quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Vamos inovar e desenhar no espaço





Lance o desafio. Os ambientes vão ficar pequenos para tantas obras que serão criadas


Papel, lápis e giz de cera são presença certa na pré-escola: costumam ser usados em atividades de desenho, importante estímulo ao desenvolvimento da motricidade, além de incentivo à expressividade e à observação de mundo. Mas a atividade pode extrapolar o suporte do papel e fugir do grafite e dos pincéis. Que tal fazer traçados no ar? A ideia parece impossível, porém é mais simples do que se imagina. "O desenho é o registro do percurso de uma linha no espaço", diz a artista plástica Edith Derdyk. 

Com essa definição em mente, Flávia Kioko, da EMEI Antônio Gonçalves Dias, em São Paulo, propôs à turma de 5 anos usar o espaço para desenhar. As crianças ficaram curiosas e inicialmente incrédulas com a ideia. Mas, assim que receberam pedaços de linha de tapeçaria vermelha, de cerca de 80 centímetros, começaram a achá-la divertida. A sugestão foi que pegassem as linhas e fizessem e desfizessem desenhos quantas vezes e onde quisessem. "Inicialmente elas exploraram o chão e a carteira tentando reproduzir a experiência do papel e criando obras mais figurativas", conta a docente. Surgiram sóis, cobras, corações, carrinhos e bonecos comuns, mas também aviões que planavam, seguros pela mão de uma das crianças, representados por uma linha reta.

A artista visual e arte-educadora Sheila Ortega diz que o trabalho de Flávia tem relação direta com a arte contemporânea, que foca o processo e não estritamente um resultado final. "A proposta é uma investigação mais livre, que possibilita desestruturar o desenho tido como correto e capturar o mundo genuinamente no gesto infantil." Nesse período do desenvolvimento das crianças, a criatividade, a curiosidade e as descobertas estão latentes e devem ser favorecidas. 

Os pequenos logo notaram que as produções poderiam se tornar brincadeiras e investiram no faz de conta. Começaram a se ajudar e mostrar as obras para os colegas. Flávia lembra que houve quem demorasse um pouco para se esmerar nas experimentações. "Alguns me procuravam expondo dificuldades. Eu sempre incentivava dando sugestões e aprovando as tentativas." Essa postura é importante para romper com a ideia de desenho correto e ampliar o repertório das crianças, para quem a experiência vivida deve ser mais importante do que o produto final.

https://www.youtube.com/watch?v=J3s9X4NV4cs


Nenhum comentário:

Postar um comentário