quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Brinquedos da época dos avós

Estudá-los leva a turma a comparar diferentes momentos históricos com base em seu universo


Queridos pela garotada desde sempre, os brinquedos refletem o modo de vida da época em que foram produzidos e podem ajudar a entender o passado. "Essa abordagem está relacionada ao conceito de empatia histórica, que valoriza o universo simbólico da criançada e o compara com experiências de tempos anteriores", diz Maria Auxiliadora Schmidt, professora de Metodologia e Prática de Ensino de História na Universidade Federal do Paraná (UFPR). Pensando nisso, Isaura Gorete De Carli, da EM Chapeuzinho Vermelho, em Terra Nova do Norte, a 650 quilômetros de Cuiabá, propôs às suas turmas do 3º e 4º ano um trabalho sobre o tema.

Ela iniciou a sequência com uma roda de conversa. "As crianças não conheciam a origem dos brinquedos nem sabiam relacioná-los ao contexto em que foram produzidos", conta. A professora dividiu a turma em grupos para uma leitura a respeito do assunto. Em seguida, houve uma discussão coletiva. O livro A História do Brinquedo - Para as Crianças Conhecerem e os Adultos se Lembrarem (Cristina Von, 242 págs., Ed. Alegro, tel. 0800-026-5340, edição esgotada) pode ajudar a aproximar a garotada desse universo.

Depois dessa atividade, ela levou a turma ao laboratório de informática para uma pesquisa. Vale indicar sites de acervos, como o do Museu dos Brinquedos, em Belo Horizonte, do Museu Histórico Nacional, do Museu do Brinquedo de Sintra e páginas destinadas ao público infantil.
Nessa etapa, os estudantes descobriram os antigos carrinhos de carretel, as bonecas artesanais e o pião. Os dados foram anotados num caderno de campo, que todos mantiveram durante o trabalho. Em seguida, eles apresentaram suas descobertas para o restante do grupo. A professora questionou: "Quais foram os primeiros brinquedos?" e "Do que eram fabricados?". "De ferro", respondeu um. "De plástico", disse outro. Isaura explicou que, antigamente, a maioria era feita em casa com pano, madeira ou espiga de milho. Isso despertou a curiosidade de todos. Isaura pediu que eles elaborassem um levantamento sobre os brinquedos que os avós tinham quando pequenos. Coletivamente, listaram perguntas como: "Qual era o seu brinquedo preferido?" e "Você costumava brincar muito?". 

Na aula seguinte, as respostas foram socializadas. Gabriel Torres Zenaro, 9 anos, comentou que sua avó confeccionava bonecas de milho. Isaura convidou alguns idosos para falar sobre as diversões de sua infância para a garotada. Nair e Libório Renz, ambos de 66 anos, trouxeram os brinquedos de que gostavam, fabricados por eles mesmos. Nair apresentou bonecas de pano e milho e Libório um carrinho de carretel e uma peteca. Os alunos tomaram notas e, em seguida, produziram um relatório. A professora aproveitou essa etapa para pontuar as diferenças e semelhanças entre brinquedos e formas de brincar no passado e no presente. 

Após a visita do casal, Isaura discutiu com os estudantes as mudanças na produção dos brinquedos ao longo do tempo. Comentou que a produção artesanal perdeu espaço a partir da Revolução Industrial, que ocorreu no século 18, e que cada época teve seus brinquedos (minilocomotivas faziam a cabeça da criançada nesse período; já naves espaciais eram populares na década de 1960, por causa da corrida espacial).

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