quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Lugar de bebê é fora do berço

Crianças até 1 ano podem ter uma rotina permeada de explorações e descobertas





Que atividades realizar com pequenos até 1 ano, que geralmente não falam nem andam? Antes de assumir uma turma de berçário, Marlene Steffens, do CEI Miosótis, em Joinville, a 176 quilômetros de Florianópolis, costumava ouvir questionamentos como esse. O que a princípio parece um empecilho, no entanto, é um foco de oportunidades. "Uma das especificidades dessas crianças é que estão em um momento de aquisição de linguagem, locomoção, comunicação e conhecimento sobre o corpo. Por isso, todo estímulo é necessário", diz Maria Teresa Venceslau de Carvalho, coautora do livro Interações: Ser Professor de Bebês - Cuidar, Educar e Brincar, uma Única Ação (Cisele Ortiz, 221 págs., Ed. Blucher, 11/3078-5366, 53 reais). 

O biólogo suíço Jean Piaget (1896-1980) descreve essa fase do desenvolvimento infantil como sensório-motora, em que conhecemos o mundo por meio dos sentidos. Propiciar o contato com elementos visuais, sonoros, olfativos e táteis auxilia no aumento e no aperfeiçoamento desse repertório. Por acreditar na importância da experimentação, Marlene elaborou um planejamento anual voltado à exploração de diferentes materiais e espaços dentro e fora da classe. 

Uma iniciativa foi transformar os momentos de cuidados diários em possibilidades de aprendizagem. A educadora começou pela hora da higiene, alternando alguns tipos de banho - de imersão, ducha e com objetos -, para proporcionar prazer e sensações diferentes às crianças.

Em outra proposta, o berçário foi transformado em um spa, com ofurôs, velas e óleos aromáticos para perfumar o ambiente e música relaxante. Cada bebê foi colocado dentro de um balde com água aquecida a 37 graus Celsius e pétalas de rosas. A professora alerta para a importância de regular a quantidade de água, que deve ficar abaixo do pescoço da criança quando ela estiver imersa. Para favorecer a interação entre os bebês, os baldes foram colocados perto uns dos outros. Ela também os aproximou do espelho fixado na parede para auxiliá-los na descoberta do próprio corpo, ampliando a consciência de si mesmo. 

A logística para dar conta de tudo isso não foi fácil. "Lidar com crianças tão pequenas demanda uma organização muito precisa para que elas não fiquem desassistidas", afirma Clélia Cortez, formadora do Instituto Avisa lá. Marlene conta com a ajuda de duas auxiliares. Como só tinham quatro baldes, ela coordenava os banhos enquanto uma cuidava dos demais bebês e a outra mudava a água e higienizava tudo para que as próximas crianças pudessem entrar nos ofurôs.






Nenhum comentário:

Postar um comentário