma turma de 4 anos. Logo que chegou à escola, nos contou que investiu na compra de vários DVDs de filmes da Disney. Ela disse que sabia que as crianças gostavam muito e queria programar duas sessões de cinema semanalmente.
Pedi que ela aguardasse o planejamento dos diferentes eixos e a elaboração do quadro de rotina semanal. Enquanto isso, orientei que utilizasse o mesmo planejamento de suas colegas de nível.
Quando ela participou da elaboração dos planejamentos, ainda tentou encaixar os DVDs, mas logo viu que os objetivos e os conteúdos do que estava sendo programado não contemplavam esse tipo de filme.
Para esclarecer as dúvidas dessa professora, agendei um momento de atendimento individual para conversarmos sobre o papel da escola na Educação Infantil. Trocarmos ideias sobre os conteúdos de aprendizagem das diferentes turmas e o quanto essas crianças, que moram em casas pequenas, sem quintal e em avenidas muito movimentadas, passavam o período contrário à escola em frente da TV. Mostrei-lhe nosso acervo de literatura e o trabalho que fazíamos com os clássicos e falei também sobre a importância de assegurar a hora da história, o reconto e o faz de conta diariamente.
Bem, como é uma professora bem comprometida, hoje ela ri da situação e está compreendendo cada vez mais quantos projetos e sequência bacanas podemos fazer com os pequenos para atender às suas demandas de aprendizagem. Na verdade, temos que eleger apenas alguns já que não há tempo para realizar todos. Atualmente, ela sempre brinca: “Querer fazer só porque as crianças gostam não vale, não é Leninha?”.
Fazer escolhas, eleger conteúdos de aprendizagem mais significativos, definir projetos e sequências considerando o real papel da escola é responsabilidade de toda a equipe. No entanto, cabe ao coordenador mediar essa reflexão. Por isso, estudar e se atualizar sempre é nosso dever, vocês não acham?
Um abraço, Leninha
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